
Com o objetivo de identificar os principais tensores ambientais que comprometem a integridade da Reserva Ecológica do Tramandaí e reforçar a importância de medidas urgentes de preservação e revitalização, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), promove vistorias técnicas na unidade de conservação.
Em avaliação, percebeu-se que, apesar dos intensos impactos ambientais que assolam a área há décadas, o ecossistema local ainda demonstra sinais de vida e potencial de recuperação.
Criada por meio de um decreto municipal em 1992, a Reserva Ecológica do Tramandaí possui aproximadamente quatro hectares e está localizada na região do bairro Jardins. “Embora não seja formalmente reconhecida dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a área possui características típicas de proteção ambiental, especialmente por abrigar remanescentes de manguezal”, explica a analista ambiental Emanuela Carla.
Desde sua criação, a reserva tem sido impactada por diversos problemas ambientais. Entre os principais, destacam-se o descarte de efluentes domésticos sem tratamento, o acúmulo de resíduos sólidos, a ausência de circulação adequada das águas do Rio Sergipe e o comprometimento do sistema de drenagem local, especialmente na região conhecida como “quatro bocas”. Esses fatores vêm provocando o sufocamento do manguezal, tanto pelo acúmulo de sedimentos, que impede a oxigenação das raízes, quanto pela presença de elementos tóxicos levados pelo esgoto e pelo lixo.
Apesar do cenário preocupante, a última vistoria, realizada na quinta-feira, 7, identificou aspectos positivos que sinalizam a capacidade de regeneração do ecossistema. Foram encontradas plântulas de mangue em desenvolvimento, além da presença de espécies nativas da fauna, o que demonstra a resiliência da biodiversidade local. Mesmo com a competição entre espécies nativas, como o mangue branco e o mangue vermelho, e espécies exóticas introduzidas no local, como o Mata-fome, o Nim Indiano e a Leucena, a área ainda apresenta um notável potencial de recuperação.
Segundo Pedro Menezes, gestor de projetos da Sema, a elaboração de um projeto de recuperação do Tramandaí tem sido uma prioridade. “Reconhecemos a importância do mangue no Tramandaí, especialmente para a resiliência climática de Aracaju, e estamos construindo um grande plano estratégico para a região. Esse plano começa com o mapeamento dos principais desafios enfrentados hoje e, em seguida, parte para o desenvolvimento e implementação de soluções baseadas na natureza. O objetivo é restaurar as funções essenciais desse ecossistema costeiro e, com isso, fortalecer ainda mais a capacidade da cidade de enfrentar os impactos das mudanças climáticas”, explicou.
Fonte, Agência Aracaju de Notícias.