Deputado não descarta diálogo com adversários, desde que seu grupo esteja “encabeçando” a chapa

Por Habacuque Villacorte – Da Equipe Cinform On Line

A reportagem do Cinform On Line conversou com o novo líder do governo Fábio Mitidieri (PSD) na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Christiano Cavalcante (União). Na oportunidade ele traça as suas metas para a Legislatura que se inicia, exalta o voto de confiança do chefe do Executivo, a boa aceitação que recebeu dos colegas da bancada de situação e de suas estratégias para dialogar com a oposição e com os movimentos sindicais. Ele também fala da relação que já começou a construir com o secretariado do governador e ressalta seu compromisso com as pautas municipalistas. Confira a seguir, e na íntegra, esta breve entrevista:

CINFORM ON LINE: Iniciando a entrevista, apesar de não termos ainda 100 dias de governo, qual a sua avaliação da gestão de Fábio Mitidieri até agora?

GEORGEO PASSOS: No momento, seria muito precoce, até temerário, fazer qualquer tipo de avaliação da gestão de Fábio, uma vez que só completou 60 dias. Contudo, ainda vemos mais euforia do que uma efetividade nas ações. Não consigo visualizar que algum setor teve mudança radical positiva. Percebemos ainda que as pessoas estão, em algumas secretarias, batendo cabeça e tentando fazer com que as coisas aconteçam, mas que ainda não conseguiram engrenar. Logicamente, mesmo sendo oposição, não faço oposição do “quanto pior, melhor”. Espero que realmente o Governo deslanche, que por exemplo, não deixe a alíquota modal do ICMS aumentar para 22% no final desse mês, tornando-a uma das maiores do Brasil, superando Alagoas e Bahia. Logo, até o presente momento, não houve nenhuma ação que enchesse os olhos dos sergipanos e sergipanas.

CINFORM ON LINE: Como você analisa o início do trabalho do ex-deputado Zezinho Sobral a frente da Educação Pública de Sergipe?

GEORGEO PASSOS: Pelo que estou acompanhando, percebo que o secretário Zezinho (ex-engavetador de projetos na ALESE) fez uma série de mudanças, principalmente na equipe da Secretaria. E isso em um momento muito delicado, que é o início das aulas, o que causou transtornos. No momento em que a formação das equipes teve início, recebi notícias de que alguns casos tiveram interferência política para a nomeação de coordenadores e secretários em algumas escolas estaduais – algo que, inclusive, relatamos na Assembleia. Outros problemas, como itens que foram prometidos pelo Governo, como materiais escolares, não estavam prontos no momento em que as aulas iniciaram. Não podemos esquecer também da promessa feita pelo Governo de reformular a carreira do magistério, por exemplo, e também da necessidade de concurso público, do pagamento do piso dos professores. Então, tudo isso gera dentro da comunidade escolar uma certa atenção. O que só o tempo nos dirá é se realmente o secretário vai agir tecnicamente, pois percebo no momento que ele está agindo mais politicamente. Aliás, ele saiu recentemente da Assembleia Legislativa para o cargo de vice-governador. No entanto, acho que ainda está muito presente a figura do Zezinho político, e não o gestor de uma área vital, que é a Educação.

CINFORM ON LINE:  E quanto à Secretaria de Saúde e seus diversos setores? Qual a avaliação?

