Foi realizado ontem – quinta-feira (24), o seminário “Lampião, uma história que não se apaga”, uma ação idealizada pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), por meio da Escola do Legislativo (Elese). O evento, ocorrido no auditório da Elese, reuniu pesquisadores e escritores especializados na história de Lampião, conhecido como o Rei do Cangaço. Durante o encontro, foram debatidos os impactos da atuação de Lampião na cultura, além de seus reflexos nas áreas social, econômica e política no Nordeste.

Reconhecido como uma das figuras mais emblemáticas da história e do folclore nordestino, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi um líder cangaceiro nascido em Pernambuco. Ele teve uma atuação marcante em diversos estados do Nordeste, incluindo Sergipe, onde seu bando permaneceu ativo por vários anos. O estado foi palco de importantes episódios do cangaço, culminando na emboscada da Grota do Angico, em Poço Redondo,  local onde Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros foram mortos, no dia 28 de julho de 1938.

Lampião em Sergipe

Segundo os historiadores, Lampião chegou a Sergipe pela primeira vez em 1929, no município de Carira, retornando em 1931, na cidade de Capela. Ele exerceu grande domínio no estado, dividindo-o em áreas de atuação e colocando sob o comando delas cangaceiros de confiança, como Zé Sereno, Mariano, Juriti e Zé Baiano  (O último considerado o mais violento do grupo, com forte presença na região de Frei Paulo, no povoado Alagadiço, onde morreu em confronto com moradores locais).

O coordenador de Assuntos Culturais da Elese, Benetti Nascimento, destacou a importância de manter viva essa discussão. “A morte de Lampião aconteceu em 28 de julho de 1938. Antecipamos o evento para o dia 24 justamente para oferecer uma oportunidade àqueles que desejam participar da missa, que será realizada na segunda-feira, mas que também querem refletir antes sobre o que essa figura representa na história, cultura e nos movimentos sociais e políticos de Sergipe. Lampião é uma figura emblemática. Por isso escolhemos o tema ‘Lampião, uma história que não se apaga’. Veja só, 87 anos depois, ainda estamos aqui debatendo sua importância, sua simbologia. Isso mostra o quanto essa memória continua viva”, explicou.

Palestras

O seminário abordou diversos temas relevantes. A palestra “Poder e Cangaço: as tramas do banditismo na região de Frei Paulo”, foi ministrada por Antônio Porfírio de Matos Neto.

“Este ano completa 87 anos da morte de Lampião e, ainda assim, seguimos falando sobre ele e sobre os acontecimentos que marcaram o Nordeste brasileiro. O cangaço foi um movimento que, de certa forma, revolucionou as relações entre os coronéis, o poder e a política. Vou abordar, por exemplo, o ciclo do algodão, que Lampião identificou como uma fonte de lucro em Sergipe. Ele chegou a firmar um pacto de não agressão com o governador da época. É por isso que ele jamais é esquecido. Ainda há muito a ser pesquisado e analisado, inclusive com novas metodologias, como estou fazendo ao incluir a análise econômica do ciclo do algodão. Sergipe exportava esse produto para a Europa, principalmente após a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929. A partir de 1930, Frei Paulo tornou-se parte dessa cadeia de exportação, enviando o algodão para Recife, antes de chegar ao mercado europeu”, relatou o palestrante.

Outros temas também foram abordados, como “O cangaceiro e o banditismo rural”, discutido pelo professor e filósofo Anderson Nascimento, e “Maria Bonita – Dona Maria do Capitão”, apresentado pelo escritor e advogado José Bezerra.

Participação

O seminário contou com a presença de estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental dos Colégios Jugurta Barreto e Purificação. A jovem Yasmim Santos, de 15 anos, participou do evento. “Eu amei bastante, gostei muito do conteúdo. Aprendi muitas coisas novas. Dou nota 10 ao evento! Foi muito importante para a minha aprendizagem e para valorizar a nossa história e cultura.”

A professora de história Fernanda Alves também destacou a relevância do seminário. “Falar sobre o Nordeste, desta vez sob o olhar dos próprios nordestinos, escrevendo sua história, é algo extremamente importante. Essa vivência fora dos muros da escola representa uma forma de aprendizagem significativa, que ajuda a plantar uma semente no coração e na mente dos alunos, para que entendam o valor da história do Nordeste — não apenas no passado, mas também seu reflexo nos dias de hoje.”

Fonte, Ascom – Alese.

Fotos: Joel Luiz / Agência de Notícias Alese

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