
Com altos índices de depredação no período junino de 2024, setor de transporte alerta sobre prejuízos e consequências do crime
Sergipe é considerado o ‘país’ do forró, e nos meses dos festejos juninos essa consagração ganha vida no solado das botas de quem está no estado. As ruas ficam mais coloridas, e as cidades da Grande Aracaju ainda mais convidativas. Contudo, o que deveria ser apenas motivo de festejo revela um problema: o expressivo aumento dos casos de vandalismo no transporte público, comprometendo inclusive a mobilidade de quem deseja aproveitar a tradição das cidades.
No ano passado, entre os meses de junho e julho, em apenas uma das empresas que prestam o serviço de transporte público em Aracaju e região metropolitana, foram registrados mais de 20 casos de vandalismo. Ainda em 2024, o setor teve um prejuízo de mais de 37,7 mil reais, referente ao investimento necessário para reparar a depredação dos veículos, um custo que, ao ser incluído no cálculo tarifário, pode contribuir para o aumento no valor da tarifa.
“O ato de vandalismo no transporte afeta diretamente o passageiro que utiliza o serviço. Quando um veículo é depredado, ele precisa retornar à garagem, a fim de não expor os passageiros a qualquer risco ao seu bem-estar. Além de impactar a distribuição da frota, essa ação criminosa também prejudica os passageiros que utilizam os ônibus de forma adequada, pois o expressivo custo anual gerado por esses atos pode influenciar no cálculo tarifário, com possibilidade de ser adicionado no reajuste da passagem”, explica a presidente do Setransp, Raissa Cruz.
Mesmo com o aumento considerável dos casos de vandalismo nos períodos festivos, o crime é recorrente durante todo o ano, gerando transtornos e receio nos passageiros que estão dentro do veículo. Somente este ano, no período de janeiro a abril, foram contabilizados mais de 34 casos.
Breno Souder é estudante de jornalismo e já presenciou um caso de vandalismo, acompanhado de agressão ao motorista, causando transtornos e pânico aos passageiros que estavam dentro do veículo. Ele relata com detalhes o que aconteceu.
“Uma vez, na Barão de Maruim, vi dois jovens entrarem no ônibus e pularem a catraca. Na Adélia Franco, eles deram sinal para descer, mas o motorista passou do ponto, sem querer. Revoltados, começaram a xingá-lo com palavras de baixo calão, pularam de novo a catraca para a parte da frente e o agrediram com socos. Os passageiros, apavorados, pediam para o motorista abrir a porta. Quando ele conseguiu, os agressores desceram, pegaram uma pedra e quebraram o vidro do ônibus, o mesmo que poderia servir aos próprios familiares deles. Para mim, o vandalismo exige uma resposta firme do poder público”, explica o passageiro.
Além do crime de vandalismo, outro problema recorrente no transporte público e que se agrava nos períodos festivos são os pulos de catraca. No ano passado, foi registrada uma média de 2 mil pulos diários no mês de junho, o que interfere diretamente na identificação da demanda de passageiros.
“Quando acontece o pulo de catraca, as empresas não conseguem registrar a quantidade exata de passageiros das linhas. Isso provoca uma distorção na distribuição da frota, o que pode resultar em superlotação e atrasos na prestação do serviço. Isso ocorre porque, todas as vezes que alguém pula a catraca, essa pessoa não é identificada como passageira nos registros, sendo contabilizada uma quantidade menor do que a real”, relata o diretor da Viação Atalaia, Emmanuel Lima.
Consequências dos crimes
Quem comete deterioração no transporte público pode enfrentar prisão e multa, de acordo com o artigo 163 do Código Penal Brasileiro. A pena pode variar de seis meses a três anos de detenção. Já o artigo 176 do Código Penal estabelece como fraude o ato de utilizar-se do meio de transporte sem dispor de recursos necessários para efetuar o pagamento, o que pode resultar em pena de detenção de 15 dias a 2 meses, ou multa.
Por Assessoria de Comunicação