Por Shirley Vidal

Dizem que os dois principais momentos da vida são: o dia em que se nasce e o dia em que se descobre o porquê.

Trazendo para mim essa história, sempre tive a intuição que vim para comunicar, visto meu gosto por escrever, falar e ter boa escuta. Obrigada vocês, por tanta paciência ao reservarem um tempinho pra ler esta reflexão semanal e viajar comigo nas ideias.

Há mais de oito anos, ao ser demitida como gestora de um setor de comunicação corporativa, fundei a @vipconecta. No primeiro ano de operação (2012), 100% dos clientes da agência eram do setor da construção civil. Nosso discurso era: “compre sua casa própria”.

Hoje, atendemos em menor escala este segmento e a maioria dos nossos clientes, agora, são do setor de saúde. Nosso discurso passou a ser “cuide-se”.

Eu também já não sou a mesma. Com 42 kg a menos, lhe garanto: a leveza vem de dentro. A transformação interna atrai para as nossas vidas pessoas e até os clientes que precisamos, alinhados com o nosso modelo de sentir, agir e encarar o mundo.

Passei a ser mentora de profissionais. Muitos deles, da área de saúde também. Impressionante como resgato meu passado e vejo como tudo tem se transformado e que, para passar por esta gangorra chamada vida, é necessário se conhecer em profundidade.

Muito em mim ainda irá se transformar nesta existência abundante em lições. 2020, como batizaram vários espiritualistas, é um ano Mestre. E, com pouco mais de trinta dias para findá-lo, agradeço por estar aqui, servindo.

Sempre relato que o princípio, meio e fim da agência co-criada neste plano é relacionamento. Nosso negócio é gerir relações. E nesta Terra diversa, plural, com estudantes do maternal ao doutorado em níveis distintos de maturidade, nos encontramos na série onde precisamos estar e com os indivíduos que necessitamos nos relacionar.

Diante de todas as mudanças impostas pela pandemia, se relacionar ficou ainda mais crítico. As polaridades, verdades pregadas como evangelho e dogmas de todos os tipos, tornaram-se cansativas. Fomos obrigados a enxergar o essencial até para mantermos a sanidade.

Relações profissionais, familiares, conjugais, de amizade, todas, passaram (e passam) por um teste. É aí onde somos convidados a nos interiorizar, a refletir valores, sejam eles estruturais ou negociáveis. Tudo aquilo que eu considerar estrutural precisa coexistir diante de qualquer relação. E como sobreviver nesta realidade de contratos temporários no trabalho, no amor e em demais esferas? Desconheço outro caminho que não seja se fortalecendo em ser quem se é.

Valor estrutural é a pura essência, é o pilar que sustenta uma casa. Se a pessoa faz a tentativa de um valor estrutural ser negociável, pode acabar se ferindo, pois não tem base emocional para suportar. Quando me afirmo ser monogâmica, espiritualista, empreendedora, viajante, aventureira, tagarela, mãe de menino, de gata e se brincar, da minha família, mentora, literária, eterna estudante, etc, traço meu perfil estrutural. Nenhuma característica essencial deixará de existir em mim onde quer que eu vá (outro País, planeta, satélite). Portanto, em todas as relações que eu vier a desenvolver, este é meu norte fixo, não negociável, mesmo me reconhecendo flexível, sem ser permissiva ou chegar ao ponto de ser desrespeitosa comigo mesma.

E ao listarmos esses pontos do que almejamos para nós diante do que valorizamos, temos clareza em cada passo. “Qualquer problema que você tiver comigo, é seu”. Esta é uma verdade digna de autoanálise. Porque projetamos quem somos nas ações ou suposições de intenções de outras pessoas. Esse jogo de espelhos é muito perigoso porque nos revela a sombra psicológica, aquele ponto cego da direção.

E são muitas sombras a desvendar pela eternidade. O que me encoraja, em particular, é o calor de cada relação. Quando aperto a mão de um cliente e ali firmo a minha responsabilidade diante do que foi confiado. É quando partilho preocupações, vitórias e atalhos criativos com uma equipe que se mantém, inclusive, por sinergia. É quando fecho meus olhos e sintonizo Deus sem precisar de intermediários. É no abraço e no ‘eu te amo’ incondicional dado em meu filho. É na irmandade de amigos queridos que sustentam a minha alma ao tropeçar ou celebrar. E numa vida que vale a pena ser vivida também merecemos encontrar a velha sandália para calçar nossos pés cansados. Da boa companhia, amizade, cuidado, que pode ir desde o brinde do chopp gelado ao afeto de uma cama aquecida. 2020, mestre querido, nos ensina que a felicidade está embutida nos momentos mais simples de todas as relações.

 

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