Entre 2014 e 2018, 3.488 novos casos da doença foram diagnosticados no estado

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões, mas também pode acometer vários órgãos (intestino, fígado, rins, gânglios, pele, cérebro, ossos). Um dos principais sintomas da doença é a tosse que se prolonga por mais de três semanas, podendo no início ser uma tosse seca e com o passar do tempo evoluir com aumento da expectoração (catarro), ou até mesmo apresentar rajas de sangue.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), entre 2014 e 2018 houve um aumento anual de novos casos diagnosticados da doença. Somente em 2018, foram registrados 826 novos casos da doença, contra 653 em 2014. Segundo o assessor técnico de vigilância em saúde da SES, o médico infectologista Marco Aurélio Góes, um dos fatores que explicam o aumento no número de casos da doença nos últimos anos, está a melhora no acesso ao diagnóstico.

“Mas temos outros fatores que tem interferido diretamente nesse aumento, como o aumento dos casos na população privada de liberdade, nas pessoas em situação de rua e pessoas vivendo com HIV/Aids. Outro ponto importante é a alta taxa de abandono do tratamento, pois quando a pessoa interrompe o tratamento volta a transmitir a tuberculose para a comunidade”, explica.

Apesar de ser uma doença passível de prevenção, tratamento e cura, a tuberculose ainda causa a morte de cerca de 4,7 mil brasileiros todos os anos. Nos últimos cinco anos, 235 sergipanos morreram em decorrência da doença somente em Sergipe.

TRATAMENTO

Segundo o infectologista Marco Aurélio Góes, a tuberculose é curável em quase 100% dos casos quando o tratamento é feito da maneira correta. Disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento dura no mínimo seis meses e toda a medicação é distribuída de forma gratuita, até mesmo para os pacientes do setor privado.

Marco Aurélio Góes, médico infectologista

“Esse tratamento, denominado de esquema básico, é feito com antibióticos (rifampicina, isonizida, pirazinamida e etambutol) distribuídos pelo SUS e tem duração de seis meses para a maioria dos casos, em alguns o tratamento precisa ser prolongado a depender da evolução. No entanto, por durar seis meses, quando alguns pacientes se sentem melhor, acham que estão curados e abandonam o tratamento antes de terminá-lo completamente, fazendo que a doença não seja curada”, comenta.

Um dos principais desafios para as equipes de saúde é criar estratégias para aumentar a adesão ao tratamento pela população que são alcoólatras, usuários de drogas ilícitas, privada de liberdade e em situação de rua. Populações estas que possuem as maiores taxas de abandono do tratamento contra a tuberculose.

CONTÁGIO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose mata quase 4.500 pessoas diariamente em todo o mundo, o que a torna a doença mais infecciosa do mundo. Segundo Marco Aurélio Góes, a doença que atinge mais homens do que mulheres em Sergipe, possui algumas comorbidades que aumentam os riscos de contágio e de morte.

“Vários fatores estão envolvidos nos óbitos, entre eles a presença de outras doenças que pioram a evolução, como a Aids e o diabetes. Mas além disso, os óbitos também estão muito associados a demora no diagnóstico que leva às formas mais graves da doença”, comenta.

A transmissão da tuberculose é feita via respiratória, por isso o contágio é maior em áreas de grandes aglomerados urbanos. O que explica o fato de que as cidades de Aracaju e São Cristóvão foram as que mais registraram a doença no estado, 240 e 132 respectivamente.

“A principal forma de evitar novas contaminações é identificar os casos de tuberculose o mais cedo possível e tratar todos os casos adequadamente. Além disso, todos os contatos da pessoa com tuberculose devem ser examinados para que possam ser identificados novos casos o mais cedo possível”, alerta o médico.

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