
Por Candisse Matos
Desde o fim das eleições, assim como aconteceu durante as campanhas eleitorais, robôs operam para influenciar a população sobre o posicionamento dos seus respectivos parlamentares.

Os parlamentares foram chamados para confirmar o compromisso de cumprir a Constituição na última sexta-feira. O momento solene da posse oficializa o mandato e com isso a primeira missão: a eleição dos presidentes das casas legislativas.
Desde o fim das eleições, assim como aconteceu durante as campanhas eleitorais, robôs operam para influenciar a população sobre o posicionamento dos seus respectivos parlamentares.
São perfis fakes, comentários agressivos, apelos e apelos com ofensas que definem os candidatos como mocinhos e bandidos. Será mesmo que a polarização vai levar a justiça que alguns dizem que é a vontade popular?
O compromisso dos eleitos é cumprir a Constituição que garante a todo cidadão o voto secreto. Nos discursos, ouvimos que o povo quer e exige que os parlamentares admitam a exposição do voto.
Como também houve citações que reforçam que por haver um regimento, a instituição de voto secreto em todas as instituições do país, a manutenção da ordem se faz necessária para que não se abram precedentes. Porque quando se abrem precedentes, todos os outros são possíveis.
O voto na Câmara dos Deputados foi secreto, e sem qualquer questionamento, a eleição do Rodrigo Maia.
Só que o mais grave acontecia ali ao lado durante a eleição da presidência do Senado Federal. O Senador Davi Alcolumbre, que presidia a sessão era candidato à presidência da Mesa.
O Senador Davi Alcolumbre chegou a pedir que se abrisse a votação pela escolha do voto aberto ou secreto dos parlamentares. Mas sequer soube formular a pergunta aos seus pares. E diante do constrangimento visível do parlamentar que constitucionalmente não poderia estar ali, houve uma revolta dos parlamentares.
Em meio à confusão, teve um posicionamento que precisa ser levado em consideração: se havia uma mobilização nas redes sociais contra o candidato Renan Calheiros, como questionamento de que se o voto fosse aberto o Renan não alcançaria os votos necessário, como entender uma outra mobilização política para um voto fechado, agora para que existisse a imposição de uma minoria, e que pedia também que prevalecesse a votação por maioria simples, o que favorece a este outro candidato, justamente o que presidia a mesa?
A questão da legitimidade deve ser levada em consideração. Opiniões à parte, como não sabemos as reais intenções dos parlamentares, seja através do voto fechado ou aberto, acredito que seja melhor para nós, como garantia da preservação dos nossos direitos: é melhor seguir e cumprir o que determina a Constituição.
Depois de muitos abalos, o senador pelo Amapá, Davi Acolumbre (DEM), elegeu-se presidente do Senado, 4º cargo mais importante na hierarquia da república. Os que acompanham a vida do Congresso Nacional falam que foi a mais conturbada eleição de todos os tempos.
Ao abandonar a disputa, o velho conhecido da política brasileira, o alagoano Renan Calheiros (MDB), protestou pelos ataques à democracia que ele viu durante o processo, que contou com dois presidentes à mesa, alternativamente. Primeiro foi o próprio Alcolumbre, mas, depois de decisão constitucional do Supremo, assumiu a presidência o decano José Maranhão, MDB/PB.
O Democratas sai muito fortalecido, presidindo as duas casas legislativas, uma vez que o Rodrigo Maia foi reeleito presidente da Câmara Federal. Cientistas políticos afeitos ao dia a dia do Congresso afirmam que isso não vai ficar barato. Que vai ter troco.