Vivendo em Nova York, performer fala sobre carreira e futuro

Tendo descoberto sua tendência artística ainda na escola, o sergipano Johnatan Rezende vem construindo uma trajetória sólida no campo das performances. Ator, bailarino, circense e performer, Johnatan está há quatro meses morando em Nova York, onde vem se desenvolvendo profissional e individualmente. Aos 23 anos, o artista tem grandes planos para o futuro. Ao Olho Vivo, ele fala de descobertas e da necessidade de sair da zona de conforto.

Olho Vivo – Como começou a sua trajetória como artista?
Johnatan Rezende – Ainda estou no começo da minha trajetória, me reconhecendo e redescobrindo todos os dias enquanto artista e ser pensante. Porém, desde o Ensino Médio, me percebo interessado pela criação. Ainda na escola, me via liderando apresentações artísticas, até que fui convidado para criar uma coreografia para um espetáculo de uma grande escola. Aceitei o desafio e fui em frente. Em paralelo, no caminho para a escola, eu frequentemente passava por uma casa laranja e imaginava como seria lá dentro. Ao terminar o Ensino Médio, fui até a casa laranja misteriosa, a Casa Rua da Cultura, e me matriculei em uma oficina de circo. Na oficina, percebi o talento para as artes cênicas. Depois, fui convidado para fazer trabalhos artísticos com uma trupe circense. Desde então, posso dizer que tudo aconteceu naturalmente pelos caminhos do Circo, do Teatro, da Dança, da Música e da Performance.

OV – Como surgiu a oportunidade de ir morar em Nova York e o que te motivou a isso?
JR – Ainda enquanto estava no Curso de Formação de Atores e trabalhando com a Cigari, fui convidado para fazer parte da Companhia das Artes Tetê Nahas, que pretendia trabalhar com a linguagem do Teatro Musical. Logo, comecei meus estudos e pesquisas, fazendo aulas de Teatro, Canto e Dança. Foi aí que comecei a me apaixonar pela Broadway e pela Big Apple. Tempos depois, no Centro Cubos de Dança, participarmos de um festival, o Ballace. Ali, tive a surpresa de receber uma bolsa de estudo para um curso de verão na Jofrey Ballet School, uma das melhores escolas de dança de Nova York. O que mais me fascinou para que eu decidisse vir morar aqui foi o fato de poder ter produção de experiências todos os dias. Basta sair de casa para conhecer pessoas de várias partes do mundo, conhecer uma nova cultura e uma forma diferente de lidar com o mundo e com a vida. A Big Apple é a cidade das possibilidades, tem espaço para todo mundo ser e fazer o que quiser.

Performer afirma que Aracaju sempre esteve em seus projetos (Foto: Zalberto)

OV – O que você vem aprendendo por aí?
JR – Ao fazer a performance “Vista-me de Poesia” no Central Park, percebi o quão grande era o lugar em que estava, porque no meu corpo tinham escritos de vários idiomas. Hoje, morando aqui, posso dizer que Nova York é uma cidade-evento. A produção artística é algo que vai além do que posso explicar. Durante esses quatro meses, tenho conhecido muitas coisas sobre o mundo, as pessoas, as relações, as artes e sobre mim mesmo. Estar dançando na Alpha Omega Theatrical Dance Company, estar fazendo aulas de Inglês na Columbia University e fazer aulas de diversos estilos e linguagens nas melhores escolas do mundo é incrível. Contudo, o mais incrível é poder se descobrir na multidão, poder criar questionamentos e procurar respostas o tempo inteiro. Isso tem feito com que eu cresça não apenas como artista, mas como indivíduo.

OV – Como é a experiência de morar em um país como os Estados Unidos, sobretudo sendo latino e negro?
JR – Morar nos Estados Unidos requer uma grande dose de paciência e sapiência. É preciso estar em dia com todas as documentações, para que tudo ocorra dentro da lei. Falar um bom inglês também é fundamental. Quanto ao preconceito, a separação racial é clara. Porém, em meio a tudo isso, existe o empoderamento. Nova York é uma das capitais mais cosmopolitas do mundo. Por ser latino, eu poderia me confortar em estar entre os latinos. Por ser negro, eu poderia me confortar em estar apenas dentro da cultura negra afro americana. Eu poderia, ainda, conviver apenas com os brasileiros. Porém, eu não quero me confortar. Quero desafiar a mim mesmo, estando em lugares que de certa forma não me pertencem, consumindo conhecimento diverso. Para isso, preciso enfrentar os desafios que me foram condicionados e não permitirei jamais ser novamente colonizado.

OV – Quais os seus projetos para o futuro?
JR – Aracaju nunca deixou de estar nos meus planos e projetos. Tudo que eu vier a aprender, não será apenas para o meu deleite. Acredito que compartilhar conhecimento é essencial, seja na minha cidade natal ou em qualquer outro lugar do mundo. Os planos para Aracaju, para o bairro onde cresci, não são poucos. No momento, preciso estudar, conhecer, aprender muito para que um dia esses projetos possam sair da minha cabeça de forma coesa e madura e, assim, eu possa contribuir para a formação de novos pensantes.

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