Foi realizada nesta quarta-feira (9) na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), uma Sessão Especial com o tema: “Obesidade: Problema de Saúde Pública”. A autoria é da deputada Áurea Ribeiro (Republicanos). Trata-se de uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, sendo considerada grave podendo desencadear outros problemas de saúde, a exemplo do diabetes,  doenças cardíacas, do fígado, apnea do sono e até mesmo alguns tipo de câncer.

Deputada Áurea Ribeiro

A prevenção da obesidade passa pela redução do consumo de alimentos ultraprocessados, frituras, bebidas açucaradas e comidas rápidas; aumento do consumo de verduras e frutas; de alimentos ricos em fibra, principalmente de tipo solúvel, limitação do consumo de bebidas alcoólicas e prática de atividades físicas.

De acordo com a deputada, a iniciativa visa conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com o corpo. “Hoje estamos debatendo um tema essencial sobre a obesidade, pois existem índices muito elevados não só em adultos como também em crianças. A nossa preocupação é alertar aos pais e as mães para que possamos cuidar tanto dos nossos jovens, como também dos nossos idosos. O nosso objetivo com a realização dessa Sessão Especial é passar uma mensagem de como evitar a obesidade e como cuidar. Eu digo sempre que: quem ama, cuida”, observa Áurea Ribeiro agradecendo ao Departamento Médico dessa Casa juntamente com a Drª Carmem Luiza Leite, que se sensibilizaram com o tema e nos possibilitaram realizar esse evento e a todas as médicas e nutricionista que abraçaram a causa.

As palestrantes foram a ginecologista da Alese e presidente da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital  Inferior e Colposcopia (Capítulo Sergipe) Drª Carmem Luiza Leite, a cardiologista e diretora de comunicação do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira  de Cardiologia,  Drª Sheyla Ferro; a endocrinologista e professora titular do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Drª Karla Rezende e a nutricionista  especialista em Obesidade, Emagrecimento  e Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, Beatriz Leite.

Drª Carmem Luiza, ginecologista

Drª Carmem Luiza agradeceu pela oportunidade de alertar sobre alguns pontos referentes ao tema. “Hoje é um dia muito importante pois estamos aqui na Casa do Povo, pontuando a obesidade que é um problema de saúde pública não somente nacional, mas em nível mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS), estabelece como uma epidemia. Estamos aqui juntamente com a deputada Áurea Ribeiro que compreendeu a importância desse assunto para trazermos ideias voltadas a nossa população sergipana. O serviço médico da Alese se propõe a fazer esses movimentos trazendo um assunto de extrema relevância na intenção de melhorar a qualidade de vida e saúde do nosso povo”, ressalta.

A médica ginecologista lembrou que o tema da obesidade é mundial e o Brasil não fica atrás. “Mais de metade da população brasileira está com sobrepeso e 30% dela já é obesa. No mundo, 41 milhões de pessoas estão intimadas a fazer um processo de qualidade de vida e melhora da situação de saúde da população. A obesidade diminui quando aumenta a escolaridade; isso a gente já percebe claramente nos países da Europa o quanto preocupado estão os governantes para essa situação. Como ginecologista, não posso deixar de lembrar que existem algumas patologias não somente nas nossas adolescentes, mas também nas mulheres que chegam à menopausa. Nas adolescentes verificamos a síndrome de ovários policísticos, pois a obesidade nessas meninas  faz com que não consigam ter uma qualidade de vida. Sobre a infertilidade, as pacientes que não são obesas têm em um ano, uma estatística de 80% de gravidez; nas pacientes obesas, cai para 60%”, esclarece citando ainda o câncer de mama e o câncer de endométrio, tão frequentes nos dias atuais.

Segundo a cardiologista Sheyla Ferro, há alguns anos, a imagem que se tinha era de pessoas gordinhas eram saudáveis.

