A cantora Preta Gil usou as redes sociais na semana passada para revelar que foi diagnosticada com um câncer de intestino, também conhecido como câncer de cólon e reto ou câncer colorretal. A artista foi internada no Rio de Janeiro após sentir um desconforto abdominal. Exames apontaram a presença de um tumor adenocarcinoma na porção final do órgão.
O câncer colorretal é o terceiro com maior prevalência no Brasil. As regiões mais frequentemente acometidas são o reto e o sigmóide (porções mais finais do intestino), mas pode ocorrer em qualquer região. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estão previstos para 2023 mais de 44 mil novos casos no Brasil e cerca de 500 novos casos em Sergipe.
O médico Dr Felipe Augusto do Prado Torres explica que este tipo de câncer acomete igualmente homens e mulheres. “Não há predileção por gênero. A idade mais comum de aparecimento é a partir dos 60 anos, mas está cada vez mais comum sua incidência em população mais jovem, em torno dos 45 a 50 anos de idade. Por isso, é muito importante ficar atentos aos sinais como sangue nas fezes, muco nas fezes, alteração do ritmo intestinal (para constipação ou diarreia), dor abdominal e perda de peso” disse.
Dr Felipe Augusto do Prado Torres: “Os principais fatores são ambientais”
Segundo o especialista, apesar do componente genético ter um papel no surgimento do câncer de intestino, ou seja, pessoas que têm histórico familiar, os principais fatores são ambientais. Mais de 90% dos cânceres de intestino advém de exposição à dieta inadequada, pobre em fibras, com alta ingestão de carne vermelha (especialmente aquela usada em churrascos, queimada, com muita gordura), gordura animal, fritura, doces, fast food, embutidos e enlatados. “Outros fatores de risco são tabagismo, bebida alcoólica, obesidade, sendentarismo, doenças inflamatórias intestinais como doença de crohn e retocolite ulcerativa”.
Diagnóstico
O melhor exame para detectar o câncer de cólon é a colonoscopia, exame que é realizado sob sedação no qual, através de uma câmera, o médico analisa o intestino por dentro, identificando, prevenindo e tratando a doença em fase inicial. É o método considerado mais eficiente para a prevenção do câncer colorretal. Durante esse exame, é possível também realizar biópsias que confirmam a doença. Quando detectado em estágios iniciais, é possível conseguir cerca de 92% de cura.
A alta ingestão de carne vermelha é fator importante para o câncer de cólon
“A prevenção ao câncer de cólon passa, primeiramente, pelos hábitos saudáveis de alimentação, uma rotina de exercícios físicos regulares e manter o peso ideal. Além disso, se fizermos o exame colonoscopia em tempo adequado (a partir dos 45 anos) conseguimos identificar pequenas lesões pré-malignas chamadas ‘pólipos’, que podem ser retiradas durante o exame antes que se tornem câncer”, afirma Dr Felipe Augusto.
Tratamento
O tratamento é geralmente com cirurgia. O médico remove a porção do intestino com o câncer, com margens de segurança e também retiram os gânglios ao redor do intestino. Alguns casos mais precoces podem ser tratados com cirurgias mais econômicas por dentro do reto (sem cortes) e até por colonoscopia. A cirurgia, preferencialmente, é realizada por via minimamente invasiva, seja por vídeolaparoscopia ou cirurgia robótica. Estas vias conseguem os mesmos resultados oncológicos só que com recuperação bem mais acelerada, com menos dor, menos riscos e mais precisão.
Alguns casos podem precisar complementar com quimioterapia no pós-operatório. E no caso do câncer de reto, a radioterapia associada a quimioterapia tem papel importantíssimo. “A cirurgia robótica é a plataforma de cirurgia mais atual do mundo e já existe em Aracaju. Tive o prazer de ser o pioneiro da minha especialidade em Cirurgia Robótica, tendo realizado a primeira cirurgia em novembro de 2019”, disse o especialista.