Os alunos do Colégio Estadual Barão de Mauá vivenciaram uma experiência enriquecedora na quinta-feira, 9, durante a visita ao Abassá Pilão de Oxaguian, localizado na comunidade do Aloque, em Nossa Senhora do Socorro. Promovida pela Coordenadoria de Educação do Campo e Diversidade, da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Cecad/Seduc), por meio de visita guiada, palestras, danças e trilha ecológica no entorno da comunidade, os estudantes do grupo de estudos Azuela tiveram a oportunidade de discutir e entender a interligação entre meio ambiente, racismo religioso e racismo ambiental.

O babalorixá Cristiano Santos, líder do Abassá Pilão de Oxaguian, foi o anfitrião e mostrou o trabalho contínuo de preservação que é realizado na comunidade do Aloque. A apresentação artística ficou por conta da Ya Efun e bailarina de dança afro Brenda Carvalho. Durante o encontro, foi possível debater sobre a importância do meio ambiente para o culto do candomblé com o ogã e estudante universitário Pedro Henrique e o babakekê e também estudante Rael Galdini. Já a egbome e advogada Isabella Sandes conduziu a conversa sobre racismo ambiental e as lutas dos povos de terreiro por políticas públicas direcionadas ao meio ambiente.

Quem também palestrou no evento foi o abian, turismólogo e coordenador do programa de Educação Ambiental de São Cristóvão, Manuel Santos, que dialogou sobre os cuidados aos bens naturais. Os alunos realizaram plantio de árvores nativas. “Essa jornada não apenas ampliou a compreensão ambiental dos estudantes, como também fortaleceu os laços entre a comunidade escolar e a importância da conservação da biodiversidade local”, destacou Manuel Santos.

O professor de Filosofia do Barão de Mauá, Victor Wlademir, acompanhou as atividades do grupo de estudos, em conjunto com técnicos da coordenação de Educação do Campo e Diversidade, da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Cecad/Seduc), e destacou que a ação faz parte de um projeto macro da escola que tem a finalidade de consolidar a unidade de ensino como uma unidade antirracista. “Não queremos somente promover o combate sistemático e pedagógico presente nas disciplinas eletivas, trilhas, palestras etc. Trata-se de nossos racismos cotidianos, já que, numa sociedade em que o racismo é estrutural, todos, em alguma medida, somos racistas. Montei uma eletiva, ‘Mitologia dos Orixás’. A procura pela eletiva foi um sucesso. Os alunos amaram”, explicou.

“Essa visita foi uma experiência fundamental para mim, que nada sabia sobre racismo ambiental, e para eles. O jeito que fomos recebidos, as explicações fundamentadas academicamente sobre racismo ambiental, as relações entre racismo ambiental e as religiões de matriz africana. A ausência total de proselitismo religioso foi outra coisa que me chamou atenção: conseguiram equilibrar as dúvidas dos alunos quanto à religião com os temas academicamente abordados. A trilha que fizemos na mata foi linda, pura poesia. Acabamos aprendendo sobre racismo ambiental, mas voltamos com uma lição ainda maior de respeito e tolerância religiosa”, acrescentou o professor Victor Wladimir.

O estudante Levi da Silva, da 2ª série do ensino médio do Centro de Excelência Barão de Mauá, que participou das atividades, destaca a ação como uma oportunidade de aprender sobre fé, cultura, preconceito religioso e o chamado preconceito ambiental.  “Acredito que não apenas para mim, mas para todos, essa foi a melhor atividade deste ano, principalmente pela oportunidade de conhecer uma religião tão bonita e rica culturalmente”, afirmou.

A técnica pedagógica do Cecad/Seduc, Karoline Ketilin, aponta que a Coordenação de Educação do Campo e Diversidade desenvolve atividades pedagógicas pautadas no multiculturalismo, reconhecendo a diversidade cultural existente em todos os âmbitos e promove o direito a essa diversidade. Nesse sentido, incentiva e articula a educação das relações étnico-raciais pautada nos saberes e fazeres das comunidades.

Racismo ambiental

De acordo com a Fiocruz, uma das instituições que estuda o tema no país, o conceito surgiu na década de 1980 pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr., químico, reverendo e liderança do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e ex-assistente de Martin Luther King Jr.

Pela primeira vez, foi detectado o termo em meio aos protestos contra depósitos de resíduos tóxicos no condado de Warren, Carolina do Norte, Estados Unidos, onde a maioria da população era negra. Os estudos se aprimoraram, e foi verificado que em sua maioria as enchentes, deslizamentos, rompimentos de barragens, contaminação e desmatamento frequentemente têm como cenário locais onde a maioria da população é negra, indígena, ribeirinha ou pertencente a outros grupos étnicos vulnerabilizados. Ou seja, segundo os estudos, em um breve resumo, as questões ambientais também podem se relacionar com discriminação racial.

Fonte, Secom – Estado

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

  • Embrapa na COP 29: Brasil é líder mundial em uso de biofertilizantes e biodefensivos

    Agrotóxicos e fertilizantes químicos são motivo de preocupação e críticas [...]

  • Brasileiras: 1/5 já sofreu ameaça de morte dos ex e atuais parceiros

    No Brasil, duas em cada dez mulheres (21%) já foram [...]

  • Programa Sementes do Futuro melhora produtividade e garante segurança alimentar aos agricultores sergipanos

    Na comunidade Lagoa do Roçado, em Monte Alegre, alto sertão [...]

  • Teo Santana esclarece desconforto no WE LOVE PAGODE, responsabiliza a casa de eventos e pede desculpas ao público

    A Teo Santana Produções & Eventos vem a público apresentar [...]

  • Mercado financeiro reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

    As expectativas do mercado financeiro relacionadas à inflação estão mais [...]