Advogado confirma convite do Democracia Cristã para disputar o governo

Por Habacuque Villacorte – Da Equipe Cinform On Line

CINFORM ON LINE: Iniciando a entrevista, vamos à pergunta que não quer calar: o senhor é realmente pré-candidato a governador em 2026? O que lhe motivou a disputar esta eleição?

EMANUEL CACHO: Sim. E acho que esse é o momento ideal. O Brasil passou por momentos muito conflituosos nos últimos 10 anos e neste período, minhas atividades políticas foram discretas nos bastidores. Para relembrar um pouco da minha história, em 2002, desesperançado com as falcatruas da política brasileira, resolvi numa mesa de happy hour, como forma de protesto, apoiar um candidato pitoresco a deputado Federal conhecido como “Rola”. O que era para ser um simples “trote” passou a ser uma campanha anônima que ganhou força e passou a ter repercussão a nível estadual e nacional.

Eu e um grupo de amigos passamos a imprimir santinhos e adesivos aos milhares, até ele virar um fenômeno nas eleições alcançando mais de 20 mil votos. Ainda em 2002, estavam disputando o segundo turno João Alves Filho e o Senador José Eduardo Dutra. Na mesma roda de amigos resolvemos apostar na candidatura de João Alves que parecia não ter vida e estava em queda livre, já que todas as forças derrotadas declararam apoio ao Senador Dutra.

Convocamos os amigos e criamos o “Movimento 25”. Interferimos no marketing de João, que estava desmotivado e confuso. Mudamos a cor da campanha de azul para o verde, criamos uma marca própria para a nossa campanha e fomos às ruas. Naquelas alturas João Alves mal conseguia sair de casa dado o cansaço e as perspectivas de derrota diante da soma das forças que se uniram contra que somavam mais de 500 mil votos. Mesmo assim, invertemos o jogo e vencemos as eleições com 90 mil votos à frente.

Assumi a Secretaria de Justiça em 2003 até 2006, quando fui eleito Suplente de Senador na chapa de Maria do Carmo Alves, pelo Partido da Frente Liberal, onde estava filiado desde 1986. Em 2010 fui candidato a Senador ao lado de João Alves, mas não logramos êxito. Desde 2018 assessoro o senador baiano Ângelo Coronel, atual relator do Orçamento da União. Hoje me sinto pronto, maduro e disposto a encarar a disputa para governador do meu estado que amo e estimo.

CINFORM ON LINE: Aproveitando o ensejo, se o senhor se predispõe a disputar o governo pela oposição, qual a sua avaliação sobre o governo de Fábio Mitidieri?

EMANUEL CACHO: Fabio é esforçado e trabalhador, mas a oposição parece ser o único campo disponível para se participar da política em Sergipe. As últimas eleições traumatizaram o eleitor sergipano, que se sentiu usurpado de sua vontade política. O povo não pode ter o poder apenas por um dia, na data das eleições. Os partidos políticos viraram joguetes, dominados por ricos e espertos empresários que compraram literalmente os instrumentos democráticos do povo, visando usufruir em proveito próprio e dos fundos eleitorais e das verbas públicas em favor dos seus interesses particulares.

Sergipe não deu muita sorte em relação à tão esperada renovação política. Basta verificar que os candidatos mais fortes e vencedores nas eleições municipais foram meros “fantoches” e instrumentos nas mãos dos que dominam as verbas partidárias. Muitos desses “manipuladores” se utilizam dos partidos para aumentarem suas fortunas pessoais.  Em Sergipe é notório e o povo sabe quais são esses nefastos indivíduos.

Minha avaliação sobre o governo de Fábio Mitidieri é que ele tem que repensar as estratégicas posições daqueles que se apresentam como sua equipe técnica antes de iniciar uma campanha política de reeleição em 2026, quando terá que explicar aos seus eleitores onde foram gastos e aplicados os bilhões da venda da DESO.

CINFORM ON LINE: O prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, está inelegível por enquanto, mas ainda é um dos nomes mais lembrados para 2026. O senhor pretende disputar internamente, dentro do PL, essa pré-candidatura? Já conversou com ele sobre seu desejo de disputar o governo? Acredita que ele consegue reverter esta inelegibilidade?

EMANUEL CACHO: Com Valmir sim. Conheço os mecanismos internos do PL de Sergipe. Ele tem dono e imporá sua vontade de acordo com seus interesses pessoais. Estamos impossibilitados em permanecer no Partido Liberal, mas aguardarei o desenrolar dos acontecimentos. Acredito que os dirigentes do PL serão os maiores interessados para reforçar o impedimento de Valmir. Corre à boca miúda que já existe um acordo feito no campo dos interesses particulares entre um secretário de gestão de investimento do governo estadual e o presidente do PL para rifar Valmir, liberando o PL para fazer um acordão com o governo para as eleições em 2026.

