Desde a última semana, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) entrou nas principais rodas de discussões políticas em Sergipe. O motivo: a troca do comando da sigla, que deve sair das mãos dos Valadares (pai e filho) para as mãos do vice-governador e secretário de Estado da Educação e da Cultura de Sergipe, José Macedo Sobral, o Zezinho Sobral. A discussão foi apimentada com o anúncio do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Tal situação também oficializou a condição de Valadares de líder a liderado.
Desde 2019, que Antônio Carlos Valadares e seu filho, Antônio Carlos Valadares Filho, estão sem mandato. O último mandato ocupado pelo pai foi no cargo de senador da República. Foram três mandatos consecutivos no Congresso Nacional. Valadares Filho, também estava no seu terceiro mandato consecutivo, porém, na Câmara dos Deputados. Sob o seu comando, o PSB conseguiu eleger diversos deputados, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, desempenho que atribuiu, naturalmente, a Valadares, a condição de líder, consolidado também durante seu mandato como chefe do Executivo estadual de 1987 a 1991. Neste cenário, Valadares Filho foi beneficiado pelo papel de líder do seu pai, conseguindo transferir votos importantes para alcançar espaços nos cenários da política estadual e nacional. Mas, as sucessivas derrotas para chegar ao cargo de prefeito de Aracaju e para comandar o Governo do Estado de Sergipe, por Valadares Filho, deixou, de forma natural, Valadares (pai) na condição de liderado, situação corroborada pelo fim dos mandatos eletivos.
Não é preciso ser especialista em política para saber que sem mandato, o político perde espaço, inclusive a condição de líder de uma grande sigla partidária, como ocorreu com o PSB de Sergipe. Em ampla divulgação pelas redes sociais e pelo site oficial do Partido, o presidente do PSB Nacional, Carlos Siqueira, comemorou o ingresso de Zezinho Sobral, que deve colocar seu nome como pré-candidato a prefeito de Aracaju com aval do governador Fábio Mitidieri (PSD). “Hoje é um dia marcante e repleto de entusiasmo, pois temos a honra de acolher Zezinho Sobral, Vice-Governador de Sergipe e Secretário da Educação e Cultura, como o mais novo membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Realizada na direção nacional do partido, esta filiação simboliza um passo decisivo para a reestruturação e fortalecimento do PSB no estado de Sergipe, prometendo impactar positivamente o cenário político local e nacional”, destacou o presidente.
“Zezinho Sobral, com sua vasta experiência e dedicação ao serviço público, assume um papel crucial nesta nova fase. Sua atuação como Secretário da Educação e Cultura, marcada por inovações e um compromisso profundo com o progresso social, nos inspira. Estamos confiantes de que sua liderança será fundamental na consolidação de nossas ideias e na ampliação dos nossos projetos para o bem-estar dos sergipanos. No seio do PSB, Zezinho Sobral encontrará um ambiente propício para a colaboração e inovação. Sua visão e experiência são ativos valiosos que, acreditamos, enriquecerão nossas estratégias e ampliarão nosso impacto nas questões essenciais que afetam Sergipe e o Brasil. Com Zezinho Sobral entre nós, reforçamos nossa capacidade de encarar os desafios presentes e futuros, mantendo sempre o foco no coletivo e na justiça social. Zezinho, sua jornada conosco no PSB inicia-se hoje, e estamos ansiosos para trabalhar juntos, unindo forças na construção de um futuro próspero para todos. Receba as nossas calorosas boas-vindas ao Partido Socialista Brasileiro! Juntos, seremos mais fortes e capazes de promover transformações significativas. Vamos em frente!”, finalizou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Zezinho Sobral explanou pelas redes sociais a sua nova missão. “É com sincero agradecimento que me despeço da família PDT Sergipe. Foi um período de convivência e de construção de amizades baseadas em valores de trabalho e fraternidade. Serei eternamente grato a todos os amigos do PDT! Agora, chegou o momento de assumir outro desafio. A nova missão de presidir o PSB em Sergipe está baseada nos princípios democráticos e alinhada com o grupo liderado pelo governador Fábio. Seguimos com uma coalizão mais forte e ampla em torno daqueles que ofertam uma melhor administração pública para os sergipanos”, frisou.
Recentemente, em uma carta aberta ao presidente Carlos Siqueira, o ex-senador Valadares, definiu a mudança do comando como um ato autoritário e destacou alguns posicionamentos, inclusive reconhecendo as derrotas nos últimos pleitos. “É indiscutível que o PSB de Sergipe, apesar de insucessos em suas últimas eleições combatendo na oposição, teve momentos de glória e enorme desenvoltura, demonstrando nas vitórias e nas derrotas, sua coragem e disposição durante todas as campanhas eleitorais que enfrentou com galhardia e espírito de luta, tornando-se por isso uma referência na política sergipana”, disse.
“Tal proposta, caso venha a se concretizar, seria vista, na prática, como uma intervenção branca no PSB de Sergipe por exigência de um governador integrante de outro partido, que, por sinal, foi nosso adversário, ganhando as eleições para o candidato do PT em aliança com o PSB, e contribuindo decisivamente para a vitória do candidato ao Senado, apoiado por Bolsonaro, deixando Valadares Filho em 2º lugar na disputa. Como explicar ao povo essa reviravolta na política de Sergipe? Como explicar a oferta que está sendo feita pelo governador, segundo a qual Valadares Filho seria rebaixado para a vice-presidência, enquanto a presidência ficaria com o bloco do governo? Se tal coisa for aceita desse modo por Valadares Filho , ele estaria jogando fora todo o seu capital político adquirido com tanto sacrifício nas campanhas eleitorais que enfrentou. Tomar o PSB de Sergipe, com o beneplácito da Nacional, seria renegar a história e a importância de suas lideranças. Tal acordo não figuraria, com certeza, como um troféu político para o governo e, sim, como uma tentativa que apequena qualquer negociação, qual seja, a de converter o partido num apêndice a mais entre tantas siglas que orbitam o seu universo político, as quais optaram pelo comando do governo atrás de influência e vantagens do poder”, desabafou Valadares.
“Os votos que Valadares Filho teve para o Senado serviram para demonstrar que o PSB de Sergipe está vivo, ficando em 2º lugar entre 4 fortes candidatos”, finalizou o ex-senador Valadares, quando se referiu aos 267.756 votos (24,65% dos votos válidos) obtidos por seu filho no último pleito de 2022. Em 2022, pelo PSB, Antônio Carlos Valadares foi candidato a deputado estadual e obteve 6.989 votos (0,57% dos votos válidos).
Atualmente, o ex-senador Valadares atua como advogado e seu filho, Valadares Filho, ocupa o cargo de chefe da Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares e Federativos do ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Costa Macêdo.
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Por Keizer Santos