Por Habacuque Villacorte – do CinformOnline
O impasse entre os rodoviários do transporte coletivo da Grande Aracaju e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), com todo respeito, se deve a falta de atuação do poder público, mais precisamente os senhores prefeitos dos quatro municípios da Grande Aracaju: Edvaldo Nogueira (PDT), gestor da capital; Padre Inaldo (PP), gestor de Nossa Senhora do Socorro; Marcos Santana (MDB), gestor de São Cristóvão; e Alberto Macedo (MDB), gestor da Barra dos Coqueiros;
Os três primeiros foram reeleitos em novembro passado, ou seja, já conheciam muito bem os problemas do sistema; já o último, apesar de não ter a “caneta na mão”, também tinha plena consciência dos problemas enfrentados pelos trabalhadores. As empresas de ônibus demitiram cobradores, fazendo com que os motoristas acumulassem funções; cortaram os ticket-alimentação, além dos constantes atrasos de salários que a categoria vem reclamando há algum tempo.
Semana passada este colunista falou aqui neste espaço da “omissão” do poder público e reafirma: há algum tempo se fala em um Consórcio Metropolitano do Transporte, em uma licitação do transporte, e nada saiu do papel! Os prefeitos empurram o problema com a barriga, não apresentam nenhuma proposta para os empresários e os mesmo apenas “repassam a bronca” para a relação que mantém com os rodoviários e os usuários do serviço.
Pode-se dizer que, na semana anterior, foi um “ensaio” do movimento grevista que foi desencadeado na sexta-feira (26) e perdurou até meados do dia desse sábado (27). Foi necessária uma nova decisão da Justiça do Trabalho e o apoio das forças de segurança para garantir a retomada dos serviços nas ruas. O Setransp anunciou que formalizou um acordo com o Sintra, mas o fato curioso é que a maioria dos rodoviários não se sentiu contemplada e uma greve ainda mais forte foi montada.
Até quem é leigo já percebeu que o presidente do Sinttra perdeu, completamente o poder de representação. Sua própria categoria não o segue mais! Mas enquanto o impasse continua, o poder público continua omisso, de braços cruzados, fingindo que não é com ele, que nada está ocorrendo. Enquanto isso vários trabalhadores estão temerosos, sob o risco de ficarem sem os benefícios e sem o emprego. Só Adriano Taxista que levantou sua voz para defender os rodoviários e findou sendo preso…
Em síntese, se nada for feito, muito em breve teremos novos transtornos para a população, com demissões e insatisfações. Trabalhadores em geral, sem transporte público em plena pandemia, e de quem é a culpa? De quem está apenas lutando por seus direitos ou de quem está sentado em uma cadeira confortável, que tem a caneta na mão e não anda de ônibus? Será que a Justiça do Trabalho só se posiciona pela greve? E quanto aos outros problemas? Vida, louca vida…vida breve…