GEORGEO PASSOS: O atual secretário de saúde, antes de ser nomeado para o cargo, teve a oportunidade de ser superintendente do SUS. Também foi superintendente executivo da própria Secretaria de Saúde. Por esta razão, imaginei que ele poderia iniciar de uma forma mais efetiva. No entanto, estamos recebendo notícias sobre falta de medicamentos e insumos no Hospital de Urgência de Sergipe, além de filas para a realização de cirurgias. Isso, logicamente, chama muita atenção, afinal, está no início da gestão. Espero que ele consiga fazer com que a engrenagem dessa tão importante secretaria rode. Muitas pessoas dependem da saúde pública. Temos também a obra do Hospital do Câncer, onde esperamos que finalmente seja concluído, pois é um discurso que se arrasta há muitos e muitos anos. Que os hospitais regionais também possam melhorar seu atendimento e que o secretário não esqueça da valorização dos servidores (aqui, lembramos, por exemplo, do piso da enfermagem). É essencial também que a pasta consiga interagir com os colegas das secretarias municipais para que a atenção básica, que é responsabilidade dos municípios, possa evoluir. Com isso, a rede terá assistência. Assim, aqueles que precisam de atendimento terão mais tranquilidade e dignidade.

CINFORM ON LINE:  Há quem diga que o governo de Fábio é “uma continuação de Belivaldo Chagas”, mas o novo governador promoveu muitas mudanças no secretariado. Como você analisa este momento de transição administrativa?

GEORGEO PASSOS: Não temos como dizer o contrário: Fábio Mitidieri é sim uma continuação do Governo de Belivaldo. Afinal de contas, fazem parte do mesmo agrupamento político e ele foi eleito com a ajuda do ex-governador. Lógico que, após assumir, Fábio modificou algumas peças enquanto outras permaneceram – peças não somente de Belivaldo, mas também de outras gestões. Neste momento de transição, não vemos também o governo num ritmo acelerado. Entendo até como natural que algumas pessoas ainda estejam analisando como vão agir, mas é o momento de acelerar. Vejo dificuldades em algumas secretarias para as coisas andarem de verdade.

CINFORM ON LINE: Qual a área do governo atual que mais lhe causa preocupação e qual segmento lhe transmite mais credibilidade? Por que?

GEORGEO PASSOS: Nesse primeiro momento, creio que a pasta do turismo. É uma área que foi bastante falada pelo então candidato Fábio Mitidieri. Mas, o que foi apresentado até o momento, me traz preocupação por não passar uma certa segurança de que vai conseguir transformar em realidade o turismo em Sergipe, inclusive, gerando empregos. Uma pasta infelizmente que, muitas vezes, serve de moeda de troca para os governos. Uma pasta tão importante, mas com pouca efetividade. Esperamos que melhore.

CINFORM ON LINE: Agora, oficializado líder da oposição, como tem sido o trabalho na Assembleia Legislativa? Já conversou com seus colegas de bancada? Tem promovido reuniões neste sentido?

GEORGEO PASSOS: Retornamos à liderança da oposição, pois já tinha sido líder no meu primeiro mandato. Para mim, é o reconhecimento do nosso trabalho na Assembleia. Neste primeiro momento, já tomamos, em conjunto com os colegas de bancada, algumas decisões – em especial para a formação das comissões permanentes da Casa. Em todas elas a oposição tem representantes. Isso foi feito ouvindo os demais colegas para essa distribuição. Estamos sempre conversando, dialogando, traçando estratégias e também conhecendo um pouco mais os deputados e deputada que estão conosco nessa caminhada de oposição.

CINFORM ON LINE: A mudança de gestão alterou o seu estilo de trabalho na Alese ou tudo continua como antes, com a oposição tendo vez e voz na Casa?

GEORGEO PASSOS: Não. Continuamos fazendo oposição com responsabilidade, trazendo temas importantes para debates com os demais parlamentares. E mesmo com a mudança de direção na Casa não temos porque mudar o nosso estilo. Só esperamos que o novo presidente possa dar um pouco mais de atenção a oposição, inclusive, pautando os nossos projetos de lei, que protocolamos na Casa, por exemplo.

CINFORM ON LINE: E quanto ao líder do governo? Como tem sido sua relação com ele? Já conversaram sobre os embates que teremos pela frente?

