Desde o começo da pandemia da Covid-19, diversas ações vêm sendo adotadas pelo sistema de transporte público coletivo em Aracaju e na Região Metropolitana para contribuir com a prevenção, e garantir o funcionamento desse serviço que é essencial inclusive para manutenção dos demais. Na última semana, as empresas de ônibus receberam de forma conjunta, do Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal, uma série de recomendações para reforçar o combate ao Coronavírus.
Cada uma das recomendações foram respondidas com esclarecimentos quanto ao que já está sendo aplicado e quanto ao que será melhorado. Em linhas gerais, os órgãos destacaram a necessidade de se reforçar a higienização frequente e as campanhas de prevenção em proteção aos passageiros e aos colaboradores, e de estimular o uso da bilhetagem eletrônica evitando a utilização de dinheiro em espécie. Desta forma, as empresas de ônibus através do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), com a campanha Transporte Cuidado, já deliberou medidas de ratificação e ampliação no combate à Covid-19.
Tais como: reforço na comunicação e no efetivo de agentes que atuam na prevenção nos terminais; maior reposição de materiais de higiene (álcool, termômetro, sabonete e outros), aumento das rotinas de higienização e sanitização de ônibus e terminais; e na conscientização do trabalhador e do passageiro quanto à somação nesse processo de prevenção, com o uso obrigatório da máscara, o incentivo à lavagem das mãos e a troca do uso do dinheiro pelo cartão eletrônico.
Em contrapartida, na resposta o setor do transporte teve a oportunidade de fazer considerações também quanto às medidas que, embora pertinentes, têm sido inviáveis de se aplicar. Como a disponibilização de álcool nas portas de entrada/saída dos ônibus, não recomendável por medidas de segurança, e a sugestão de limitação de público nos veículos pelo número de assentos, que gera outros impedimentos.
Por ser um serviço característico de transporte de massa, para que ocorra essa limitação de público seria necessário no mínimo o dobro da frota total atual para atender a demanda que ainda marca mais de 100 mil usuários por dia. Mesmo assim, o sistema continuaria sofrendo aglomerações tendo em vista que os horários de pico ainda não foram ampliados a contento. A limitação de passageiros também iria interferir diretamente no tempo de embarque/desembarque e na mobilidade das pessoas. E como fazer essa restrição de público a cada subida/descida nos Terminais e pontos de ônibus sem expor os trabalhadores rodoviários ao risco de confronto com os passageiros?
Soluções
Todavia, as empresas de ônibus pontuaram aos MPs soluções que podem ser alternativas para o transporte e já estão sendo tratadas junto aos órgãos gestores. O escalonamento dos horários de início e fim dos setores produtivos, ampliando de duas para três ou quatro horas em média cada pico, é uma grande solução não somente para o momento de pandemia como para a fluidez do serviço de transporte em todo tempo. A fiscalização contínua dos corredores exclusivos para ônibus em horários de pico, além de semáforos que priorizem a circulação do transporte coletivo, utilizado por 75% da população, também surtiria efeito significativo na agilidade do serviço, como vem ocorrendo em outras capitais.
Bem como, é salutar o controle da priorização do uso do transporte por aqueles que estiverem acessando ou operando os serviços essenciais neste momento de pandemia. A consciência individual de evitar a circulação quando não for indispensável neste período, pode contribuir muito com o bem estar coletivo. O sistema ainda marca uma queda de 45% do número de passageiros, contudo, nos horários de pico ainda se vê um volume expressivo de pessoas nas ruas.
O setor de transporte se colocou à disposição dos referidos órgãos para manter o diálogo e se somar a toda medida de combate ao vírus e melhor atendimento à mobilidade das cidades.