Com risco de perder a perna esmagada por um ônibus, Josenaldo é mais um entre centenas que esperam dinheiro do Grupo Bomfim

Em dezembro de 2004, Josenaldo Cordeiro dos Santos, 43 anos, retornava para sua residência como qualquer cidadão, após mais uma jornada de trabalho, quando viu sua vida ser estragada por uma fatalidade: teve a perna esmagada por um ônibus do sistema de transporte coletivo de Aracaju. Qualquer um há de imaginar: “ele deve ter recebido pelo menos uma boa indenização da empresa”. Mas ledo engano.

Para infelicidade deste cidadão, a empresa em questão foi a extinta Viação São Pedro, do falido grupo Bomfim. E, até hoje, Josenaldo espera receber uma indenização que, com correções, extrapola a casa de meio milhão. Ele espera esse dinheiro não para “mudar de vida”, “curtir”, mas para tentar salvar a perna que está praticamente podre.

“A minha vida foi sempre trabalhar. Sou pedreiro”, afirma Josenaldo, que agora, aposentado, não pode mais exercer sua profissão devido ao problema na perna. Ele relata como tudo aconteceu, como sua vida foi interrompida e a luta para receber o dinheiro que é seu por direito.

AJUDA ZERO
“Desci no Terminal do DIA e peguei a linha Santa Maria/ Prainha, que estava cheia. Quando peguei no corrimão para subir, a porta fechou na minha perna direita, fiquei enganchado, o meu corpo ficou do lado de fora e, dentro desse período, o ônibus saiu arrastando. Bati a cabeça no meio fio e a minha perna esquerda foi parar dentro do para-lama do pneu traseiro. Estraçalhou”, relata.

Em questão de segundos, ainda dentro do DIA, a desgraça aconteceu. “Os passageiros começaram a gritar e o motorista não ouviu. Eu estava consciente, escutava todo mundo falar, mas não enxergava ninguém. Só vi quando chamaram a ambulância e me levaram”, relata o pedreiro, que foi levado ao hospital e só acordou no outro dia.

Ao longo desses quase 13 anos, Josenaldo nunca recebeu qualquer tipo de ajuda, atenção da empresa. “Não arcaram com nada. No Hospital, a minha perna esbagaçada, limparam, fizeram o curativo e mandaram para casa. Com três dias, a perna necrosou, apodreceu”, informa.

PROCESSOS TRABALHISTAS

Após gastar todo dinheiro para tratar perna, pedreiro mora de favor em igreja

De lá para cá, a perna fico estável, mas, nos últimos dias, começou a aparecer complicações. “Estou prestes a perder a perna. O custo para mantê-la é muito alto, recebo do INSS apenas um salário mínimo. Minha salvação é a ajuda do povo, da igreja. Por isso, estou procurando o Cinform”, afirma.

“Teve audiência na Justiça, ganhei e até hoje nada. Não recebi sequer o seguro obrigatório, porque a empresa (Viação São Pedro) não pagava a seguradora”, informa. Tendo que arcar com despesas médicas, o pedreiro vendeu casa, teve que tirar os filhos de escola particular e mora hoje de favor nas dependências de uma Igreja Evangélica Obra da Restauração, no Bairro Santa Maria.

Advogado do pedreiro, Jarbas Gomes de Miranda Jr., já tentou de todas as formas obter a indenização, mas fica difícil diante de tantos processos trabalhistas que até hoje o grupo Bomfim tem com os ex-funcionários. Constantemente, os bens das extintas empresas constam nos leilões do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região – Sergipe – TRT/SE.

BLOQUEIO DE CARTÕES
“O processo do Josenaldo está na fase de execução de sentença. Mas a empresa faliu e os bens foram penhorados pela Justiça do Trabalho. Entramos com pedido de despersonalização da pessoa jurídica para pegar bens dos sócios. Mas o TRT também fez isso. Não existem bens a serem pegos”, explica Jarbas.

O advogado cogita até mesmo parcelar a indenização. “Estou buscando outros meios para poder tentar uma mesa de negociação. Pedi bloqueio dos cartões de crédito das pessoas físicas (sócios da São Pedro). Se tem cartão para pagar dívida, por que não tem dinheiro para pagar débito na Justiça?”, questiona.

Tal pedido formulado por Jarbas foi negado. Para a Justiça a ação não teria qualquer efeito prático para a satisfação da dívida. “Com esta medida, os sócios, advogados poderiam aparecer e seria a hora de negociar. O Josenaldo quer receber o que é de direito. Para se ter uma ideia, esse processo começou anos atrás com o meu pai, que é advogado também”, relata.

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