Parte da estrutura do camarote estava
oxidada e pode ter ocorrido superlotação
Após o acidente que feriu 60 pessoas na tradicional festa a fantasia do Estado, a Defesa Civil municipal, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea), o Corpo de Bombeiros e peritos contratados pela organização do evento realizaram uma vistoria na estrutura do camarote na última quarta-feira, 11.
Segundo os órgãos que realizaram a perícia, a área do camarote que desabou foi de aproximadamente 86m² e as pessoas caíram de uma altura de 2 metros. O laudo oficial que irá apontar a causa mais provável para o acidente só será concluído no início de novembro. Dentre as hipóteses, estão superlotação, presença de ferrugem na estrutura, teste de carga mal executado ou instabilidade do terreno.
A pedido do CINFORM, o engenheiro civil Matheus Pizzi Andrade Cruz analisou a foto de uma das estruturas comprometidas e apontou que falta de manutenção e a oxidação foram as causas mais prováveis para a queda da estrutura.
“É algo que deve ser bem analisado sobre como aconteceu e todos os fatores que influenciaram, que pode ser desde a montagem da estrutura – o que eu acho pouco provável – e a manutenção dessa estrutura. A oxidação é normal, mas é aí que entra a manutenção da estrutura para evitar o seu colapso”, explica Pizzi.
Ainda segundo o engenheiro, a oxidação de uma peça de metal pode gerar um rompimento. “Toda oxidação de metal compromete o diâmetro de seção da estrutura e esse comprometimento se for em um ponto onde há um esforço pode levar ao rompimento”, acrescenta.
Por meio de nota oficial, o Corpo de Bombeiros afirmou que “foram apresentadas as ART’s dos sistemas elétricos, dos testes de carga e da montagem das estruturas, da elaboração e execução do PSCIP, bem como todas as declarações necessárias para aprovação”. No entanto, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do estado de conservação ou de manutenção estrutural não é exigida pelo CBM.
Os projetos das estruturas foram montadas pela empresa Proshow Entretenimento e Estrutura e apresentados ao Corpo de Bombeiros no dia 11 de setembro, aprovados no dia 29. Antes da festa à fantasia foram realizadas duas vistorias pela Defesa Civil Municipal para constatar se a estrutura foi montada de acordo com os projetos aprovados. Além disso, a organização do evento contratou um engenheiro para realizar um teste de carga de 500kg por metro quadrado para saber se a estrutura suportaria mais de duas mil pessoas no camarote, inclusive nas piores situações como deslocamento e pulos.
O delegado Gilberto Passos, da Delegacia Especial de Proteção ao Consumidor e Meio Ambiente (Deprocoma), instaurou um inquérito para apurar as causas do acidente que aconteceu na madrugada no dia 8.
Durante o show da cantora baiana Ivete Sangalo, parte da estrutura do camarote administrado pela cervejaria Devassa cedeu ferindo 60 pessoas, incluindo Joanny de Sousa que passou por cirurgia no joelho.