No caminho do sucesso das emissoras de rádio do Sul do país, Aracaju inaugurou a primeira rádio do estado, com o prefixo PRJ6 Rádio Difusora de Sergipe, atual Rádio Aperipê de Sergipe, ZYD-2. Em 07 de fevereiro de 1939, com uma programação de músicas ao vivo: tangos, sambas, maracatus, valsas, fados, rumbas, afoxés, frevos, marchas, choros e canções orfeônicas. Teve a presença do grande seresteiro do Brasil, Silvio Caldas, acompanhado pelo regional de Carnera e Miguel Alves.

Na função de diretor artístico da PRJ-6, Alfredo Gomes, exerceu uma influência significativa no rádio sergipano. Foi dele o mérito da denominação de vários nomes dos nossos artistas. Alfredo Gomes (Rubem Vergara) respondia por muitos dos nomes artísticos e citações existentes no rádio de Sergipe dos anos 40.

Foram dele os títulos dados a João Mello “O cantor Máximo de Sergipe”, o poeta seresteiro”.

Pinduca e sua Rádio Orquestra, foi outro nome dado por Gomes ao Maestro Luiz Almeida D’Anunciação, que anos depois viria a trabalhar como regente da orquestra do programa televisivo de Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

A “arma” do Departamento de Propaganda, em Sergipe, nos anos 40 era o cast da Rádio Difusora, que apresentava os grandes nomes da música de Aracaju. Dão, João Lopes, Guaracy Leite França, Bissextino, Maria Célia, Manoel Aragão, Dalva Cavalcanti, Neuza Paes, Rute Brandão, Genaro Plech, Pinduca, tendo como figuras centrais o João Mello, João Bezerra, o Carnera. Murillo Mellins afirma o seguinte sobre Alfredo Gomes:

Esse, com seu conhecimento no meio boêmio da cidade, contratou cantores e músicos e organizou programas com artistas da terra, os quais começaram a fazer parte do cast da nova emissora.

O rádio revitalizou a vida cultural sergipana, ampliando o contato de artistas com o público. A Rádio Difusora, desde o ano da sua inauguração, em 1930, cumpriu um importantíssimo papel a levar ao ar vozes e instrumentos que davam a trilha sonora à vida da capital sergipana. Vozes que ficaram imortalizadas, Luiz Antônio Barreto, um dos meus professores, dizia:

– João Mello, além de cantor, foi um exímio violonista, compositor aplaudido e produtor vitorioso no Rio de Janeiro.

Sempre tive a curiosidade de saber de quem era a voz do Hino do Sergipe e Luiz me disse: É de Raimundo Santos, uma voz maravilhosa.

Tinha ainda Antônio Teles, que conheci nas serestas do meu avô, José Domingues Fontes. A mais romântica voz que ouvir. Luiz complementava: a voz de Dão, dando graça ao samba, a de Floriano Valente, com seu repertório de valsas, dentre muitas outras embaladas pela Rádio Orquestra de Pinduca, pelos Regionais de Eutímio, Honor Gregório, João Argollo, Carnera e tantos outros astros de primeira grandeza que fizeram a radiofonia dos primeiros tempos e abriram caminho para os artistas da atualidade.

Duas décadas depois do surgimento da Rádio Difusora, foram inauguradas mais três emissoras em Aracaju. Em 1953, a Rádio Liberdade, em 58, a Rádio Jornal e a Rádio Cultura, em 59. Só em 1967 é inaugurada a primeira emissora no interior, a Rádio Esperança em Estância. O primeiro estúdio de gravações de acetato, iniciando a produção de jigles, de fitas e discos de cantores e músicos locais, teve como proprietário José Orico. Aumentando, assim, os espaços para melhor divulgar os artistas e músicos da capital sergipana.