O olhar e a visão do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe decidiram que o editorial do Cinform, da última semana, foi uma apologia à ditadura militar, quando sequer falamos dos anos 1970, ocasião em que recrudesceu a luta do Estado contra guerrilheiros do naipe dos dois Carlos: o Marighela, organizador de guerrilhas urbanas no Rio e em São Paulo; e Lamarca, que roubou do Exército 63 fuzis automáticos leves (FAL), metralhadoras INA, farta munição e infernizou o Vale do Ribeira, em São Paulo.
O editorial diz, apenas, que o evento de 1964 se contrapôs à tentativa revolucionária de transformar o país em uma ditadura comunista, fato que é facilmente reconhecido por qualquer pesquisador que se debruce, desprovido de preconceito, sobre a gênese do movimento que gerou a contrarrevolução de 31 de março, ocasião em que o Exército Brasileiro sufocou o que seria um golpe na democracia emergente.
Independentemente disso, o sindicato deveria defender, aí sim, a liberdade de opinião editorial, até porque, quem realmente pesquisa a história, sabe muito bem que os acontecimentos não se passaram como se lê nos livros, essencialmente quando estes, como é o caso do Brasil, são, predominantemente, escritos por professores e por seu discipulado recalcados pela derrota sofrida na tentativa de subtrair a nação brasileira, naquele 1964.
O editorial fala, com propriedade, que o Exército fez frente a um movimento de extremismo revolucionário, patrocinado por estados comunistas como a União Soviética (convertida, hoje, em uma Rússia capitalista); Cuba (que permanece na ruína comunista) e China (convertida em um “comunismo” aberto ao capitalismo).
Não sei em que circunstância racional se estribam alguns historiadores (a maioria) para defender que os comunistas que invadiram o Brasil na década de 1960 desejavam implantar uma democracia neste país. Para sentir a diferença, basta descortinar a visão e comparar as duas Coreias!
Respeito a opinião do sindicato, embora me pareça eivada de uma parcialidade caudatária da cobrança de militantes impregnados de literatura de viés comunista, aliada a um jornalismo que imita a lamentável pobreza intelectual da grande mídia, ou que segue a atuação político-ideológica de professores alinhados com um marxismo já morto e sepultado.
Não, senhor Sindicato, nós não negamos e nem defendemos a ditadura militar no Brasil, com 434 vítimas (Dados da CNV), entre mortos e desaparecidos; como também não negamos e nem defendemos a ditadura “proletária” dos bolcheviques, na URSS, com seus 20 milhões de trucidados; nem as mentiras deslavadas da “Revolução Cultural Proletária”, na China, com seus 60 milhões de exterminados; nem os crimes da ditadura de Guevara e Fidel, em Cuba, com seus 100 mil assassinados; nem o nazismo, na Alemanha, com seus 6 milhões de assassinados; nem os comunistas vietcongs, no Vietnam do Sul, sob o meigo Ho Chi Minh, com seus mais de 2 milhões de exterminados; tampouco o regime do comunista cambojano Pol Pot, com o sanguinário Khmer Vermelho e seus 2 milhões de executados.
Na mesma edição do CINFORM – em que o sindicato condena a liberdade do editorial – há um artigo fortíssimo da professora Sonia Meire (PSOL), praticamente um panfleto revolucionário, execrando o Ministério da Educação e o presidente Bolsonaro, com o dobro do espaço concedido ao editorial. O nome disso, senhor Sindicato, é respeito ao contraditório.
De igual modo, há um artigo de viés fortemente oposicionista, em que a excelente articulista Candisse Matos detona projeto do governo federal, no caso o da reforma da previdência, em um espaço de 3/5 de página (três vezes o do editorial). O nome disso, senhor Sindicato, é respeito ao contraditório.
Finalmente, nós defendemos, sim – e neste ponto o senhor Sindicato tem razão – o revisionismo da história do Brasil de 1964, 65, 66, 67 até 1985, e acrescentamos: mesmo gerando descontentamento, sob esta diretoria de jornalismo, o CINFORM jamais se dobrará à malsinada espiral do silêncio.