No quinto dia de realização do XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, que acontece em Aracaju, desde o último domingo, 19, no Centro de Convenções de Sergipe, dentro das várias atividades que acontecem simultaneamente, os participantes compartilharam experiências na busca por soluções para o enfrentamento aos desafios relacionadas à gestão dos recursos hídricos no Brasil e no mundo. Nesta quinta-feira, 23, uma dessas atividades foi a mesa-redonda com o tema ‘Bacia-Escola e Educação sobre os Recursos Hídricos’. A programação contou com a participação de especialistas na área, que abordaram a conscientização da população sobre a importância da água, a necessidade de ações educativas envolvendo escola e comunidades, bem como estratégias eficazes para a preservação dos recursos hídricos.
O simpósio está sendo realizado até amanhã, 24, com a participação de mais de três mil participantes do Brasil e da América Latina. A realização é da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro) e o Governo de Sergipe é correalizador do evento.
Um dos debatedores da mesa-redonda foi o diretor de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), Ailton Rocha. Na ocasião, o especialista defendeu o uso da bacia-escola como instrumento de integração entre os governos estaduais e municipais para gestão dos recursos hídricos. “Mais do que nunca, agora com a iminência das mudanças climáticas, em que a gente está convivendo com eventos extremos, a exemplo de seca e inundações, é preciso que essas bacias estejam cada vez mais instrumentalizadas. Então, a bacia-escola pode ser uma ferramenta fantástica de integração entre o Executivo estadual e o municipal, envolvendo, inclusive, as universidades, para trazer os elementos que facilitem ao gestor no processo de tomada de decisão para enfrentamentos dessas crises hídricas”, ressaltou Ailton, ao destacar que há a pretensão de implementação de projeto-piloto de bacia-escola em Sergipe em 2024.
Outro debatedor, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Masato Kobiyama, ressaltou a importância da bacia-escola para conscientização da comunidade. “Hoje nós temos um problema muito sério relacionado à gestão de água, que atinge não somente o pesquisador como também o cidadão. Então a única maneira de educar o cidadão é por meio da escola”, reforçou, ao observar a necessidade de rede de bacias-escola que tragram o envolvimento do Comitê de Bacia, prefeituras, escolas, associação de moradores e institutos e universidades.
Já a professora da Universidade Federal do Paraná, Regina Kishi, aproveitou a mesa-redonda para mostrar algumas experiências de extensão exitosas realizadas junto à comunidade. “Nessas demandas da sociedade com relação à proteção à água e à gestão nós desenvolvemos várias atividades em conjunto junto à comunidade, já que os usuários da água têm que também entender de todos esses processos, a exemplo do seu papel na proteção dos recursos hidrícos”, expôs.
O professor da Universidade Federal do Mato Grosso, Amintas Rossetti, acompanhou a mesa-redonda e elogiou a ação de incluir a temática nos debates do simpósio. “Foi a primeira vez que eu tive conhecimento desse conceito e achei muito interessante, porque a gente precisa cada vez mais tentar aproximar a sociedade das pesquisas hidrológicas, e essa proposta de bacia-escola é muito pertinente nesse processo de aproximar a sociedade desses estudos”, pontuou.
Simpósio
O XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos é considerado um dos maiores eventos da categoria no país e coloca a gestão hídrica no centro das discussões e debates científico-tecnológicos. Neste ano, os debates se pautam pelo tema ‘Água e sociedade: resiliência, inovação e participação’, abordando a união institucional em defesa da água, entre outros assuntos. A programação inclui, além de palestras e apresentação de trabalhos, minicursos, entrega de prêmios e atividades recreativas.
Um dos destaques da edição foi a realização do 1º Fórum Latino-americano da Água, nos dias 21 e 22. O evento visou o fortalecer o diálogo e a integração de processos decisórios e de governança sobre água e saneamento no âmbito dos países latino-americanos, nos contextos político, técnico e institucional. O fórum também teve o propósito de estabelecer redes, interações e agendas de recursos hídricos que contribuam para o desenvolvimento sustentável na América Latina.
Fonte, Secom – Estado.