 

Sheyla Ferro, cardiologista

“Cito aqui a imagem do buda com obesidade, abdomem vantajoso, sentado dentro de um prato de arroz. Por tempos, nós acreditamos que a criança cheia de dobrinhas seria o bebê ideal, o ‘Bebê Johnson’ e isso  se expandiu. Até a Fada Madrinha da Cinderela, tem padrão de obesidade e a avó mais famosa do Brasil (D.Benta), criação de Monteiro Lobato; e a Tia Anastácia (a mais querida), ambas têm obesidade. E quando a gente fala de eventos religiosos, o mais fofo de todos é o Papai Noel e a Mamãe Noel vai junto, trazendo os docinhos. É uma cultura que se acresce na nossa população, mas quando vamos falar de números, se torna bem assustador. Dados do Atlas de Obesidade mostram que no mundo, a estimativa é de que no mundo, um bilhão de pessoas estariam vivendo com obesidade até 2030. Uma em cada cinco mulheres e um em cada cinco homens estarão com o Índice de Massa Corpórea, acima de 30 e no Brasil serão 50 milhões de adultos”, informa alertando que, quanto mais se aumenta o índice corporal, mais aumenta a mortalidade cardiovascular (infarto e derrame), mas também a mortalidade por câncer e de processos depressivos”, lamenta Sheyla Ferro.

A cardiologista mostrou que no estado de Sergipe,  57% da população está com excesso de peso. “E quando a gente vai para a obesidade, vimos que 1/4 da população está obesa. São dados que se equivalem a contaminação por Covid 19. Estamos falando sim de saúde pública porque quando vamos olhar são várias as doenças causadas pela obesidade, a exemplo da infertilidade. Muitas vezes os parceiros têm obesidade, o que reduz o nº de espermatozóides e a mulher fica se expondo a um nº enorme de hormônios, sem saber que esse é um problema conjugal. Precisamos entender que é uma doença que traz um déficit extremamente importante aos cofres públicos, pois está relacionada de maneira clara com todos os fatores de risco, com custos de 13.1 por cada 100 milhões, colocando sobrecarga nos hospitais, de pacientes que chegam no Hospital de Urgência com infarto, com AVC; diabetes e pré-diabetes, desencadeando tromboses e outros problemas que a obesidade impacta”, afirma destacando que a prevenção é um conjunto que envolve não apenas a parte metabólica, mas a cerebral.

 

Karla Rezende, endocrinologista

A endocrinologista Karla Rezende destacou que reverter o quadro da obesidade depende da vontade política. “Sem ela, a gente não vai reverter. Somos povos vencedores contra o tabagismo e se a gente não age da mesma forma, não vamos conseguir ganhar essa luta, pois temos adversários muito fortes. É preciso tirar a obesidade da questão individual, pois o problema é coletivo e os fatos mostram que são milhões de pessoas no mundo lutando contra essa doença, que à cada  13, 14 anos, está dobrando a frequência. Isso é muito grave; é mesmo uma epidemia que afeta principalmente as camadas mais pobres da população, que não tem acesso a população são deseducados pelos meios de comunicação, precisando ter uma intervenção para que os cuidados com a saúde das pessoas estejam acima dos bens capitalistas”, enfatiza ressaltando que não adianta culpar, mas ajudar a vencer o problema multifatorial que é a doença, além de disponibilizar equipes de saúde treinadas que saibam atender os pacientes e garantir acesso às pessoas obesas aos serviços.

Para a nutricionista Beatriz Leite, está na hora de agir. “Não adianta a gente só ver esses dados divulgados sobre a obesidade e o primeiro ponto para a gente agir, é estar aqui na Assembleia pensando como fazer para reduzir tanto esses gastos públicos, quanto para melhorar uma doença, que é muitas vezes silenciosa, trazendo tantos problemas de saúde para a nossa população. A gente está em um momento em que muitas pessoas cuidam da alimentação e se preocupam em fazer atividade física e tomar medicamentos para controle de obesidade, mas verificamos índices de prevalência da doença tão consideráveis. O Guia de Alimentação mostra que o maior problema é o consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Devemos consumir principalmente alimentos in natura e minimamente processados; evitando o consumo dos ultraprocessados, ou seja evitar o desembalar e passar a descascar mais”, ensina.

Beatriz Leite, nutricionista

Além da deputada Áurea Ribeiro, a Sessão Especial contou com as presenças das deputadas Carminha Paiva, Linda Brasil e dos deputados Garibalde Mendonça, Georgeo Passos e Luizão Donatrampi que resaltaram a importância das palestras e debates.

Fonte, Ascom – Alese.

 

 

 

 

 

 

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