Um caso suspeito de poliomielite ocorrido no Estado do Pará deixou as autoridades sanitárias do país em alerta máximo para o risco da volta da circulação do poliovírus no país. Uma criança de 3 anos foi atendida com sintomas de Paralisia Flácida Aguda (PFA), uma perda da força muscular nas pernas que causa dificuldade para andar, dois dias após receber a Vacina Oral Poliomielite (VOP).
O Ministério da Saúde emitiu uma nota explicando que não se trata de um caso de poliomielite ou ‘paralisia infantil’- doença erradicada no Brasil em 1994 – mas uma reação raríssima adversa à vacina VOP. Segundo a pasta, a criança foi atendida ambulatorialmente, não chegou a ser internada, evoluindo bem com recuperação da força muscular e permanece com discreta claudicação (comprometimento da capacidade de caminhar) em membro inferior esquerdo.
A preocupação com o reaparecimento da pólio ocorre devido aos baixos índices de vacinação. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o momento, Sergipe vacinou 78,25% do público, quando a meta é 95%. “Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década”, alertou a médica infectologista Dra Mariela Cometki.
Dra Mariela Cometki, infectologista
A única forma de proteção contra a poliomielite é a vacinação. “Precisamos vacinar. Como um ato de amor e coletividade. A imunoprevenção é a forma mais barata de combater doenças que deixam sequelas para uma vida. Não vamos ser egoístas e deixar doenças já erradicadas voltarem. No entanto, até que ela seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território”, destacou a especialista.
Sintomas
A maioria dos infectados pelo poliovírus não apresentam sintomas e algumas pessoas podem apresentar sinais parecidos com os da gripe, que duram de dois a cinco dias. Em alguns casos, um a cada 200 infectados pode apresentar fraqueza ou paralisia nos braços, pernas ou ambos. Mesmo crianças que parecem totalmente recuperadas podem desenvolver novas dores musculares, fraqueza ou paralisia quando adultas, depois de 15 ou 40 anos da infecção pelo poliovírus. Dentre 100 infectadas, duas a dez crianças morrem por parada respiratória, quando o vírus afeta os músculos respiratórios.
A única forma de proteção contra a poliomielite é a vacinação
Como ocorre a transmissão?
O poliovírus é muito contagioso. É transmitido pelo contato com as fezes ou por gotículas de espirros ou de tosse de infectados. Se a pessoa entrar em contato com as fezes ou secreções do infectado com as mãos e tocar a boca, ela pode ser infectada. Além disso, objetos, como brinquedos, que estejam contaminados e que possam ser colocados na boca, também podem causar a infecção.
A pessoa portadora do vírus pode transmiti-lo a outras imediatamente antes, e geralmente uma a duas semanas depois de desenvolver os sintomas. O vírus pode viver nas fezes de infectados por muitas semanas e pode contaminar o alimento e a água quando estas pessoas não lavam as mãos.
A campanha de vacinação contra a poliomielite foi estendida até o próximo dia 22 de outubro, oferecendo aos pais e responsáveis mais uma oportunidade para atualizarem a caderneta de vacinação de crianças com idade entre um ano a menor de cinco anos. O ciclo de vacinação da poliomielite para crianças menores de um ano consiste em três doses, a primeira com dois meses, outra aos quatro meses e a terceira aos seis meses. Há uma dose de reforço que deve ser tomada aos 15 meses e os demais reforços devem acontecer nas campanhas de vacinação como forma de garantir a segurança de que o poliovírus afete a nossa população infantil.