Das grandes personalidades de Sergipe, o nome Raymundo Luiz da Silva fulgura como uma das mais notáveis no formidável campo da área jornalística em nosso belo Estado. Escritor por vocação, radialista por talento – um virtuoso Homem que assinala seu nome na ampla seara cultural sergipana.
Muitos já me perguntaram donde advém a inspiração para os meus escritos de pesquisa histórico-sociológica, e hoje reconheço no presente artigo que uma das minhas maiores centelhas de entusiasmo no universo das letras se localiza no reluzente nome de Raymundo Luiz da Silva: ele é daqueles respeitados jornalistas que Sergipe nunca dantes viu florescer. Nasceu num dia 28 de setembro do ano 1929. Dedicado filho dos queridos Manuel Messias da Silva e D. Eremita Moura, pais amados que sempre instilaram nele e nos outros dois filhos o sentimento de empatia e fé inexaurível.
O admirado radialista, jornalista e escritor extraordinário marcou seu tempo e edificou indelével trajetória com atuação destacada nos mais relevantes meios de comunicação do Estado de Sergipe. Durante a sua resplandecente juventude, jogava futebol com afinco, meio-campista nato do time Cotinguiba – este último vale ressaltar seu time desde a mais tenra idade, além de ter sido seu presidente. Além dessa equipe, foi destacado atleta do Sergipe e do Itabaiana.
Nos jocosos tempos escolares, teve a enorme honra de ser devoto aluno da mítica Professora Guiomar Tavares, no clássico Colégio Santo Antônio. Foi aí que concluiu o ensino primário, e já nessa época cultivava o amor incondicional pelas Letras. Quanto ao nível ginasial, o finalizou junto com o antigo ‘científico’ no Salesiano. Vale mencionar que enquanto esteve no Salesiano, Raymundo Luiz atuou no influente ‘Auri Verde’, time de futebol do Colégio. Não era muito bom com cálculos matemáticos, mas em compensação era ótimo no futebol, o que o fazia passar na média.
Foi consecutivo do proeminente Banco do Comercio e Indústria de Sergipe, sob a então propriedade do mitológico José do Prado Franco. Passado esse tempo de aprendizados, o ano de 1953 marca a biografia de Raymundo Luiz: é nesse liame temporal que ele ingressa no Banco do Brasil, sendo sua lotação designada para a cidade de Itabaiana. No ínterim mencionado, Raymundo interrompeu o curso de Filosofia, que frequentava na Faculdade Católica, de Dom Luciano. O ano de 1952 é caracterizado pela chegada dele em Itabaiana, já para aportar como seu mais afável morador.
Os anos que passou em Itabaiana foram edificantes na história de Raymundo Luiz, pois lá pôde viver com emoção dias inesquecíveis na tradicional pensão da D. Antonieta – logo após, morou na fundante República Cajaíba, onde justamente residia com uma turma pertencente ao Banco do Brasil. Em 1953 contraiu belo matrimônio com a estimada D. Maria de Lourdes Azevedo Silva. Jogador talentoso de futebol jogou na equipe Tremendão da Serra. Devemos registrar que ele lecionou inglês no Colégio Murilo Braga, sendo o pioneiro no ensino da língua inglesa em Itabaiana.
Aqui, em especial, vale o detalhe com referência ao tradicional Colégio citado: seu então dirigente era Dr. Luiz Carlos Fontes de Alencar, que foi Ministro do STJ. Depois de três anos, em 1956, Raymundo Luiz foi transferido para o Banco do Brasil em Aracaju. Na área jornalística, seu cabeçalho profissional se deu de forma bastante interessante: enquanto estava escrevendo para a Associação dos Cronistas Desportivos de Sergipe (ACDS) publicava um Jornal chamado ‘Gazeta dos Esportes’ e, em determinada ocasião, o seu então presidente solicitou a Raymundo para que escrevesse matérias sobre fisiculturismo, esporte que era praticante.
Desse momento em diante, Raymundo passou a escrever prolificamente a sua intensa história de êxitos na imprensa sergipana. A partir da criação da Rádio Cultura, ele coordenou habilmente a vanguardista equipe esportiva da antológica emissora.
Nomes como: Paulo Gomes, Alceu Monteiro, Antônio Barbosa, Carlos Magalhães, Wellington Elias dentre vários outros vultos, já nos faz imaginar em como eram impecáveis as transmissões dessa efervescente época auferida. Ele escrevia e narrava com essa qualificadíssima equipe, o ‘Nossa Opinião’, programa voltado para relatar prodigiosas crônicas, com transmissão diária às 13hs: condutor absoluto de audiência.
Como podemos notar com ênfase, Raymundo Luiz sempre foi um cara apaixonado pelos esportes, e criou o Centro de Cultura Física de Sergipe – ressalte-se aqui: o percussor das atuais Academias. No jornalismo, Raymundo Luiz foi dinâmico diretor do Sergipe Jornal e do importante Diário dos Associados de Aracaju. Dotado por um amplificado conhecimento cultural e exímio conhecedor da língua portuguesa, ele se ancorou na vida sergipana pela incrível aptidão e idoneidade, sendo um enorme realizador em nossa atmosfera cultural.
