“Faço questão de pagar o piso na carreira e também um sexto de férias porque são direitos constituídos”
O apelido é carinhoso, lembra a infância. Painho. Assim é chamado o prefeito da cidade de Feira Nova, José Carlos Santos, que carrega no próprio slogan da campanha o objetivo de estar sempre fazendo gestão naquela cidade de 8 mil habitantes. “Não se pode brincar de fazer gestão, quem fizer isto paga um preço muito caro. Porque a política é dinâmica e fazer gestão em um município pequeno, que depende exclusivamente do FPM e ICMS é difícil sim. Então, a gente precisa fazer gestão”.
Sorridente, Painho reconta os tempos de infância para explicar como o apelido pegou rápido. “Meu pai tinha o mesmo nome que o meu. Meu pai foi prefeito duas vezes, eu também estou em meu segundo mandato. Mas, voltando a história do apelido, lá em casa, na infância, eu dizia aos meus irmãos o que fazer. Faça isso, aquilo. E os meus irmãos, quando estamos nas festas, em público, diziam que eu queria ser painho. E o apelido pegou. Hoje, todo mundo só me conhece por Painho”.
Sempre fazendo gestão
Neste segundo mandato, Painho comemora vitórias. Uma delas interfere diretamente na qualidade da educação municipal, que é a política de valorização dos professores da rede pública do município de Feira Nova. “Faço questão de pagar o piso na carreira e também um sexto de férias porque são direitos constituídos. E acredito que educação é o ponto de partida para que o nosso amanhã tenha um avanço em todas as áreas”.
Infelizmente, Feira Nova hoje também é um dos municípios sergipanos que enfrenta as agruras da seca. E mesmo com o abastecimento de água garantido em praticamente todos os pontos da cidade, o prefeito Painho decretou emergência. “Nós temos poucas comunidades em que não temos o abastecimento pela Deso. Mas, mesmo assim, é uma situação crítica e agravante. Por isso, nós decretamos situação de emergência. E também para ajudar por causa da probabilidade da perda da safra. Porque ainda não temos noção se teremos o apoio do governo para a safra”.
Passado histórico e pequenos agricultores
A história do início da cidade de Feira Nova é muito curiosa e interessante. Este município, antigamente, era um povoado de Nossa Senhora das Dores, uma comunidade composta de fazendeiros. No passado, quando existia, o bando de lampião atacava a cidade de Dores. E alguns agricultores levavam os produtos para outros locais, no caso, em Feira Nova, para fugirem desses saqueadores.
A maior parte da economia de Feira Nova gira em torno do Fundo de Participação dos Municípios – FPM. Exceto FPM, a renda vem da agricultura e da pecuária dos pequenos produtores e da agricultura familiar.
Entre uma declaração e outra acerca da própria gestão, Painho explica, por exemplo, atitudes como a de ele ter procurado o Unicef para participar do projeto do selo Unicef. E diz que teve a ideia por entender que a certificação dessa entidade é algo fundamental nos dias de hoje para as prefeituras, porque a ação consegue unificar as secretarias. “Eu bati na tecla, e hoje o selo Unicef é uma realidade em Feira Nova”. E ressalta exemplos: “Para a busca ativa estamos fazendo uma frente com três secretarias, para que os alunos voltem para a escola”.
Nova redistribuição de FPM
Sobre o governo federal, Painho diz que, em um primeiro momento, há uma expectativa muito grande com o governo Bolsonaro, e que o país tem demonstrado indícios de avanços. Porém, o prefeito afirma que existem ações que o povo só verá na prática.
“O que é preciso é existir uma nova redistribuição de recursos nos municípios. Porque tem meses que a receita do país cai e a situação fica caótica. Se não for feita uma nova política de redistribuição do FPM os municípios passarão por dificuldades. Ninguém mora na União e no Estado. Mas tudo acontece no município. O governo federal, por exemplo, cria o programa para os médicos. Mas o governo mal manda o dinheiro para pagar o salário desse médico. O restante é o município que arca”.
É preciso de efetivo na PM
Outra questão que o prefeito levantou durante a entrevista foi a problemática dos lixões. “As autoridades precisam fiscalizar. Hoje as pessoas vão para o lixão de havaianas, sem cuidado nenhum. E também é preciso construir aterros sanitários”.
Quanto à segurança pública, mesmo com um efetivo de somente dois policiais militares trabalhando em Feira Nova, Painho não culpa nem o Estado e tampouco a Polícia Militar e/ou Polícia Civil. Ao contrário. “Nossos policiais fazem o máximo possível com o mínimo de recursos que possuem. O que é preciso é haver maior repasse e que haja concurso público para contratar um efetivo maior para a área de segurança pública”. E complementa: “Tem que existir uma política nacional de segurança pública”.
Sobre sua formação Sou técnico em agropecuária e fiz Zootecnia também, em Pernambuco. Não se pode brincar de fazer gestão, quem fizer isto paga um preço muito caro. E para você cobrar de sua equipe você tem que ter conhecimento. Sobre a relação com o governo do estado, isso eu posso afirmar que é muito boa.