O IAPF também alerta para os casos de envenenamento, ingestão acidental de substâncias e consumo inadequado de medicamentos
O Laboratório de Toxicologia do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) vem realizando centenas de exames e perícias, sempre atendendo às solicitações do Instituto Médico Legal (IML) e de diversas autoridades requisitantes, como a Polícia Civil. Desde o início da pandemia da Covid-19, foram quase mil exames toxicológicos realizados e 620 laudos periciais emitidos entre janeiro de 2020 e junho de 2021. As análises foram referentes às investigações do uso de álcool e drogas em acidentes de trânsito, ocorrência de homicídios ou suicídios provocados por envenenamento ou overdose de drogas e medicamentos e o uso de álcool e drogas em crimes sexuais.
Em 2020, no primeiro ano da pandemia, foi observado um aumento de 11% no número de vítimas com resultado morte em acidentes de trânsito em relação a 2019. Enquanto que no ano passado foram 257 mortes em acidentes de trânsito nas vias e rodovias do estado de Sergipe, em 2019, foram 229 mortes. Já em 2021, apenas entre os meses de janeiro e junho, foram contabilizadas 113 mortes em decorrência de acidentes no trânsito. A realização de exames e perícias de toxicologia, neste período, demonstrou que 54% das vítimas fizeram uso de álcool antes da condução de veículos.
Outro dado preocupante observado pelo IAPF desde o início da pandemia em 2020 até o mês de junho de 2021 foi o aumento no número de mortes provocadas pelo uso de drogas, medicamentos e venenos. Os exames de toxicologia realizados no IAPF neste período demonstraram que 79 pessoas morreram após fazerem uso de cocaína, antidepressivos, tranquilizantes e venenos, a exemplo do “chumbinho”, muito utilizado como raticida em ambiente doméstico. Ainda de acordo com o laboratório de toxicologia do IAPF, 18 pessoas morreram envenenadas, por pesticidas nos últimos cinco anos em Sergipe.
O perito criminal Ricardo Leal destacou que os acidentes de trânsito e a ingestão de substâncias foram os casos com o maior número de perícias feitas pelo Laboratório de Toxicologia Forense no período. “Nós fizemos um levantamento de todos os laudos que foram emitidos. Foi um trabalho muito intenso mesmo diante da pandemia. Os casos que chamaram atenção foram o aumento do número de acidentes de trânsito e a quantidade de mortes após o uso de drogas e medicamentos. Acreditamos que essa quantidade expressiva de mortes por essas substâncias pode ter a ver com a pandemia”, enfatizou.
A perita criminal Carolina Brito revelou que, dentre as situações que causam risco à vida, está o acondicionamento de substâncias perigosas de maneira incorreta. “Além dos acidentes de trânsito, também ocorreram os envenenamentos e os casos associados ao suicídio, além de ingestão acidental, por conta de pesticidas, mas que as pessoas usam como raticidas. O envenenamento que podemos destacar foi o que ocorreu no ano passado em Riachão do Dantas, onde quatro pessoas morreram pela ingestão do Metomil, que é um pesticida apresentado na forma líquida. Isso pode gerar o envase incorreto do produto. O novo envase, inclusive, é proibido”, alertou.
SSP/SE