A revitalização do Parque da Sementeira é um exemplo de como as obras urbanas podem unir sustentabilidade, acessibilidade e bem-estar. O novo espaço, inaugurado em outubro pela Prefeitura de Aracaju, resultou na criação de ambientes mais verdes, acolhedores e acessíveis, preservando a essência natural do parque e ampliando sua função social.

O novo projeto incorporou mudanças significativas, que vão desde o plantio de mais de 800 mudas, entre arbóreas, medicinais e espécies da Mata Atlântica, até a criação de dois jardins sensoriais, pensados para estimular diferentes sentidos e proporcionar novas experiências de contato com a natureza. Na parte de acessibilidade, foram instaladas rampas, pisos táteis, vestiários e banheiros adaptados, garantindo a todas as pessoas o direito de circular livremente e aproveitar o parque em sua totalidade.

A diretora do Departamento de Projetos da Empresa Municipal de Obras e Urbanização, arquiteta Angélica Rocha, explica que a revitalização foi guiada pela ideia de tornar o parque mais humano e inclusivo. “Pensamos também em trilhas que ligam os diversos quiosques espalhados pelo parque. Na área dos lagos, montamos uma estratégia de ter um espaço mais plano, como um tapete de grama, com pouca inclinação, para que as pessoas possam sentar, fazer piqueniques e curtir aquele visual tão lindo dos lagos”, pontuou.

Ela destaca que o novo projeto trouxe inovações também no mobiliário urbano e na organização dos espaços de circulação. “Um dos grandes destaques desse projeto são os mobiliários e o corredor dos arcos, projetado para receber uma vegetação de plantas trepadeiras. Nele, foi demarcada a área de ciclovia, a de circulação de pedestres e uma faixa acessível, garantindo o ir e vir seguro de todas as atividades ali presentes. Na área recreativa, temos parques com brinquedos lúdicos e acessíveis, adaptados para pessoas com deficiência ou baixa mobilidade. O resultado é um parque mais vivo, inclusivo e gentil, que valoriza a convivência e celebra o bem-estar das pessoas”, completou.

As melhorias foram reconhecidas por quem depende da acessibilidade para aproveitar o espaço. O presidente da Associação dos Deficientes Motores do Estado de Sergipe, Antônio Fonseca, celebrou as mudanças. “O parque está totalmente acessível. A pessoa com deficiência pode alcançar qualquer parte do parque. Os banheiros são excelentes, totalmente adaptados, algo raro no nosso estado. A Prefeitura de Aracaju conseguiu trazer o público PcD para todos os lugares, principalmente para um espaço como esse, de lazer e contato com o verde”, disse.

O verde

Além da inclusão, a diretora destaca que o projeto reforça o papel do parque como um grande pulmão verde da cidade. “É um parque localizado em um bairro muito adensado, cercado por avenidas e prédios, com pouca presença de verde. Então, ele funciona como um pulmão para aquela região. Elaboramos um projeto de paisagismo junto com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), que inclui arborização urbana e diferentes tipos de forração, para garantir esse frescor que será ainda mais perceptível com o crescimento das novas espécies”, explicou a arquiteta Angélica Rocha.

De acordo com o coordenador do Horto Municipal, José Marques, a Sema foi chamada a integrar o projeto justamente para suprir a ausência de arborização na proposta original. “O parque tem uma quantidade considerável de árvores, mas ainda abaixo do ideal. E nas intervenções previstas, as árvores não estavam incluídas. Então, a Sema foi requisitada para definir os locais de plantio. Ao todo, foram 725 mudas arbóreas, sem contar as ornamentais, plantadas pela Emsurb”, detalhou.

José Marques destacou também a preocupação com a escolha das espécies. “Um diferencial interessante é que nós incluímos na lista muitas frutíferas, um anseio da população, que sempre pediu que elas fossem incluídas. Plantamos jabuticaba, pitanga, laranja, acerola e cajueiro”, contou. Segundo ele, a gestão optou por mudas de maior porte para que os benefícios fossem percebidos mais rapidamente. “Comumente são plantadas mudas pequenas, mas essa gestão buscou mudas grandes para que a arborização gerasse sombra mais cedo e, no caso das frutíferas, já produzindo frutos. Por exemplo, jabuticaba: nós plantamos árvores praticamente adultas, que já estão produzindo. Inclusive, já vi gente colhendo jabuticabas das que plantamos agora, o que é um resultado bastante positivo”, afirmou.

Jardim sensorial e acessibilidade

Outro destaque da revitalização são os jardins sensoriais, criados para aproximar ainda mais as pessoas da natureza. “Essa foi outra demanda em que a Sema atuou, porque algumas das espécies previstas originalmente não se desenvolvem bem no clima da nossa região. Substituímos por espécies adaptadas ao sol pleno e que pudessem estimular diferentes sentidos, pelo aroma, textura, cor e som”, explicou Marques.

As espécies foram escolhidas com base em sua capacidade de provocar sensações e atrair a fauna. “Algumas são aromáticas e liberam cheiro com o vento ou ao toque; outras têm folhas com texturas diversas, lisas, ásperas ou aveludadas. Também incluímos espécies florais, que oferecem um estímulo visual interessante. No centro, colocamos árvores que atraem pássaros, como a aroeira e a jabuticabeira, o que enriquece a experiência de quem visita o espaço”, relatou.

O servidor público Leiz Jesus, deficiente visual, reconheceu o impacto positivo do novo espaço. “Isso é magnífico, a questão da acessibilidade e inclusão para todos, porque acessibilidade e inclusão têm que estar em qualquer ambiente. As plantas e ervas exalam um cheiro muito bom e agradável. A questão de acesso ao parque melhorou com o piso tátil, rampas, calçadas adaptadas e agora com essa maravilha que é o jardim sensorial, com os ambientes e os pássaros cantando, vivendo a natureza”, contou.

Quem também aprovou as melhorias foi a mestre em Turismo, Cristina Santos, que é cadeirante. “É algo inédito, porque eu venho trabalhando com turismo, inclusive em Aracaju, ao longo dos anos, e acompanhei a transformação do parque ano após ano. E nessa nova gestão houve um olhar diferenciado, ao atender e abraçar todas as pessoas de acordo com o desenho universal, que é o desenho da acessibilidade. Não é somente a acessibilidade para um indivíduo, mas para o coletivo”, ressaltou.

“Quando a sociedade, a gestão e as políticas públicas entenderem que a acessibilidade é para todos, teremos autonomia e qualidade de vida para todas as pessoas da comunidade. A Prefeitura está no caminho certo e espero que dê continuidade não só no parque, mas também em outros equipamentos públicos e bairros, levando essa acessibilidade de fato e de direito, que nos pertence e há anos viemos lutando para conquistar”, concluiu Cristina.

Fonte, Agência Aracaju de Notícias.

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