*Por Amanda Prata
Grande parte dos brasileiros tem dificuldade para dormir e este problema se acentuou com a pandemia de covid-19. Uma pesquisa publicada na Sleep Epidemiology e realizada por cientistas da USP e Unifesp pouco antes do início da pandemia mostrou que 65,5% da população já relatavam problemas relacionados ao sono. E outro estudo realizado durante a pandemia (novembro de 2020 a abril de 2021), pela Associação Brasileira do Sono, constatou que este número havia saltado para 72,7% da população.
A insônia também pode ter característica genética, conhecida como insônia primária, ou pode acontecer sem nenhuma causa associada, chamada de insônia psicofisiológica. Nesse caso, ocorre um estresse canalizado para a hora do sono, em que a pessoa qualifica o sono como um momento difícil do seu dia e passa a se preocupar com a hora de dormir, achando que não vai conseguir adormecer.
Muitas pessoas que lutam contra a insônia, mais cedo ou mais tarde, recorrem a algum tipo de remédio para dormir. No entanto, um estudo com mais de 34.000 adultos sugere que, ao invés de medicamentos, exercícios são a melhor saída.
“Observamos que as pessoas que estão em melhores condições físicas têm um risco menor de tomar pílulas para dormir”, disse Linda Ernstsen, professora na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Os resultados do estudo foram publicados na Mayo Clinic Proceedings.
O levantamento revisou os dados dos participantes da Pesquisa de Saúde Trøndelag da Noruega (HUNT), que desde 1984 já analisou 240 mil pessoas, com quatro rodadas de estudos realizados até o momento. “Quase 5.800 dos participantes receberam sua primeira medicação para dormir durante o período do estudo”, contou Linda.
Isso significa que aproximadamente 17% dos problemas de sono dessas pessoas eram sérios o suficiente para justificar uma receita médica. Mas os participantes que estavam em melhores condições físicas usaram menos desses medicamentos prescritos. Notou-se, também, que o efeito benéfico do exercício é mais forte para os homens do que para as mulheres. Os resultados mostram que os homens mais aptos tiveram um risco 15% menor de necessidade desses fármacos para insônia.
“Nossas descobertas apoiam a ideia de que melhorar ou manter o condicionamento físico pode ser uma alternativa eficaz para prevenir problemas de sono”, afirmou Linda. Por ser um trabalho extenso, os pesquisadores concluíram que essas descobertas devem influenciar os conselhos de sono que os médicos devem dar a seus pacientes.
Em caso de dúvidas consulte seu farmacêutico.
*Amanda Prata – Farmacêutica graduada pela Universidade Federal de Sergipe em 2007, Especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2015