Esse sujeito é um ninja! De repente, não mais que de repente, o homem é convertido em estrela de primeira grandeza na constelação da grande mídia. Seu discurso, metodicamente, inflamado, eivado de ensaiada indignação, expelindo ilações e bravatas, leva ao delírio os novos parceiros, aliás, os mesmos que o denunciaram em passado bem recente, pelas suas aleivosias praticadas com dinheiro público.
Não é que o homem deu a volta por cima? Coroado com as bênçãos permissionárias do STF, que alegou, pasmem, impedimento para interferir em outro poder (Tapa na cara dos brasileiros), lá está ele, com as malas de processos engavetados, com espaço e tempo para impregnar telespectadores de desinformação, sem manifestar o menor respeito pelos inquiridos, sejam eles homens ou mulheres, em princípios, cidadãos e cidadãs.
Então, o coronel nordestino deu nova cara ao Senado, espaço outrora destinado aos grandes debates de interesse nacional ¬ que seriam, hoje, o combate à pandemia e ao salvamento de vidas ¬ convertendo a casa legislativa em um inusitado tribunal de inquisição.
As esquerdas do país, que desejam “tomar o poder e não ganhar eleições”, como bem falou Zé Dirceu, não se cansam de fascinar-se a cada nova investida do mestre. Sim, porque o homem é mestre na arte da prestidigitação.
Desconhecendo os limites do bom senso, esta semana, que horror, reportou-se às câmaras de execução nazista, tecendo um paralelo absurdo, até criminoso, entre a Alemanha de Hitler e o Brasil de Bolsonaro. Aliás, quem deu esse mote foi o colega sergipano Rogério Carvalho.
Há de se tirar o chapéu para esse sujeito, nascido na Terra dos Marechais, a querida Alagoas. Um senador obscurecido pela inação, que se encontrava em absoluto ostracismo e, de repente, desfila sua deselegância, diariamente, para esse pobre Brasil controlado por políticos ordinários, como bem falava o velho caudilho Leonel Brizola.
As democracias precisam de políticos e, mais que tudo, de partidos políticos para que não morram, como falam Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, no seu best seller “Como as democracias morrem”.
Essa CPI da Covid é apenas uma encenação política, um teatro de bufões! Ora, as democracias necessitam de alternância de poder, que é assegurada pelos partidos e pelo respeito às regras do jogo. Partidos, ou políticos, que apenas polarizam a sociedade, sejam de que viés ideológico forem, minam os princípios democráticos e arriscam afundar qualquer país em ditaduras populistas, de direita ou de esquerda.
Pelo andar da carruagem o povo brasileiro, sábio como é, vai ter que escolher entre Lula, Zé Dirceu, Zé Genuíno, Delúbio Soares, João Vacari Neto e outros presidiários ou ex-presidiários, de um lado; e, do outro, o capitão Bolsonaro, com suas mal-entendidas bandeiras e suas bravatas inoportunas.
Mas, não se enganem e não duvidem: nesse caldeirão, além do Huck, o candidato de consenso pode muito bem ser o impressionante Renan Calheiros.