Recordando um fato em 2021, estávamos almoçando no Restaurante “Solo”, eu, Albano Franco, e mais uns três amigos, quando chegaram Valmir de Francisquinho, Adailton Prefeito de Itabaiana, Edvan, Eduardo Amorim e Zezinho Guimarães, revelando que o Diretório Regional do PL havia decidido naquela manhã que o partido iria lançar Valmir como candidato a vice-governador na Chapa de Rogério Carvalho ou Fabio Mitidieri. Naquele momento, expus minha opinião que aquilo seria uma loucura e Valmir cairia antes do registro da chapa e que nunca tinha visto uma coisa mais ridícula do que o lançamento da candidatura a vice-governador.

Complementei dizendo que se Valmir fosse lançado a governador venceria e sequer haveria segundo turno, pois o povo ansiava por uma novidade no pleito e queriam derrotar as péssimas gestões dos governadores anteriores com empréstimos e oneração das receitas do estado pelo grupo que estava há mais de 20 anos sem nenhum alento para a população.

Todos olharam assombrados para mim como quem diziam “que loucura”. Nesse momento, Edvan refletiu sobre seus interesses e disparou “Vocês sabem que Cacho está certo. Segunda-feira, Valmir e Adailton, recebam Cacho em Itabaiana e ele condenará as estratégias para o lançamento da candidatura de Valmir a governador”. A partir daí Valmir virou um monstro, cresceu e foi às alturas, mas como a história registra, o PL se apropriou da ideia como sendo deles. Desse fato todos já conhecem os desfechos registrado na história.

CINFORM ON LINE: E qual a sua avaliação sobre o início da gestão da prefeita Emília Corrêa?

EMANUEL CACHO: Conheço Emília dos bancos da faculdade. Convivemos na Defensoria Pública e conheço a força de trabalho dessa mulher. No final da década de 90 organizei o Primeiro Congresso de Prática do Tribunal do Júri e Emília pegou o microfone e deu um show na transmissão ao vivo pela TV Cidade. Não tenho dúvida que Emília tem bons propósitos e que fará uma boa administração, mas que no futuro próximo terá que se livrar de muitas assombrações que colaram com ela na campanha, além das que foram impostas pelo PL.

CINFORM ON LINE: Falando nela, o senhor conta com o apoio dela nesse projeto de disputar o governo em 2026? Já conversou com as lideranças do PL neste sentido?

EMANUEL CACHO: Emília e o PL estão dando os primeiros passos à frente da administração municipal e muitas coisas ainda irão acontecer. Espero que não cometam equívocos administrativos e penais. Já se fala nas ruas que se cometer algumas falhas previsíveis ela trará de volta Edvaldo Nogueira em 2028. Foi assim com João Alves. Os “amigos” ajudaram a enterrar a gestão do Negão. Sou católico e nunca vi Nosso Senhor do “BOM COMEÇO”, apenas do “BOMFIM”.

CINFORM ON LINE: O convite para se filiar e disputar o governo pela Democracia Cristã aconteceu mesmo? Qual a probabilidade de o senhor sair do PL e ir para o DC ou outro partido?

EMANUEL CACHO: A Democracia Cristã me convidou e garantiu que se estiver disposto a disputar a majoritária, o partido estará disponível para o pleito com o apoio do presidente nacional. Apenas pedi um tempo para caminhar na pré-candidatura e incentivar o cenário que nos parece favorável, dada a manipulação que se verifica na maioria dos partidos que possuem apenas interesses em fatiar o erário público entre si.

CINFORM ON LINE: O ex-presidente Jair Bolsonaro também está inelegível, mas se mantém vivo politicamente para 2026. O senhor acredita que ele possa reverter esta situação? Se ele não puder disputar, quem seria a melhor opção para a Direita do País? Tarcísio? Caiado? Gusttavo Lima?

EMANUEL CACHO: O Brasil vive uma das maiores crises, política e moral, da nossa história que se refletem em todos os poderes, principalmente no STF. Direita e Esquerda deveriam apenas ser opções políticas democráticas às quais o povo poderia escolher livremente. Bolsonaro não tem a menor chance de sobreviver ao processo e ao ativismo político do STF. Serão dias difíceis. Lula e Bolsonaro entrarão para a história por serem líderes importantes, mas a história também registrará todos os excessos e ilegalidades com as prisões e solturas que confundiram o povo.

