Dormir bem está se tornando um grande desafio ultimamente, isso porque com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas estão recorrendo a especialistas sobre o impacto das noites mal dormidas, a mudança de rotina e a ansiedade. O neurologista do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), Marcelo Paixão, explica que diariamente muitos pacientes recorrem ao seu consultório se queixando da má qualidade do sono e enfatiza que a perda do compromisso, da rotina e a exacerbação da ansiedade agravou muito o quadro de insônia e de qualidade do sono.
“Muitos pacientes já tinham um padrão de ansiedade e personalidade que buscasse atenção e um controle da sua rotina, mas na quarentena não tinham esse controle, não tinham essa disciplina porque muitos foram para home-office, muitos afastados do trabalho e a falta de compromisso fez com que eles adotassem a higiene do sono inadequada, dormiam em horários variados, cochilavam, dormiam até mais tarde, não tinham aquele ciclo de atividades que era acordar, pegar o carro, trabalhar, voltar pra casa. Era manhã e tarde com afazeres iguais e a falta de rotina”, explicou o neurologista.
Com a pandemia da Covid-19, as pessoas ansiosas passaram a conviver com o medo do inexplicável e do imprevisto fazendo com que elas exacerbassem esse quadro. “Muitas pessoas não estavam conseguindo dormir por causa da ruminação mental e dos pensamentos reentrantes, então a orientação é manter as rotinas, mesmo que você não tenha que pegar o carro e enfrentar o trânsito, mas acorde cedo, tome o seu café da manhã, faça uma atividade física, se exponha ao sol, não fique enclausurado dentro de casa, tenha outras atividades como costura, desenho, artesanato, organizar a casa, tem que criar o compromisso e a rotina com os horários”, esclareceu Marcelo paixão.
Os horários de alimentação também se desfizeram e têm que voltar ao normal porque o sono e a atividade física estão linkados com os horários de refeições. Outra questão que também passou a ser muito questionada nos consultórios é a respeito das medicações que são utilizadas para ajudar com o sono e as consequências do adoecimento psiquiátrico e de qualidade do sono evidente, como ressalta o neurologista.
“É importante que você tenha suas cinco ou seis refeições saudáveis, sem carboidratos e sem gorduras. Quanto às medicações que ajudam a dormir, muitos pacientes que já usavam me ligaram pedindo doses maiores em alguns casos, justamente pela consequência da perda da rotina, da disciplina, da higiene do sono adequado, somado ao medo e ao pavor da Covid, trazendo mais ansiedade e insegurança e isso é um ciclo vicioso, porque a pandemia vai acabar e esses pacientes ficarão viciados em medicamentos para dormir e manterão a higiene do sono prejudicada”, finalizou o médico.