GEORGEO PASSOS: Como fazemos uma oposição com bastante responsabilidade, já conversamos com o líder do governo, uma relação tranquila e com respeito. Lógico, que cada um defendendo o que acredita. Tenho certeza, que a missão dele é bem mais árdua e difícil que a minha, afinal de contas, muitos temas ele vai ter que defender o indefensável e tapará o sol com peneira.

CINFORM ON LINE: Sem parlamentares com história no sindicalismo é natural que os movimentos sociais e centrais sindicais apostem no seu mandato para a defesa de algumas pautas na Alese. Você já tem sido procurado neste sentido?

GEORGEO PASSOS: Sim. Nosso mandato sempre foi muito procurado, inclusive, atualmente. Pelo que você mencionou na pergunta: nosso gabinete estará sempre de portas abertas para ouvir, receber as sugestões, as ideias e para defendermos o que entendemos ser correto, na tribuna da Assembleia. E, lógico, nesse ponto específico, de sindicatos, já fizemos uma cobrança, na última semana, durante uma votação dos projetos que reajustaram salários dos servidores do Tribunal de Justiça, Ministério Público, bem como dos membros do TJ, MP e TC. E nós falávamos que, no momento, só o Poder Executivo, através do governador, ainda não cumpriu com sua obrigação de, pelo menos, encaminhar um projeto de lei dando, pelo menos, a recomposição das perdas inflacionárias para os seus servidores. E a nossa voz estará sempre à disposição dessa pauta, bem como para lutar por melhores condições de trabalho; para que eles desempenhem motivados as suas respectivas missões perante a sociedade.

CINFORM ON LINE: Com exclusividade, para esta reportagem, você é pré-candidato a prefeito de Ribeirópolis no próximo ano ou o grupo vai lançar outro nome?

GEORGEO PASSOS: Uma coisa é certa: nosso agrupamento terá cabeça de chapa na próxima eleição municipal. E, sim, estou colocando o meu nome como pré-candidato a prefeito de Ribeirópolis, no entanto, ele merece ser validado antes por todos que fazem parte do nosso agrupamento na cidade. Afinal de contas, ninguém é candidato de si próprio.

CINFORM ON LINE: Existe alguma possibilidade de composição com o atual prefeito ou com o grupo da ex-prefeita Uita Barreto?

GEORGEO PASSOS: Lógico que nós estamos abertos ao diálogo, tanto em relação ao prefeito como em relação ao grupo da ex-prefeita. No entanto, fazemos uma ressalva, nosso grupo não pode ser coadjuvante na próxima eleição, afinal de contas, tem uma grande história política em Ribeirópolis, bem como serviço prestado, assim sendo, nosso agrupamento tem que ser protagonista. Nesse sentido, entendo que qualquer composição que venhamos a fazer deve ser abrindo a vaga para um candidato (a) de vice-prefeito. Respeitamos os demais grupos na cidade, mas não temos o porquê de abrir mão da cabeça de chapa. Se alguém quiser fazer a composição nesse sentido lógico que iremos dialogar. Caso não, há uma grande probabilidade de no próximo ano existirem três ou mais candidaturas a prefeito na cidade de Ribeirópolis.

CINFORM ON LINE: Concluindo a entrevista, sua presença maior em Ribeirópolis pode lhe deixar mais distante das disputas na Grande Aracaju? Seu grupo terá candidatos próprios em outras cidades do Agreste?

GEORGEO PASSOS: Lógico que nós temos além da missão municipal, na condição também de Presidente Estadual do Cidadania, temos a questão estadual, por isso já estamos fazendo um planejamento com reuniões para que tenhamos o máximo de candidaturas pelo nosso partido. Iremos trabalhar, além de Ribeirópolis e estaremos participando de eleições em Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida, São Miguel do Aleixo, que é a nossa base eleitoral, bem como em outras cidades, inclusive, fora da região Agreste. Já com relação à disputa de Aracaju, lógico que não podemos, neste momento, descartar, mas avaliar com muito carinho também essa possibilidade.

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