*Por Evelyn Mateus

Dezembro é o mês da conscientização e luta contra o HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. A campanha, instituída pela Lei n° 13.504/2017, tem como objetivo promover atividades educativas, seja por meio de palestras, veiculação nas mídias ou através de eventos que assegurem informações sobre prevenção, assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas. Todo cidadão brasileiro diagnosticado com HIV, tem direito ao tratamento imediato com medicamentos antirretrovirais – conhecido popularmente como coquetel – para preservar o seu sistema imunológico e evitar que o vírus se replique dentro das células e venha a progredir a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Entretanto, apesar do tratamento antirretroviral (TARV) ser extremamente importante para diminuir o risco de morbimortalidade entre portadores, pode causar sintomas indesejáveis que prejudicam de forma considerável o seu estado nutricional. Dentre eles, os mais recorrentes são redução extrema da ingesta alimentar (anorexia), náuseas, vômito, diarreia e desconforto abdominal. Quando há comprometimento do trato gastrointestinal, a absorção de nutrientes também é reduzida, resultando na perda de massa magra que pode levar à desnutrição. Depois que a infecção já está controlada, esses sintomas costumam desaparecer, mas podem surgir outros efeitos adversos causados pelo TARV, como dislipidemia, diabetes e resistência à insulina.

Diante disso, o Ministério da Saúde traz algumas recomendações a fim de melhorar a saúde e qualidade de vida desses indivíduos, a partir de algumas mudanças nos hábitos alimentares, são elas:

► Transformar a alimentação em uma atividade prazerosa, na companhia de pessoas agradáveis, sejam membros da família ou amigos. É importante evitar ao máximo o estresse, a solidão e o isolamento;

► Alimentar-se em horários regulares, várias vezes ao dia, mesmo que em pequenas quantidades devido à falta de apetite. De preferência realizar 3 refeições principais e 3 pequenos lanches, utilizando alimentos saudáveis e variados;

► Consumir todos os dias frutas, legumes e verduras para melhorar o aporte de vitaminas e minerais que fora diminuído em decorrência do comprometimento do trato gastrointestinal;

► Incluir na alimentação diária boas fontes de proteínas, como carnes, aves, peixes e ovos para diminuir o impacto da perda de massa magra;

► Diminuir o consumo de açúcar refinado e demais alimentos que contenham grandes quantidades de açúcar como refrigerante, biscoito recheado e guloseimas em geral, já que o indivíduo em TARV está mais suscetível ao diabetes e resistência à insulina;

► Aumentar o consumo de alimentos integrais, pois são ricos em fibras, vitaminas do complexo B e minerais;

► Evitar ingerir líquidos durante as refeições para evitar o surgimento de náuseas e vômitos, mas consumir no mínimo 2 litros de água diariamente, de forma fracionada entre uma refeição e outra;

► Realizar a higienização e cozimento corretos dos alimentos para impedir que microrganismos causadores de intoxicação e infecção alimentar comprometam ainda mais o seu estado clínico;

► Excluir dos hábitos todo e qualquer tipo de bebida alcoólica, pois além de interferir na ação dos medicamentos, compromete ainda mais o funcionamento dos órgãos.

Ter acesso regular e permanente a uma alimentação de qualidade é direito de todos e cabe ao profissional nutricionista informar as orientações adequadas sobre a alimentação do paciente portador de HIV, de acordo com a fase do tratamento, na presença ou não de sintomas gastrointestinais, levando em consideração sua idade, seus hábitos e sua condição social.

*Por Evelyn Mateus – Nutricionista formada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Pós-Graduada em Nutrição Clínica e Esportiva pela FATELOS

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