Por lá não há o acirradíssimo Enem para entrar numa instituição pública; o ensino é bom; e as particulares cobram baixo
Estudar Medicina no Brasil é difícil, concorridíssimo e caríssimo. Primeiramente, por ser tratar de uma profissão que é garantia de estabilidade financeira, proporciona um bom padrão de vida, ou seja, inúmeros brasileiros querem; e, claro, por se tratar de uma graduação que, numa faculdade particular, não sai por menos de R$ 5 mil mensal.
Cansados de saber da alta concorrência e em busca de um estudo mais econômico, milhares de brasileiros estão abandonando tudo no Brasil para estudar em Países da América do Sul, principalmente na Argentina. E, cada dia mais, o território argentino se torna destino dos sergipanos também.
Há oito meses, a sergipana Maysa Barros Machado, 20 anos, estuda na Argentina, mais precisamente na cidade de Santa Fé/Rosário, na Universidade Nacional de Rosário – uma instituição pública. “A decisão de estudar aqui foi extremamente complicada, a aceitação da família de eu estar em outro País, longe de tudo”, afirma.
MUITAS VAGAS
“Mas um conjunto de coisas boas fizeram com que eu quisesse vir para cá. Aqui não se perde tempo. Mesmo sendo um bom aluno no Brasil, tirar notas boas, você tenta vários e vários anos passar no curso de Medicina. Tenho amigos que tentaram cinco/seis anos. Aqui é bem diferente, não só para Medicina, mas para qualquer outro curso. É mais fácil”, informa Maysa.
Segundo a estudante, a qualidade da Educação e: “Queira quer não, a segurança que tenho onde vivo hoje, muito mais tranquilo que no Brasil, pesaram na decisão”, diz. As universidades públicas da Argentina estão entre as 50 melhores da América Latina e possuem diversos prêmios dentro e fora do País.
Além do mais, para entrar numa universidade pública, não há vestibular, apenas um curso de ingresso para nivelar os estudos que o aluno teve no ensino básico. “Dentro dele existem avaliações. Se a pessoa não obter aprovação, pode fazer a recuperação (tem duas chances)”, explica Maysa. O ensino superior na Argentina é um direito de todos os argentinos e de qualquer cidadão do mundo.
Maysa também destaca que na Argentina há muitas vagas disponíveis, visto que uma porcentagem muito pequena de argentinos se interessam pela Medicina. “Aqui não é algo que se estuda para obter muito dinheiro. O propósito é inovar e melhorar a Saúde. Já no Brasil, a Medicina se tornou um grande negócio”, diz.
MENSALIDADES BARATAS
Contudo, lego engano quem pensa que tudo são flores. “Geralmente, o pessoal desiste, vai para o Paraguai, uma faculdade particular porque o mais difícil aqui é o ensino. A educação básica do Brasil, principalmente a pública, não dá uma base para suportar o ensino puxado que temos aqui”, relata Maysa, que estudou o fundamental e médio em escola pública.
Ciente de todos as vantagens, desvantagens, Juliana Moraes, 17 anos, aluna do 3º ano do ensino médio, está decidida em embarcar para terra dos hermanos em fevereiro de 2018. “Sempre quis estudar fora do País, e, como a Argentina me ofereceu o curso que quero de graça, sem nenhum vestibular ou prova eliminatória, acabei gostando da proposta de ir para lá”, afirma.
Juliana também ressalta outras vantagens. “A língua falada é o espanhol, um pouco parecido com o português; é mais perto do Brasil; a faculdade que vou é pública e muito boa; e o custo de vida é barato comparado a outros países que nos dão essa proposta de cursar Medicina”, diz. Com relação às instituições particulares argentinas, vale lembrar que não há avaliação para ingresso e as mensalidades só bem menores que nas brasileiras.