Especialista fala sobre investimento em ações da bolsa

Mais da metade dos brasileiros não conhecem e não utilizam produtos de investimento, porém, entre aqueles que utilizam, a poupança é a mais utilizada pela população (37%). Os dados são da pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro”, elaborada anualmente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), com apoio do Datafolha.

Ainda segundo a pesquisa, apenas 1% da população tem o hábito de investir em ações da bolsa de valores. Segundo o assessor de investimentos Igor Rodrigues, um dos fatores que mais influenciam nessa realidade é a falta de educação financeira da população, aliada ao fator cultural.

CINFORM – Por que no Brasil muitas pessoas não tem o hábito de investir o seu dinheiro, sobretudo em ações da bolsa de valores?

Igor Rodrigues: O Brasil é um país essencialmente gastador. As famílias poupam pouco. Uma das explicações passa essencialmente pelo fator cultural, mas o lado econômico pesa. Por sermos um país ainda em desenvolvimento, com uma série de agruras sociais, com riquezas ainda muito concentradas, pensar em juntar qualquer centavo não é tarefa das mais fáceis para a maioria dos brasileiros, apesar de possível. Ainda assim, a melhor explicação é o fator educacional. Principalmente quando se trata de investir o seu dinheiro no mercado financeiro (outros tipos de mercado, como o imobiliário, possuem um poder de atração maior). O brasileiro só conhece a velha caderneta de poupança como alternativa de investimento financeiro. Mais recentemente, fruto das mídias sociais, o Tesouro Direto se tornou um espécie de “segundo passo” para o investidor que só conhecia a poupança. Mas o mercado financeiro é um mundo inteiro dentro dele. O brasileiro ainda está no início da maturação nesse mercado e investir em ações é um outro capítulo dessa história toda.

Quais os principais receios que vocês percebem nas pessoas ao começarem a investir em ações?

IR: Não são apenas os receios o que mais atrapalha o investidor, mas principalmente as falsas convicções ou a interpretação errada do que seja esse mercado. Tudo passa por uma profunda desinformação por parte do investidor. A maioria não tem a mínima ideia do que seja uma “ação” de uma empresa de capital aberto.

Apenas 1% da população investe na bolsa de valores

Quais os primeiros passos que aqueles que desejam investir na bolsa de valores precisam dar e qual a importância de descobrirem o seu perfil de investidor?

IR: É preciso desenvolver um autoconhecimento! Esse mercado não é pra todo mundo. Nem todos conseguem suportar um período prolongado de queda dos seus ativos de bolsa, na expectativa de um longo prazo favorável. É preciso alinhar objetivos e a adequação do investidor para cada investimento proposto. Mesmo alguém que assuma alto grau de risco em suas aplicações, caso possua objetivos de curtíssimo prazo não se recomenda que este realize aplicações em ativos de renda variável. Já se você possui objetivos de longuíssimo prazo, mas não suporta ver seu patrimônio oscilando negativamente, mesmo que em curto período de tempo, também não deveria adquirir ativos cotados em bolsa de valores. Todavia, para quem tem o longo prazo a seu favor e já entendeu exatamente como funciona a variação dos ativos no mercado de bolsa valores, o recomendado é que comece a experimentar, aos poucos, devagar, e ir aumento suas posições com o tempo.

Quais as vantagens de contratar uma empresa especializada em investimentos?

IR: Empresas de assessoria em investimentos crescem em um ritmo acelerado no Brasil, mas ainda estamos no início da onda. Aos poucos o investidor brasileiro vai percebendo a importância de ter uma empresa especializada em investimentos, cujo objetivo é orientá-lo da melhor maneira possível no momento de investir o seu dinheiro, com foco total em fazer com que seu objetivos financeiros sejam realizados. Já os grandes bancos não estão inclinados para o cliente investidor, mas para o cliente tomador de crédito, pois são esses que geram maior retorno para essas instituições.

Por que os riscos são tão altos e como evitar que todo o investimento seja perdido?

IR: Na bolsa, os preços são cotados a cada instante, e é isso que assusta mais o investidor. Se tomarmos o mercado imobiliário como um exemplo comparativo. Será que os imóveis não sofrem oscilações grandes de preço ao longo de um determinado período de tempo? É evidente que sim, porém eles não sofrem o que chamamos de “marcação a mercado”, que seria a sua precificação diária. Como no mercado acionário todo dia a ação sobe e desce devido a interação entre a oferta e a demanda para aquele papel, o investidor desacostumado acaba se assustando um pouco. Quanto aos altos riscos, se observar bem, vai perceber que nem são tão altos assim. Para se ter uma ideia, entre o final de 2009 e início de 2016 tivemos o pior momento do principal índice da bolsa, o Ibovespa, nos últimos 20 anos. Estou falando de alguém que tenha entrado no pior momento pra entrar e saído no pior momento pra sair, teria tido um prejuízo de quase 40%. Pra perder todo seu investimento na bolsa é preciso fazer muito esforço. A bolsa é lugar pra quem tem perfil e tem o mínimo conhecimento quanto ao funcionamento do mercado. Para esses, o risco de perder todo seu investimento é praticamente nulo e com boa orientação, evoluindo gradativamente em educação e experiência prática, sim, é possível ganhos bastante volumosos.

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