Fibromialgia, lúpus, mal de Alzheimer. São três doenças que assustam muita gente e são abordadas na campanha Fevereiro Roxo, desenvolvidas por instituições públicas de saúde e entidades médicas relacionadas à geriatria e à medicina paliativa. Criada em 2014 por médicos de Minas Gerais, e logo adotada em todo o Brasil, ela tem o objetivo de chamar a atenção do público para a adoção de cuidados e práticas que melhorem a qualidade de vida dos pacientes, bem como o diagnóstico precoce em relação a estas doenças, que são condições de longa duração e ainda não têm cura. “Se não houver cura, que ao menos haja conforto” foi um dos primeiros lemas da campanha.

“O Fevereiro Roxo é crucial para aumentar a conscientização sobre estas doenças crônicas, promovendo a educação sobre seus sintomas, tratamentos e a importância do diagnóstico precoce. Esta campanha incentiva o apoio às pessoas afetadas e destaca a necessidade de pesquisa para melhores tratamentos e possíveis curas”, diz o médico geriatra e paliativista Jerocílio de Oliveira Júnior, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), pontuando que, embora não sejam as únicas, o Alzheimer, a Fibromialgia e o Lúpus estão entre as doenças crônicas mais conhecidas e discutidas.

“Cada uma afeta as pessoas de maneiras diferentes, impactando significativamente a qualidade de vida. Elas são assim classificadas porque afetam a pessoa por um tempo prolongado, muitas vezes durante toda a vida, e podem exigir manejo contínuo, não sendo curáveis de imediato”, explica o geriatra.


Jerocílio de Oliveira Júnior,  médico geriatra e paliativista

A incidência destas doenças no Brasil poderá crescer com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, o que vem preocupando os especialistas de saúde. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que cerca de 1,2 milhão de pessoas têm Alzheimer e outros 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Já a Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que mais de 65 mil pessoas tenham lúpus, em sua maioria mulheres com idade entre 20 e 45 anos. E os pacientes com fibromialgia podem ser em torno de 2,5 milhões, de acordo com um estudo publicado em 2018 pelo Brazilian Journal of Pain (BrJP), revista científica da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).

Jerocílio esclarece que não existe um ‘sintoma-padrão’ para estas doenças crônicas, pois cada uma delas se manifesta de forma diferente. O mal de Alzheimer afeta principalmente a memória e outras funções cognitivas, degenerando o sistema nervoso e, na fase mais avançada, causando a paralisia gradativa de todas as funções mentais e corporais. O lúpus, por sua vez, é uma doença autoimune crônica que provoca excesso de produção de anticorpos, podendo afetar a pele, articulações, rins e outros órgãos, enquanto a fibromialgia provoca dor generalizada nos músculos e tendões, podendo se desdobrar em transtornos como ansiedade e depressão.

Qualidade de vida

As três doenças ainda não possuem possibilidades claras de cura, apesar de a comunidade científica estar no momento com várias pesquisas em andamento, buscando tratamentos mais eficazes, com foco em melhorar a qualidade de vida dos pacientes e controlar os sintomas.

“Existem tratamentos específicos para as doenças crônicas, incluindo medicamentos, terapias físicas, mudanças no estilo de vida e suporte psicológico. O objetivo é controlar os sintomas, prevenir complicações e manter a qualidade de vida”, diz o professor, acrescentando que a empatia e o apoio são fundamentais para lidar melhor com as pessoas que têm essas doenças, “É importante oferecer compreensão, ajudar nas atividades diárias quando necessário e incentivar o acompanhamento médico. Ouvir e validar os sentimentos da pessoa também são aspectos cruciais”, orienta.

Existem no momento muitas outras doenças crônicas identificadas, como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, entre outras, sendo que cada uma delas tem suas características e formas de tratamento. As causas podem variar amplamente, levando em conta fatores genéticos, estilo de vida, ambientais e outros que podem contribuir para o desenvolvimento dessas condições. “Embora nem todas as doenças crônicas possam ser prevenidas, adotar um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de desenvolvê-las. Isso inclui uma alimentação equilibrada, exercícios regulares, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, e controlar o estresse”, orienta Jerocílio.

 

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