Suicídio representa 1,4% de todas as mortes no mundo
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2012 e 2015, foram registrados 55.649 óbitos por suicídio no Brasil. No entanto, apesar de representar 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, o assunto ainda é tratado como um tabu e pouco discutido. Por isso, desde 2015, o mês de setembro se tornou o mês mundial de prevenção do suicídio.
A psicóloga e co-autora do livro “Psicodrama e Psicologia analítica: construindo pontes”, Maria Virginia Souza Alves explica que o Setembro Amarelo é uma iniciativa que tem como objetivo trazer mais informações para a sociedade sobre como ajudar as pessoas que estão psicologicamente fragilizadas.
“O Setembro Amarelo é uma iniciativa que visa ampliar a discussão e trazer mais informação à sociedade sobre os sinais que podem ser percebidos pela família, amigos e profissionais da atenção básica à saúde. Para que as medidas de apoio e encaminhamento para tratamento possam ser adotadas a tempo de prevenir o suicídio”, explica.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos com o maior risco de suicídio são a depressão, o transtorno de personalidade (antissocial e Borderline com traços de impulsividade, agressividade e frequentes alterações do humor), alcoolismo e/ou abuso de substância em adolescentes e a esquizofrenia.
PERCEPÇÃO
Segundo a psicóloga Virginia Souza, algumas atitudes podem servir como alerta para que as pessoas próximas ajudem o indivíduo a superar esta situação, antes mesmo que ela se agrave.
“A própria diminuição do diálogo e da interação social pode indicar que a pessoa está vivendo algum conflito e que precisa de suporte para enfrentar a situação. Além desse isolamento, outros sinais que podem ser percebidos pela família e amigos como as mudanças repentinas de humor; tristeza, cansaço e irritabilidade mais frequentes; a perda do interesse por atividades que costumava fazer; alterações no padrão de sono; mudanças no padrão alimentar; ou até mesmo a automutilação, que muitas vezes é acompanhada pela mudança no tipo de vestimenta para que as marcas da automutilação sejam escondidas”, alerta.
TRATAMENTOS
Infelizmente, os cuidados com a saúde mental ainda são encarados, por muitas pessoas, com preconceito. E, apesar da OMS afirmar que 90% dos casos de suicídios poderiam ser evitados com ajuda psicológica, isso se tornou um caso de saúde pública e fez o Ministério da Saúde lançar, em 2006, uma portaria instituindo Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio.
“Se alguém tem um desconforto ou sintoma físico logo procura tratamento, mas isso não acontece com a mesma frequência nos sintomas emocionais. É extremamente importante procurar ajuda profissional aos primeiros sinais de distúrbio porque a probabilidade de agravamento dos sintomas diminui consideravelmente. E em estágios mais avançados o acompanhamento costuma ter bons resultados na remissão dos sintomas”, comenta a psicóloga.
CVV
Há 11 anos em Sergipe, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço voluntário de prevenção do suicídio e de apoio emocional. Através do telefone 188, chat, e-mail ou até mesmo de forma presencial, os voluntários treinados do centro atendem as pessoas de forma gratuita e sigilosa.
O voluntário do Centro de Valorização da Vida, Acelmar Reis conta que eles atendem todos os tipos de casos, desde a solidão, depressão, até as alegrias.
“Pessoas alegres também ligam para o CVV para poder compartilhar a felicidade que estão sentindo naquele momento e não têm alguém por perto para poder compartilhar”, comenta.
Como os atendimentos são completamente sigilosos, Acelmar não pode comentar nenhum caso específico, mas lembra com carinho da atitude de uma pessoa que foi atendida pelo Centro de Valorização da Vida e conseguiu superar sua dor.
“Por serem os atendimentos sigilosos, não podemos comentar nenhum caso específico. Porém, há uns cinco anos atrás, uma pessoa que precisou do atendimento do CVV enviou uma carta pelos Correios para todos os Postos do Brasil. Dentro desse envelope havia um bilhete de agradecimento aos voluntários de todos os postos do Brasil, pois foi o único lugar onde ela encontrou acolhimento sem ser julgada ou direcionada. No mesmo envelope, havia uma pétala de rosa que ela estava oferecendo a todos os voluntários como forma de gratidão”, lembra.