Após sofrer cinco Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), o aposentado Lourival Filgueira, de 86 anos, começou a apresentar dificuldades para engolir os alimentos. Esse problema chamou a atenção da sua esposa, Rilza Moreira, que, em algumas ocasiões, precisou ajudar a retirar a comida de dentro da sua boca para que ele não engasgasse. Para não ver a situação dele se agravar, e orientada por uma amiga, ela procurou uma fonoaudióloga que diagnosticou o problema do aposentado: disfagia.

O alimento muito tempo parado na boca é um dos sintomas clássicos da disfagia, que é um distúrbio de deglutição caracterizado por alterações em qualquer fase da dinâmica da deglutição, de origem congênita ou adquirida, podendo gerar prejuízo pulmonar, nutricional e social. Inúmeras causas podem levar o indivíduo a ter disfagia, pois a biodinâmica da deglutição é complexa e se divide por fases (orofaríngea e esofágica), e pode ter origem neurogênica, mecânica, iatrogênica psicogênica e presbifagia.

Segundo a fonoaudióloga Lygia Maurício de Souza, diversos fatores podem desencadear o problema, como a prematuridade, doença neurológicas e neuromusculares, traumas de face, câncer de cabeça e pescoço e envelhecimento natural. “Os principais sintomas são tosse frequente durante ou após comer e beber; engasgos frequentes (inclusive com saliva); sensação de alimentação parada na garganta; dificuldade ou lentidão durante alimentação; perda de peso bruscamente; recusa alimentar; e dor ou impossibilidade de engolir”, detalhou a especialista.

Lygia Maurício de Souza, fonoaudióloga

O diagnóstico da disfagia, bem como o tipo e gravidade, é feito pelo fonoaudiólogo, especialista em disfagia, através da avaliação clínica. Caso seja preciso de diagnóstico diferencial, como por exemplo exame de imagem, o fonoaudiólogo faz o encaminhamento. O tratamento é realizado através da fonoterapia, orientações pertinentes sobre alimentação e sugestão da via de alimentação segura. Por se tratar de um distúrbio da deglutição, proveniente de uma ou mais origens (por exemplo, um pós-AVC ou doença de parkinson), o fonoaudiólogo atuará na reabilitação, e o quanto antes iniciar o tratamento, melhores serão os resultados.

No caso da presbifagia, que ocorre devido o envelhecimento natural do indivíduo, pode-se prevenir maiores impactos na biodinâmica da deglutição, se quando identificado os primeiros sintomas, haja a busca pela avaliação fonoaudilógica.

“A disfagia tem impacto direto e claro na qualidade de vida, porque inicialmente, quem tem dificuldade para deglutir, e apresenta sintomas como tosse ou engasgos, por não entender o que pode estar causando, pode deixar de fazer as refeições junto da família e amigos, ou mesmo desenvolver outro sintoma clássico, que é a recusa alimentar. Nos casos mais graves de disfagia, o indivíduo pode deixar de se alimentar pela via oral, devido riscos de desnutrição, desidratação e broncoaspiração, e ter uma via alternativa de alimentação, como por exemplo a sonda nasoenterica e gastrostomia”, afirmou Lygia Maurício.

O aposentado Lourival Filgueira e sua esposa, Rilza Moreira: dois anos de tratamento

Tratamento

Rilza Moreira relata que, após dois anos de tratamento, o esposo se sente bem melhor. “Hoje, ele se alimenta via oral e pela Gastrostomia (GTT).  Tem vezes que ele não consegue se alimentar via oral, aí tem a GTT. Mas ele come de tudo. Tanto o lanchinho da tarde como o lanchinho das 9h, quando ele não tem condições de comer via oral come esse mesmo lanchinho via GTT. Eu não tenho palavras para falar de Lygia. Foi ela quem fez o meu marido comer de tudo, até no Natal ele veio para mesa participar da ceia junto com a gente”, explicou.

A fonoaudióloga explica que o atendimento inicia com a avaliação clínica com a anamnese, e em muitos casos, quando se trata de pacientes neurológicos ou idosos, é necessário algum familiar ou alguém que conviva e saiba do histórico alimentar. “Depois, é feita uma avaliação orofacial do sistema estomatognatico (lábios, língua, bochecha etc) e das funções (mastigação, deglutição, fonoarticulação, respiração e sucção (dependendo do paciente). Para avaliação funcional da biodinâmica da deglutição, usamos alimentos (diversificamos a consistência e utensílios). O tratamento fonoaudiológico para a disfagia irá ser direcionado, de acordo com o tipo e origem da disfagia, grau da disfagia e sugestão da via de alimentação segura”, concluiu.

 

 

 

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