
Aliados ao uso de tecnologia de irrigação e assistência técnica, agricultores de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão conseguindo produzir repolho no clima semiárido. A hortaliça se desenvolve melhor no clima frio e já chamava atenção quando era plantada, há alguns anos, na irrigação pública do centro-sul e no agreste do estado, onde o clima é mais úmido. São produtores de repolho atendidos pelo Governo do Estado em perímetros irrigados que produziram quase 74 toneladas, em 2024.
Em 2025, no perímetro Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), em Canindé, o repolho foi plantado em abril e dependia unicamente da irrigação. Perto de sua colheita, no fim de junho, já era influenciado pela diminuição da temperatura do período chuvoso. Já no perímetro Piauí, em Lagarto, neste ano, a safra do repolho começou ainda mais cedo, com o plantio em março, para ser colhido em maio e com um aproveitamento ainda menor do período de frio, em Sergipe.
Segundo o gerente do Piauí, Gildo Almeida, mesmo em dias de chuva, as bombas do perímetro irrigado voltam à funcionar em casos especiais, como o do repolho. “A gente fica atento, para oferecer a irrigação através da Coderse e dar o suporte que eles precisam, como parte do acompanhamento técnico. Pela estação meteorológica, lá no perímetro, sabemos, todos os dias, quantos milímetros choveu. Se for pouco e como o repolho requer mais água, a gente sempre fica em comunicação com o produtor e faz, da melhor forma, um abastecimento de água extra”, explica.
Califórnia, Piauí e Jacarecica I, em Itabaiana, no agreste sergipano, foram os três perímetros irrigados estaduais que produziram quase 74 toneladas de repolho, durante o ano de 2024. Eles fazem parte do conjunto de sete unidades em que a Coderse – vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) – incentiva a agricultura irrigada no estado, oferecendo infraestrutura de armazenamento e distribuição de água bruta.
Para o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, o repolho é mais uma opção de produto da irrigação pública no mercado, para o produtor não ficar atrelado à insegurança da monocultura. “O produtor tem mais segurança financeira, se sua renda vier da produção e comercialização de uma diversidade de produtos. Se ele oferecer só um produto, ele assume o risco de uma queda no valor de mercado e pode até ter prejuízo. Por isso a Coderse sugere variar a produção, com assistência técnica, estudo de mercado e principalmente, a água, para irrigar o ano todo”, analisa.
Manejo e comercialização
O produtor Genilson Cardoso, conhecido como Genilson do Quiabo, investe, pelo segundo ano, com sucesso, na produção de repolho, em Canindé, por ser uma planta de ciclo rápido para a rotação de culturas agrícolas. “Tem que mudar de cultura e eu optei pelo repolho, que, em 90 dias, já colhemos e plantamos outra cultura porque, se plantar só o repolho, a terra vai ficando fraca. Aqui eu já plantei tomate, milho, quiabo e agora repolho”, conta o irrigante do Perímetro Califórnia.
Genilson conta que não teve dificuldade com pragas e doenças no repolho, cultivado em Canindé. A comercialização da safra de 2025, com quase um hectare plantado, já estava negociada antes da colheita e desta vez atendeu a demanda do próprio estado. “Essa aqui vai para Itabaiana, mas eu já mandei para Recife, Caruaru, Salvador, Maceió e Aracaju. Foram dois caminhões de repolho”, destaca.
O produtor irrigante aconselha aos outros produtores rurais o plantio do repolho. “Se você quiser plantar, é uma cultura fácil de vender. Eu gosto de plantar, todo ano eu planto, mas tem que plantar no tempo frio porque, no verão, é difícil de tirar ele. No tempo de inverno é bom, ele não adoece muito”, aconselha.
Assistência técnica e irrigação
Mesmo experiente para plantar, Genilson do Quiabo tem o auxílio dos técnicos agrícolas da Coderse. “Eles sempre dão uma dica. A gente vai na prática e vai pedindo para eles, como é que a gente vai fazer para sair melhor. Nós não estudamos para isso, só sabemos mexer com a terra. Mas a importância da irrigação é tudo, a gente sobrevive dessa irrigação. Se não tiver irrigação aqui, o ‘cabra’ não tem emprego. Quem é agricultor tem que ter irrigação, para manter a família e manter os trabalhadores, também. Todo o tempo a gente tem roça aqui. É tirando uma roça e já plantando outra”, completa.
Fonte: SECOM – SE