Queridos leitores, recentemente o mundo segue atento e apreensivo quanto às tensões que envolvem personagens como Ucrânia, Crimeia, Rússia, EUA e OTAN. A crise entre Rússia e Ucrânia na fronteira é reflexo de embates históricos e pode refletir na estabilidade política em todo o mundo. A tensão entre ucranianos e russos não vem de hoje. A crise mais recente estourou após a anexação da Crimeia, Península Ucraniana, pela Rússia, em 2014. Os conflitos na fronteira leste da Ucrânia deixaram 14.000 mortos nesses sete anos. Se formos observar por esse aspecto, na prática, já há uma guerra acontecendo desde então.

O governo ucraniano tenta convencer as potências do Ocidente de que uma invasão russa seria um problema para a estabilidade de toda a Europa e do mundo. A região tem sido, desde o fim da Guerra Fria, uma fronteira entre a influência das democracias liberais da Europa e da Rússia. O território que hoje é a Ucrânia chegou a ser parte do antigo Império Russo. Depois, em 1919, virou uma república da União Soviética (URSS). Com o colapso do bloco, a Ucrânia selou de vez a independência em um acordo de 1994, sendo, portanto, uma democracia ainda muito jovem.

Na outra ponta, sem a URSS, a Otan e a União Europeia passaram a agregar nos anos 1990 e 2000 muitos países que eram zona de influência soviética, na chamada Europa Central. Assim, países como os Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), República Tcheca, Hungria, Polônia, Eslovênia e Eslováquia se tornaram membros – claro, a contragosto da Rússia.

Fazendo mais um parêntese, a Otan é uma aliança militar formada em 1949 por 12 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França. Os membros concordam em ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado membro.

Voltemos: a Ucrânia não é um membro da Otan, mas é um “país parceiro”. Isso significa que há um entendimento de que pode ser autorizado a ingressar na aliança em algum momento no futuro.

Movimentos de aproximação com a União Europeia e a Otan foram feitos ao longo dos últimos anos, além dos protestos populares. Não há, no entanto, uma visão coesa no país sobre esse movimento. Enquanto a porção oeste, onde fica a capital Kiev, anseia obter os padrões europeus, a parte leste ainda se vê mais próxima dos russos, o que envolve questões culturais, históricas e até religiosas.

Leitoras e leitores, a questão é muito mais profunda do que se pode imaginar. Só um exemplo: muitos países da Europa dependem do abastecimento de gás natural russo, ou seja, na eventualidade de um conflito armado naquela região, a Rússia poderia suspender o fornecimento deste gás, que é vital. Percebeu a ideia? Um dos países que mais sofreria com isso seria a Alemanha, o que talvez explique o fato de que, ao contrário do Reino Unido e da França, a Alemanha, até o presente momento, não tenha contestado as ações de Vladimir Putin.

Segundo Putin, as potências ocidentais estão usando a aliança para cercar a Rússia e quer que a Otan cesse suas atividades militares na Europa Oriental. Argumenta ainda que há muito tempo os EUA não cumprem com uma garantia feita na década de 1990 – que a Otan não se expandiria para o leste.

A Otan, entretanto, nega as acusações do governo Russo e diz que apenas um pequeno número de seus Estados membros compartilha fronteiras com a Rússia e que é uma aliança defensiva. Muitos acreditam que o atual reforço das tropas russas na fronteira ucraniana pode ser uma tentativa de forçar o Ocidente a levar a sério as exigências de segurança da Rússia. É pertinente atentar que, politicamente, as desavenças no exterior também são uma das estratégias de Putin para manter sua popularidade e relevância dentro e fora da Rússia.

Essa crise ucraniana virou agora uma espécie de teste para toda a política internacional, inclusive para a China, outra superpotência em rota de embate com os EUA. Sim! O resultado em Kiev mostrará o quanto as potências ocidentais estão dispostas a se arriscar para defender aliados como Taiwan, cujo território separou da China em 1959 e depende em grande parte da ajuda da Otan. Por que não?

E por falar em China, o país é o maior parceiro comercial da Ucrânia e grande compradora de grãos e carne, de modo que interessa a Pequim uma estabilidade no país. Os chineses estão sendo muito discretos quanto à essa crise. Mas, há uma relação de muita proximidade entre China e Rússia, ainda que não seja uma aliança militar formal.

A rivalidade entre a Rússia e os EUA, que ainda possuem os maiores arsenais nucleares do mundo, remonta à Guerra Fria; e a Ucrânia era, naquele contexto, uma parte importante da União Soviética comunista. Enfim… o caso é muito sério!

Caros leitores, diante do refletido, sigamos atentos. Até nosso próximo café!

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