Público fiel das mídias online, crianças e adolescentes também podem ser fáceis vítimas de internautas com más intenções

A facilidade de acesso da enorme maioria da população brasileira à diversidade de equipamentos eletrônicos que há algum tempo tem possibilitado a conexão de milhões de pessoas no país aos múltiplos serviços da internet, acabou atraindo de forma ainda mais impetuosa o público infanto-juvenil, talvez o grupo etário mais fascinado com as maravilhas do mundo virtual.

Jogos online, trabalhos escolares, vídeos de artistas favoritos, episódios de séries americanas: essas são algumas das atividades mais utilizadas por crianças e jovens que navegam na Web. Mas, nenhuma delas causa tanto divertimento quanto as redes sociais.

Crianças estão vulneráveis na rede (Foto: Divulgação Overbr)

É o que confirma a pesquisa TIC KIDS Online Brasil, realizada em 2015, dos 23.380.494 de brasileiros, com idade entre 9 e 17 anos, usuários da Internet. De acordo com ela, 87% dessa parcela da população possuem perfil em ao menos uma rede social, sendo o Facebook e Whatsapp os preferidos (79% e 71%, respectivamente).

Esse intenso acesso às mídias sociais que maximiza a velocidade da circulação de informações e derruba obstáculos à comunicação simultânea entre culturas e povos completamente distintos, também é um canal repleto de vulnerabilidades que colocam muitas vezes em risco a segurança e a privacidade de milhões de pessoas.

USO INGÊNUO

Segundo a pesquisa, parte considerável das crianças e adolescentes que frequentam redes sociais no Brasil está propensa a ser vítima de ataques e assédios virtuais, pois apenas 33% mantém seus perfis como privados e 47% compartilham todos seus dados no modo público.

Outros números preocupantes e que expressam o grau de insegurança ao qual estão expostos um amplo grupo de meninos e meninas estão relacionadas ao tipo de informação publicada na Web.

O nome da escola onde estudam, por exemplo, é divulgado por 41% dos usuários, 30% informa o número de seu telefone e incríveis 21% chegam ao ponto de revelar o endereço pessoal.

Procuradas para a diversão, redes sociais podem se tornar um tormento para menores e suas famílias (Divulgação: Pixabay)

Como é possível constatar por meio das informações, a curiosidade desta faixa etária, às vezes acaba sendo acompanhada por um alto grau de ingenuidade dos jovens internautas.

CAMINHO SEM VOLTA

Leticia Gabrielle, nove anos, é daquelas crianças que não se satisfaz com uma só conta de rede social, e gosta de aproveitar as diferentes funcionalidades das principais mídias sociais. Sua mãe, a contadora Josean Góis revela que a menina acessa com frequência quatro redes: o Facebook, o Instagram, o YouTube e o aplicativo Whatsapp.

“De vez em quando eu acompanho o que ela faz, peço para não abrir nada de desconhecido e tento explicar sobre possíveis perigos, mas confesso ter temor”, conta Josean, que diz não utilizar nenhum tipo de filtro às páginas inadequadas para menores.

Para a dona de casa, Maria do Carmo, a dor de cabeça com seu filho, Lucas Andrade, 14 anos, tem sido maior. “Há um tempo, meu filho mais velho descobriu algumas conversas com pessoas estranhas no Whatsapp dele, pedi para bloquear todos os contatos”, conta ela sobre o garoto que além de também ter perfil no Facebook, possui contas em plataformas de jogos online, outra febre da Internet, onde é permitida a comunicação entre os jogadores.

AMIZADE E CONFIANÇA

Psicóloga alerta para fiscalização dos pais

A psicóloga Vanessa Ramalho reforça a necessidade de monitoramento constante do conteúdo acessado pelo público mais jovem. “Todo site a ser visitado e aplicativo a ser baixado deve ser sondado de vez em quando. É uma  postura adequada impedir o divertimento da criança ou do adolescente, pois diferentes partes do cérebro serão ativadas se os estímulos forem variados, mas, bom senso é fundamental para determinar a duração da exposição que pode variar conforme a idade”, explica.

Para ela, jogos como o ‘Baleia Azul’ conhecido por incitar menores a cumprir desafios e até a praticar o suicídio acabam substituindo os familiares quando a questão é companhia.

“O que eles estão buscando e encontrando nesta ferramenta? Atenção, diálogo, segurança, diretrizes, desafios, sentimento de pertença a um grupo e aceitação. O papel complementar patológico da ferramenta só será superado com o acompanhamento dos responsáveis e uma escuta mais qualificada das demandas infanto-juvenis”, defende a psicóloga Vanessa.

NÃO É TERRA SEM LEI

Apesar da Internet aparentar ser uma esfera simuladora da vida real, existem legislações que punem os infratores do mundo virtual. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as leis 11.829/2008 (combate à distribuição de pornografia infantil) e 13.185/2015 (Programa de Combate à Intimidação Sistemática) são dispositivos jurídicos que protegem menores de idade de violações a seus direitos.

Advogado João Pereira aconselha pais a supervisionarem navegação dos filhos (Foto: Gil Fonseca)

“É importante deixar claro que tudo aquilo que é considerado crime no ‘mundo real’ também é na dimensão virtual”, salienta o advogado cibernético João Pereira. Segundo ele, quando os pais ou responsáveis percebem qualquer manifestação estranha o ideal é agir de modo imediato. “Além de buscar a ajuda de um profissional, se deve notificar o fato em delegacias. Sergipe possui centros especializados com funcionários capacitados para o atendimento, e quanto mais rápida for a comunicação maior será a chance de encontrar os criminosos”, aconselha.

De acordo com o advogado, a idade das vítimas tem baixado progressivamente. “O que mais assusta é vermos crianças de 9 a 12 anos sendo alvo de crimes envolvendo pornografia e chantagem. Não é exagero lembrar aos pais que os mobiles, os aparelhos mais populares na atualidade, contam com ferramentas de controle do acesso, dentre eles o ‘guia dos pais’ que bloqueia conteúdos inapropriados como linguagem imprópria, vídeos proibidos, músicas vulgares e jogos violentos”.

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