Acho que a melhor opção da Direita é Tarcísio, mas Caiado é uma forte opção já que Tarcísio não arriscaria a gestão de 50% da força financeira do Brasil por uma aventura ideológica conturbada. Gusttavo Lima é uma opção que nem considero dado o uso da imagem pública como artista, para uma responsabilidade gigantesca de gerir um País como Brasil.

CINFORM ON LINE: Qual será o palanque do presidente Lula (PT) em Sergipe no próximo ano, em sua opinião? E do ex-presidente Jair Bolsonaro?

EMANUEL CACHO: Rogério Carvalho deverá ser o grande condutor da Esquerda em Sergipe se os aliados do PT tiverem, em pauta, a possibilidade de vitória de forma real. Bolsonaro tem o PL e ao menos mais uns quatro partidos a seu favor.

CINFORM ON LINE: Falando como advogado, como o senhor avalia esse comportamento do Supremo Tribunal Federal sobre as denúncias e o julgamento de Jair Bolsonaro este ano?

EMANUEL CACHO: Só tenho a lamentar por ter que ver julgando um ministro tecnicamente suspeito que é ao mesmo tempo vítima, delegado, promotor e julgador. É um fato vergonhoso de arbitrariedades e abuso de poder assistido por milhares de delegados, juízes, promotores e operadores do direito que tenderão a replicar os absurdos e as iniquidades processuais do Ministro Alexandre de Moraes, a quem conheci muito jovem como Promotor de Justiça, que depois foi meu colega como Secretário de Justiça de São Paulo em 2003 e que foi meu eleitor para a Presidência do CONSEJ (Colégio Nacional de Secretários de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária), inclusive indicando o Secretário Nagashi Furukawa como meu vice-presidente Nacional para auxiliarmos, enquanto Estados, a gestão do saudoso Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

CINFORM ON LINE: Voltando para a sua pré-candidatura, o senhor já conversou com membros e dirigentes de outros partidos buscando apoio?

EMANUEL CACHO: Tenho conversado e dialogado com vários presidentes de partidos, mas a garantia da Democracia Cristã (DC) me pareceu bastante coerente e solidificada.

CINFORM ON LINE: E qual a sua avaliação sobre o governo Lula?

EMANUEL CACHO: Dizem que um homem não deveria repetir os mesmos erros depois de conhecer as misérias do processo penal e de um encarceramento de um ano e sete meses numa delegacia da Polícia Federal. Foram 580 dias de prisão antes de uma condenação definitiva, que depois foi simplesmente anulada. Uma vergonha de julgamento em que os julgadores desejavam apenas a projeção política e o interesse eleitoreiro. O STF caminha para repetir o mesmo erro ao antecipar a condenação caso prenda Bolsonaro por fatos que ainda ele tem o direito de se defender antes da formação da culpa.

CINFORM ON LINE: Na condição de ex-secretário de Justiça, como o senhor tem acompanhado a evolução do tráfico de drogas por todo o País, inclusive aqui no Nordeste? A culpa é da legislação mais branda ou dos governos omissos? O Judiciário também não tem sua parcela de responsabilidade?

EMANUEL CACHO: O Brasil tem uma das mais rígidas legislações penais do mundo e observo que as penas altas não inibem os traficantes. O tráfico de drogas é um fenômeno econômico e social mundial. As drogas legais movem a maior indústria do mundo e envolve as grandes farmacêuticas. O uso dela é regulado por interesses meramente econômicos que possuem como argumento a saúde pública. O tráfico ilegal de drogas é uma das atividades mais lucrativas que existe.

Toda a política criminal adotada no mundo é reativa e punitiva. No Brasil ela beira o absurdo com discurso legislativo radicais em busca do voto do eleitorado e legislações enganosas apenas para aplacar a ira da população. Ou seja, não alcança objetivos efetivos. O Judiciário nesse ponto aplica a lei à sua maneira, se recusando reconhecer a desorganização estatal no controle da criminalidade.

CINFORM ON LINE: Ainda como advogado, qual a sua avaliação sobre todo o processo de escolha do novo desembargador de Sergipe pelo Quinto Constitucional? Quem está certo: a OAB ou o TRF da 5ª Região? Quem teria o seu voto hoje? Por que?

EMANUEL CACHO: Não sou fã do quinto constitucional. Acho que os representantes do quinto constitucional quando são alçados aos tribunais esquecem princípios fundamentais nas formações jurídicas elementares dos advogados de ser intransigentes na defesa das garantias constitucionais.

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