Capitaneado por escola da Rede Pública Estadual e com suporte do Governo de Sergipe, II Feconart reúne 56 projetos de 11 escolas e três municípios, formatando desenvolvimento nas áreas de ciência, cultura e inovação
Até esta quinta-feira, 21 de setembro, o município de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, é a capital de um novo polo científico em desenvolvimento no estado. A cidade sedia a segunda edição da Feira de Ciências, Cultura e Arte (Feconart), nascida em 2022 pelo trabalho do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Brito. Com 56 projetos inscritos e a participação de 11 colégios da rede pública e privada de Canindé, Poço Redondo e Monte Alegre, o evento se constroi, desde a primeira edição, como ponto de partida para que o trabalho científico de Sergipe alcance o Brasil e o exterior.
Os projetos, subdivididos entre Ensino Fundamental e Médio, se inscrevem nas categorias Bancada e Palco em oito áreas temáticas: Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais e Aplicadas; Engenharia e Linguística, Arte e Letras. Na primeira edição, 51 projetos foram inscritos, com a participação de duas escolas parceiras. Três mil visitantes, incluindo estudantes de Alagoas, passaram pelo Dom Juvêncio para ver de perto os trabalhos da primeira feira.
De acordo com a professora Lark Soany, que compõe a equipe organizadora do evento, o intuito da feira é despertar vocações e trazer aos alunos a oportunidade de construir conhecimento de forma interdisciplinar, criativa e baseada no trato de problemas reais.
“Com a Feconart, conseguimos propagar a iniciação científica aqui no alto sertão sergipano. Temos um trabalho de aproximadamente cinco anos para chegar a esse patamar. O sentimento é de gratidão, de que estamos no caminho certo, transformando vidas. Começamos a fazer trabalhos não só na área de ciências naturais, mas também na área de humanas, sociais e biológicas. Temos projetos dos mais diversos, com alunos desde os 6 aos 18 anos, e cada vez mais os meninos se inspiram nos que já estão desenvolvendo pesquisas e viajando pelo país”, afirma Lark.
Para a diretora do Dom Juvêncio, Rúbia Virgínia de Albuquerque, o alto sertão tem se tornado um local em expansão no que diz respeito ao desenvolvimento científico. “Nossa região está se tornando uma referência, a partir dos nossos projetos. Hoje, temos 36 projetos da nossa escola e mais 20 projetos de escolas parceiras. No ano passado, tínhamos só duas escolas. Esse ano, o número aumentou bastante, com escolas do município e do estado. É muito gratificante saber que a gente iniciou esse processo fazendo o simples, que é estimular nossos alunos”, enfatiza.
Projetos
Maria Júlia Gomes, 10 anos, é aluna do 5º ano da Escola Estadual Teotônio Alves China. Ao lado das colegas Sabrina Rocha, de 10 anos, e Vitória Rocha, de 11, ela é autora do projeto ‘Pequenos cientistas’, que apresenta espécies nativas para serem visualizadas no microscópio. Vinda de Poço Redondo, a equipe participa pela primeira vez do evento. “A gente queria mostrar um pouco da nossa região, de perto”, explica Maria Júlia. “É muito boa essa feira, uma coisa nova para a gente. E é bom pra gente pensar em novas carreiras”, acrescenta Vitória.
Mikaelly Cabral Alves tem 15 anos e é aluna do 1° ano do Ensino Médio no Dom Juvêncio. Ela é uma entre as integrantes do projeto ‘DropFumèe’, que utiliza um composto fitoterápico para auxiliar no processo de abstinência do tabagismo. Estreando na feira como expositora, a equipe acredita que o evento tem o potencial de fomentar a inovação. “Nosso projeto é uma bala, que utiliza a erva de São Jorge e a hortelã. É muito interessante poder estar aqui, entre tantos projetos. Estou um pouco nervosa, mas é bom poder apresentar o estudo que a gente fez e desenvolver ciência”, pontua. Além dela, assinam o projeto as alunas Giseli Silva, Maria Eduarda Silva, Maria Eduarda Melo e Yzadora Silva.
Veterano da feira, Alberto Jorge Franco Vieira tem 15 anos e é aluno do 1° ano do Ensino Médio no Dom Juvêncio. Tendo participado com outro projeto na primeira edição da Feconart, Alberto trouxe desta vez o ‘Biotech’, que propõe a produção de biogás a partir do esterco. “Fizemos um biodigestor usando material sustentável e de baixo custo, para ajudar na economia mundial. É muito bom um evento desses, porque aumenta o conhecimento da cidade e da região. Todos nós e os professores fizemos um grande esforço para essa feira acontecer. Então, é uma satisfação muito grande”, resume. Além de Alberto, os alunos Pedro Henrique Oliveira, Pietro Guilherme Santos, Rafael José Carvalho, Nikolay Moraes, Thómas Feitosa, Jamisson Alves e Wesley Conceição fizeram parte do projeto.
Diógenes Rodrigues, de 17 anos, é estudante do 3° ano do Dom Juvêncio. Integrante do projeto ‘Farma Sertão’, Diógenes já viajou por diversos estados brasileiros levando a iniciativa para eventos científicos. No ano passado, o aluno participou da Feconart na qualidade de expositor. Em 2023, ele participa da feira como coorientador de um dos projetos. Para Diógenes, fazer parte dessa história é um privilégio.
“O projeto que estou coorientando junto com a professora Lark é o ‘HiperApp’, que busca ajudar no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH). A equipe me escolheu para ser coorientador, e isso me deixou muito feliz, porque mostra que eu estou influenciando de uma forma positiva. Eu sou desse colégio, e estou contribuindo com o lugar de onde vim”, ressalta.
A visitante Roseane Gomes, de 49 anos, veio direto de Poço Redondo para conhecer a Feconart. Para ela, o evento enriquece a região. “Estou gostando muito. É bom, porque traz desenvolvimento para Canindé e para as cidades vizinhas. Virei nas próximas”, garante.
Programação
No primeiro dia de Feconart, o evento foi iniciado às 13h, com a cerimônia de abertura. Das 13h às 17h, os estandes ficaram abertos à visitação. Das 18h30 às 22h, foi a vez das apresentações de palco.
Durante toda a quarta-feira, 20, os estandes ficam abertos à visitação. O horário é das 8h às 22h, com intervalos das 11h30 às 13h e das 16h30 às 18h. Já na quinta-feira, 21, das 8h às 11h30, ocorre a visitação aos estandes e a premiação do Ensino Fundamental. A solenidade de encerramento e a premiação dos demais projetos, restrita à comunidade escolar, acontecem das 16h às 22h.
Feconart
A Feira de Ciências, Cultura e Arte surgiu a partir de um desejo da equipe do Dom Juvêncio em dar vazão aos diversos trabalhos de iniciação científica desenvolvidos na unidade escolar desde 2018. O Centro de Excelência foi contemplado no edital de feiras de ciências escolares do Governo de Sergipe, conduzido via Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) e da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec).
Os projetos científicos desenvolvidos no Dom Juvêncio já participaram de 27 feiras, mostras e outros eventos desde 2018. Os trabalhos já passaram por estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Alagoas. Em outubro, o Centro representará Sergipe no Peru, durante a Mostra Científico Latino-americana. A Feconart também é filiada à Feira Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), considerado o maior evento da categoria na América Latina.
Fonte: Agência Estado de Notícias – SE