Na esfera política, foi Secretário de Comunicação dos dois primeiros Governos de João Alves Filho, onde dentre tantas ações pioneiras, realçam-se: criação da TV Aperipê, canal voltado para a cultura do nosso Estado. Um dos sinônimos de Raymundo Luiz é, indubitavelmente, a palavra inovação – exemplos disso: carros de som distribuídos nas ruas que informavam a programação da emissora, algo revolucionário. Além disso, Raymundo originou outras TVs em Sergipe: TV ALESE e, logo após, a TV Jornal.
Jornalista de corpo e alma, Raymundo Luiz recebeu inúmeras homenagens, dentre as quais podemos descortinar: Medalha da Ordem Aperipê, outorgada pelo Governo de Sergipe; a Medalha Serigy via Prefeitura Municipal de Aracaju e a Medalha do Mérito Parlamentar oferecida pela Assembleia Legislativa. Competente escritor, Raymundo Luiz foi responsável por redigir uma miríade de discursos e pronunciamentos para distintas autoridades e renomados políticos sergipanos.
Eram textos irretocáveis, cujo lancinante primor fazia com quê se percebesse uma espécie de incorporação com relação ao próprio temperamento e personalidade daquela pessoa citada, à qual ele fornecia voz por meio da arte das palavras. Trabalhou no Diário de Aracaju, tendo sido seu Diretor Executivo; no Jornal da Manhã, atual Correio de Sergipe; e A Cruzada, jornal então editado pela Arquidiocese de Aracaju e que tinha como editor-chefe o seu estimadíssimo amigo, o mitológico João Oliva – em saudosa memória, este também personagem imprescindível na História das Letras e da mais riquíssima cultura sergipanas.
Raymundo Luiz vivenciou a quintessência da arte de escrever em Sergipe: conviveu com talentosíssimos redatores, dentre os quais o próprio João Oliva, Padre Luciano, Silvério Leite, Manoel Cabral Machado, Jorge de Oliveira Neto entre outras vultosas figuras. Eles redigiam luminosos editoriais, como o ‘Nossa Opinião’, que, no começo, era lido por Raymundo Luiz e, logo depois, por nomes do quilate de Reinaldo Moura e Dermeval Gomes – sinônimos da mais alta tradição radiofônica e cultural de Sergipe.
Das ações inéditas empreendidas por Raymundo Luiz podemos citar a atuação dele na Rádio Cultura, onde montou uma equipe esportiva e estruturou a programação de esporte da emissora, no determinante ano de 1959. Por sua esplêndida iniciativa, a Rádio Cultura passou justamente a produzir matérias com as equipes de futebol de Aracaju fornecendo, assim, um formato novo a esse tipo de noticiário que, comumente, se reportava aos clubes do sul do Brasil.
Nesse glorioso tempo, passou a ser comentarista esportivo da equipe por ele criada, o que fez com quê se consagrasse, tempos após, como sendo um dos mais respeitados analistas de futebol. Quem conheceu Raymundo Luiz, já percebe que é daquelas sumidades – o radialista de prosa descomplicada, comunicador como jamais se viu em Sergipe, cujo eterno slogan ‘Falando Francamente’, o faz ser infindável no seio de todas as torcidas, sendo até os dias hodiernos, a sua marca registrada.
Além das que foram citadas, Raymundo Luiz trabalhou na TV Sergipe, na TV Atalaia, chegando a implantar outras três emissoras de TV, em Aracaju: as mencionadas TV Aperipê, TV Jornal e TV ALESE. Ele permanece como sendo um dos maiores escritores de Sergipe, morando em seu célebre palacete, localizado na tradicional Avenida Barão de Maruim – ladeado pela sua eterna companheira, Maria de Lourdes, conhecida carinhosamente como D. Lourdinha, seu genuíno amor e amiga de todas as horas. Ele se consagra como sendo um daqueles mais altivos cidadãos que podem descansar no travesseiro à noite com a legítima sensação de missão desempenhada.
Portanto, são poucos os que entram e saem da vida pública sem nódoas, e, com certeza, Raymundo Luiz é uma dessas impolutas figuras. Honradez, alinho, integridade e discernimento são apenas alguns dos atributos que erigem a sua melíflua personalidade. Inteligente acima da média, um ser humano que fez e continua fazendo sobremaneira pela exaltação cada vez maior do nosso belo Estado. Possui cinco filhos que o seguem fielmente: Ângela, Raymundo, Breno, Dinara e Sérgio. Além de ser o amável avô de seis netos e bisavô de quatro bisnetos. Amante dos passarinhos, principalmente os curiós que latejam nele a sensibilidade formosa da sua admirabilíssima vida – e que existência aclamada é a de Raymundo Luiz – altaneiro sinônimo de compostura em Sergipe e no Brasil.
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Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo – Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com