Lula recebeu Honoris Causa, teve companhia de peemedebistas e viu seu processo ir para as mãos de desembargadores
Lula Pelo Brasil, a caravana do ex-presidente petista, teve mais um dia de atividades no Nordeste, com homenagens e mais polêmicas. Em Arapicara, na Universidade Estadual de Alagoas – Uneal – Lula recebeu mais um título de Doutor Honoris Causa, o segundo nesta semana, pois o primeiro foi concedido durante sua passagem em Sergipe, na cidade de Lagarto.
E uma polêmica envolveu a titulação, uma vez que o reitor da Uneal, Jairo Campos, afirmou ter sido ameaçado de morte em razão da entrega do título ao petista. Ao agradecer a honraria, Lula partiu em defesa do reitor. “Você será lembrado pela coragem com que tem dirigido essa universidade, não só em sala de aula, mas ensinando esses meninos e meninas a terem consciência política da história desse país. Nenhum agressor que te ameaçou tem a dignidade de andar de cabeça erguida nas ruas como você tem”, disse o ex-presidente em seu discurso.
Outro fato polêmico nessa sua passagem por Alagoas foi a presença do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros, ambos do PMDB, cuja a cúpula nacional indica que poderá punir filiados que estiverem no mesmo palanque que Lula durante a atual caravana, a exemplo do governador Jackson Barreto, também peemedebista, que acompanhou o ex-presidente em diversas atividades em Sergipe, no início desta semana.
Vaias e processo
E assim como ocorreu em Sergipe, quando Jackson Barreto foi vaiado em Estância e em Glória, o senador Renan Calheiros, expoente do PMDB, também recebeu vaias do público presente na Uneal, quando seu nome foi anunciado. O peemedebista, porém, não discursou durante o evento, ao contrário de Jackson, que em ambas oportunidades fez o uso da palavra, inclusive discutindo com os manifestantes em Glória.
Por fim, uma notícia vinda do Sul do país, ainda que não tenha sido comentada por Lula e por nenhum integrante de sua caravana, tem ligação direta com as atividades que vêm sendo realizadas, e que, em Sergipe, por exemplo, foram permeadas de insinuações de uma possível candidatura dele à Presidência no ano que vem. É que a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro no caso do triplex, dentro das investigações da Operação Lava Jato, foi distribuída no Tribunal Regional Federal da 4ª Região – TRF4 -, em Porto Alegre, no final da manhã desta quarta-feira, 23.
Como a decisão de Moro foi em primeira instância, agora será necessária sua análise pelo colegiado de desembargadores da 8ª Turma do TRF4, que é a segunda instância para que, caso confirmada, enquadre Lula na Lei da Ficha Limpa, o que impediria sua candidatura. Os desembargadores, num total de três nesta turma, julgarão a apelação da defesa e podem rejeitar, aceitar ou modificar a condenação. Em média, um julgamento no TRF4 demora de 10 a 12 meses, o que pode fazer com que a decisão sobre a possibilidade ou não de Lula ser candidato só saia às vésperas da próxima eleição presidencial.