A capital sergipana, Aracaju, é famosa por ter boa parte de seu território coberto por manguezais, habitat natural do símbolo culinário e cultural da cidade, o caranguejo. Foi a partir da necessidade de conservação desse ecossistema que nasceu o projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe (UFS) “A Escola, o Manguezal e o Remo – EMARE”, oriundo do Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Metodologias Ativas (Gepima/UFS), em parceria com a Escola Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral e a Escola de Remo Cajueiros. O propósito da iniciativa é sensibilizar os alunos da Educação Básica sergipana sobre a conservação dos manguezais do Rio Poxim por meio da prática esportiva do remo.
A docente do Departamento de Biologia (DBI/UFS) e coordenadora do projeto, Sindiany Caduda, explica que as atividades propostas promovem a investigação científica, utilizando metodologias ativas dentro da escola para sensibilizar os alunos acerca da conservação dos manguezais e a proteção do Rio Poxim associado ao esporte.
“O projeto reúne quatro etapas. A primeira foi uma oficina de fotografia para os estudantes, já que um dos nossos objetivos é fazer uma exposição fotográfica de tudo que eles registraram ao longo do processo. Na sequência, dentro da escola, nós trabalhamos com questões científicas relacionadas à conservação dos manguezais. Em seguida, nós realizamos atividades expedicionárias cujo objetivo é levar os alunos para a Escola de Remo Cajueiros, localizada no Parque dos Cajueiros, tanto para desenvolver ações investigativas relacionadas ao rio Poxim quanto para entender como funciona o remo. Por último, será realizada uma exposição fotográfica e de artefatos produzidos pelos alunos. Até o final do projeto, 184 estudantes vivenciarão estas experiências”, compartilha a coordenadora.
Durante a expedição, três atividades acontecem em paralelo com cerca de cinco estudantes por estação. Na primeira, os alunos conhecem a dinâmica dos manguezais através de uma exposição fotográfica, abordando as populações tradicionais, questões sobre ocupação urbana e a história do remo no Brasil e em Sergipe. Em outra sala, os discentes aprendem sobre as técnicas do remo por meio de simuladores. Já o último grupo tem a oportunidade de experimentar os caiaques no Rio Poxim, realizando um passeio guiado.
Para Silvia Gois, professora do Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral, o projeto tem ainda mais relevância para seus alunos, uma vez que o colégio está inserido em um contexto de manguezal, no bairro Jabotiana. “Estou trabalhando com a educação ambiental na Escola já há alguns anos. Nosso objetivo é estimular que os estudantes questionem o que podem fazer, enquanto comunidade escolar, para tentar diminuir os danos ao meio ambiente. Talvez não solucionar o caso, mas entender o que está por trás de toda a contaminação e degradação da área do mangue”.
“Associar isso ao remo em Aracaju é um outro viés, é um outro olhar. Eles estão amando essa proposta, essa ideia de conhecer um esporte que, assim como outras coisas, também depende do rio”, reflete a professora.
Danilo Caduda, professor da Escola de Remo Cajueiros e responsável técnico do Núcleo de Esporte de Base para Alto Rendimento (Nebar) em Sergipe, acredita que o projeto, além de conscientizar sobre a preservação do Rio Poxim, também está estimulando os estudantes a praticarem o remo.
“Eu acredito que está sendo um ponto muito positivo para o desenvolvimento do remo no estado, tendo em vista que é um esporte que não é tão difundido aqui. Percebi que está tendo uma procura muito grande e uma maior entrada desses jovens no programa”, relata o professor.
Soraya Araújo é aluna do nono período do curso de licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista do projeto de extensão. Para ela, está sendo uma experiência única para sua formação como professora. “Participar de um projeto da universidade que vai para a comunidade escolar, além de explorar o Rio Poxim, é algo muito gratificante”.
Para Eduarda Caroline, aluna do 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral, aprender sobre esporte e meio ambiente em um só lugar é muito interessante. “Gostei bastante das atividades que fizemos na escola, conhecendo mais sobre o ecossistema do manguezal, e confesso que estou muito animada com a ideia de remar pela primeira vez. Acho que vai ser emocionante!”.
Brunna Martins – Ascom UFS