PMA alega gastar quase R$1 milhão. Valor soa estranho

Para surpresa e tristeza de estudantes, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria da Educação, anunciou que o tradicional desfile cívico da Rua de Bahia, que aconteceria no dia 3 de setembro, foi cancelado devido à falta de recursos – justificativa corriqueira da Administração Municipal, a exemplo do Forró Caju. Contudo, algo soou estranho: seria necessário mesmo gastar R$ 800 mil?

Este valor exorbitante foi anunciado pela Prefeitura de Aracaju para a realização do desfile e deixou diversas pessoas com a pulga atrás da orelha. “Mantive contato com o ganhador da licitação e todo o evento seria feito por menos de R$ 120 mil – com tudo. Então, como gastaria R$ 800 mil?”, questiona o vereador de Aracaju Cabo Amintas.

“Foram duas empresas que ganharam a licitação, uma cuidaria do palanque e som e a outra de todo o restante da estrutura. Uma das vencedoras ganhou com valor de R$ 21 mil”, informa o vereador. Entre os próprios alunos da rede municipal as dúvidas com relação à quantia alta também predominam.

INSTRUMENTOS TRANCADOS 

Vereador Cabo Amintas: “com boa vontade, há tempo sim de fazer o desfile” (crédito Walter Martins)

“Acho inadmissível dizer que precisa de R$ 800 mil para fazer um desfile, sendo que muitas das coisas são da Prefeitura. Sei que a equipe envolvida no evento é muito grande, mas achei demais esse valor”, afirma um aluno da rede municipal, que participa de desfiles cívicos há sete anos e prefere não se identificar com medo de represálias.

Outro aluno da rede municipal, que é comandante de uma banda marcial e prefere não se identificar, também ficou indignado com o valor divulgado pela Prefeitura. “Quase um milhão de reais… Na minha visão, teriam meios de fazer. Não precisava ser tão grandioso como nos outros anos, mas que não deixassem passar em branco. A Rua de Bahia é a porta para todos os desfiles”, diz.

Para completar a situação, na última sexta-feira, 25, por meio de instrutores, alunos das bandas marciais teriam sido informados que a gestora da Secretaria Municipal de Educação – Semed -, Cecília Leite, ordenou que as direções das escolas trancassem as salas dos instrumentos musicais, impedindo a utilização.

PREJUÍZO FINANCEIRO
“Hoje (última sexta-feira) pela tarde o que passaram é que os colégios do Município não terão desfiles. Foram os próprios instrutores que falaram isso para gente. Achei essa ordem um pouco sem explicação, descabida e radical”, diz o aluno que participa de desfiles há sete anos.

Ou seja, os estudantes não poderão participar nem dos desfiles de Bairros da Capital, tampouco do da Avenida Barão de Maruim – promovido pelo Governo do Estado. “Dessa forma deixaremos as escolas do Interior na mão, já que estamos proibidos de mexer nos equipamentos. Ordenaram que parássemos os ensaios”, informa aluno comandante de uma banda.

Ele também reclama do prejuízo financeiro que terá com a não realização do desfile da Rua de Bahia. “Já tínhamos feito fardamento porque, quando a Prefeitura libera ajuda de custo para as roupas, não dá mais tempo fazê-las. Então, sempre tiramos do nosso bolso para depois cobrir. Gastei R$ 350 neste ano, pois sou o mor, o guia da banda”, desabafa.

“GESTÃO INCOMPETENTE” 
Indignado com a situação dos estudantes, Cabo Amintas se dispôs a realizar o desfile da Rua de Bahia, claro, num molde mais simples. “Estive com dois empresários e consegui palanque e as barricadas para isolar o local”, informa. Mas, segundo o vereador, a Prefeitura está criando empecilhos.

“Faria o desfile se a Prefeitura não estivesse tomando a atitude que está tomando. Estava fechando o som quando fui surpreendido com a informação de alunos, integrantes das bandas, que a Prefeitura, através da secretária de Educação, está proibindo retirar os instrumentos das escolas”, relata Cabo Amintas.

“A Prefeitura quer inviabilizar a realização do desfile, pois sabe que estaríamos provando a incompetência deles, e digo mais, provando a desonestidade deles”, frisa o vereador, que já tentou, por várias vezes, conversar com a gestora da Semed, mas sem êxito. Já a Assessoria de Imprensa da Secretaria nega que cabo Amintas tenha, ao menos, tentado diálogo.

“Essa informação que não tentei falar com a secretária é falsa, mentirosa”, rebate o vereador. “Acho que, com boa vontade, há tempo sim de fazer o desfile. Estou doando palanque e barricadas, se isso é caro para Prefeitura”, reafirma Amintas.

SUPOSTA COMPRA 

Secretária da Semed diz que decisão de não ter desfile “pauta-se em um compromisso de gestão”

Procurada pelo Cinform, a secretária da Semed, Cecília Leite, nem nega e nem confirma a informação que ordenou o trancamento dos instrumentos musicais, apresenta detalhamento dos gastos – chegando ao valor de R$ 800 mil – e rebate todas as informações dadas pelo vereador, dizendo que “essa informação tem bases frágeis”.

“A decisão (de não ter o desfile) pauta-se em um compromisso de gestão, de não gastar recurso com eventos enquanto as necessidades básicas das escolas não estiverem atendidas. A Semed iniciou as discussões para a realização do desfile cívico da Rua de Bahia há pelo menos quatro meses quando, por meio de portaria, criou a comissão organizadora”, informa Cecília.

“Constatou-se, através das falas dos diretores de unidades educacionais que a totalidade delas não estava preparada para desfilar, não possuíam os instrumentos da banda marcial, nem fardamentos”, explica a secretária. Segundo ela, seria necessário comprar R$ 355.760,00 em equipamentos musicais. Contudo, estranhamente, em nenhum momento, vereador e alunos manifestaram este tópico tão relevante. Desta forma, fica difícil descobrir quem fala a verdade.

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