João Mello nasceu em 24 de junho de 1921, em Salvador Bahia. Aos três anos de idade já estava morando na cidade de Boquim (SE), de onde veio para a capital sergipana nos anos 30. Estudante do Atheneu Sergipense, recebeu a influência musical do grande amigo Carnera.

O João Mello em seu livro “João Ventura Cidadão de Aracaju”, destacou que no elenco artístico da nova emissora, além do Regional de Carnera, havia grandes cantores e cantoras, como o João Lopes, Guaracy Leite França, Raimundo Santos, o conjunto vocal Águias de Bronze. O próprio João Mello era um dos destaques. Na música clássica tinha o professor e maestro Genaro Plech, fundador do Conservatório de Música de Sergipe, além do maestro Leozirio Guimarães.

João Mello passou a circular nos auditórios das emissoras de rádio e, pouco tempo depois, se tornou o primeiro cantor de rádio sergipano.

Aos 19 anos, foi para o Rio de Janeiro, a convite de Sílvio Caldas. Lá se apresentou, pela primeira vez, na Rádio Tupy, no dia 23 de junho de 1941. Volta a Aracaju para servir ao Exército Brasileiro, sem deixar a rotina das apresentações nas emissoras de rádio, nos clubes e casas da sociedade Aracajuana. João engajou-se politicamente e, em 1950, já casado, sai de Aracaju, mais uma vez. Foi morar em Salvado, onde conheceu o compositor Codó. De lá se transfere para o Rio de Janeiro. E o compositor ganhou o mundo, com músicas gravadas por Sérgio Mendes, João Donato e outros intérpretes da música brasileira.

João trabalhou durante 12 anos na Companhia Brasileira de Discos, que representava os discos Phillips, Polydor e Fontana, como compositor e produtor musical, onde lançou seu primeiro artista, o Jorge Ben Jor. Anos depois, quando esteve em Aracaju, gravei dele, essa declaração: “quando nem eu mesmo acreditava em mim, João Mello acreditou”.

Na década de 70, João Mello foi convidado para trabalhar como produtor na Som Livre. Lá descobriu o cantor alagoano Djavan. Na Som Livre, João Mello também produziu diversos artistas da MPB: Paulinho da Viola, Jorge Ben, Luiz Melodia, Geraldo Azevedo, Baden Powell entre outros. Em 1973, produziu a trilha sonora da telenovela “O Bem-Amado”, a primeira gravada em cores.

Quando comecei a cantar ainda menino, meu pai dizia: Pra cantar tem que ser como João Mello. E ouvia os discos de João muitas vezes. Quando João resolveu se aposentar e veio morar definitivamente em Aracaju, tive o privilégio de me tornar amigo do cantor máximo de Sergipe, Gravamos no meu estúdio Capitania do Som, seu último disco, Coração Só Faz Bater, o qual foi lançado pela Som Livre em 2000.

Meu amigo João Mello foi o primeiro sergipano a projetar o estado no cenário nacional, como cantor, compositor, violonista e, principalmente, como produtor musical. Ele teve a oportunidade de lançar e influenciar grandes nomes da música brasileira.

Maestro Luiz Almeida D’Anunciação, Pinduca, nasceu em 1926, em Propriá, Sergipe. Maestro percussionista, compositor e pesquisador, iniciou seus estudos de música com o seu pai.

De 1955 a 1959, foi Diretor do Departamento de Percussão da Escola Brasileira de Música e responsável pelo naipe de percussão da Orquestra Sinfônica Brasileira. Orientador técnico na implantação do Curso de Percussão da Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul) e consultor da publicação “Instrumentos Musicais Brasileiros” – Projeto Cultural RHODIA (1988) e da Edição Brasileira do Dicionário GROVE de Música.

Luiz Almeida D’Anunciação, ou simplesmente ‘Pinduca’, maestro, compositor e pesquisador, com formação nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia (1956 a 1959). Fez estudos de percussão na Universidade do Colorado, em Boulder, Estados Unidos. Foi aluno de vibrafone de Phill Krauss, em Nova York; de marimba, com José Bethancourt, em Chicago, e estudou percussão cubana com José Helário Amat e Lino Neira Benthancourt, em Havana, cuba  1996.

Pinduca preparou o ‘naipe’ de percussão da Orquestra Sinfônica Brasileira nas excursões à Europa, Estados Unidos e Canadá, sob a direção do maestro Isaac Karabtchevsky.

O Irmão do João Mello, memorialista Raymundo Mello contou que  Pinduca, quando morou em Salvador, tocou na orquestra “Britinho e seus Stukas”. No final dos anos 50, a orquestra foi contratada para o ‘baile de aniversário da Rainha da Inglaterra’, no Clube Inglês. Ora, ‘Stukas’ era o nome que identificava os aviões alemães que fustigavam a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, causando grandes danos, com bombardeios indiscriminados. Lá pelo meio do baile, os ‘Servos da Rainha da Inglaterra’, após alguns whiskys a mais, resolveram atacar a orquestra e partiram contra os músicos, que, aterrorizados, deixaram o salão, na correria, com seus instrumentos. Só o maestro Pinduca permaneceu no palco, protegendo seu instrumento, o piano de cauda – não deu para correr com ele embaixo do braço.