A família de Cleilton Feitosa Godoi, de 34 anos, já contratou um advogado para acionar a Justiça. Ele faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) sob suspeita de homicídio culposo por negligência médica. A viúva vai processar a médica, o Hospital de Urgência e o Governo do Estado. São dois processos: um penal, por crime contra a vida, e um outro civil, para reparação de danos morais com pedido de indenização. O Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.
O Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Saúde, declarou que “em se tratando de suspeita de homicídio, é imprescindível que os familiares que estavam presentes na hora do atendimento compareçam ao MPE para detalhar a dinâmica dos fatos e, se confirmados, será instaurada uma investigação criminal”.
A presidência do Conselho Regional de Medicina/Sergipe informou que questionamentos relacionados a um caso concreto deverão ser encaminhados através de denúncia devidamente fundamentada, instruída e assinada conforme preceitua o Código de Processo Ético-Profissional.
Preenchidos os requisitos, o conselho instaurará sindicância para apuração do caso e, ao final, a Câmara de Sindicância poderá decidir pela instauração de Processo Ético-Profissional, com direito ao contraditório nos termos do art.5º da CF/1988. O Conselho registra e fiscaliza estabelecimentos de saúde que prestam serviços médicos em todo estado de Sergipe, conforme resoluções do CFM 2010/2013 e 2056/2013.
SOFRIMENTO E ABANDONO
“Meu deus do céu. Alguém me ajude. Eu tô morrendo aqui. Não aguento mais não…Tô suando. Tô morrendo. ” Essas foram as últimas palavras de Cleilton, que implorou por atendimento dentro do Hospital de Urgências num vídeo gravado pela família, que será utilizado pelo advogado Vladimir Almeida, nos processos que serão instaurados na Justiça sergipana.
A viúva de Cleilton Feitosa Godoi, Edilene Silva relembrou que ele chegou no hospital sentindo muito cansaço e dores torácicas. “Aplicaram morfina nele”, lamenta Edilene, acrescentando que “depois da medicação o quadro dele se agravou e as dores aumentaram. Cleilton não tinha ingerido bebida alcoólica nem consumido substância química em casa. Ele partiu segurando minha mão no momento em que a enfermeira aplicava a medicação”.
O desespero de Edilene pela perda do marido aumenta com um problema social que se agrava. Ele era autônomo e atualmente a viúva se encontra desempregada, sem condições financeiras para sustentar os cinco filhos. Confessou à reportagem do CINFORM que não sabe como serão seus próximos dias de subsistência ao lado dos filhos.
“Depois disso o levaram e informaram que ele teve uma convulsão, mas eu sabia que ele já tinha falecido. Me deixaram o tempo todo sem informação. Eu quero que a justiça seja feita”, declara.
Por ironia do destino, Cleilton morreu no lugar onde trabalhou por quatro anos. Ele prestou serviços para o Hospital de Urgência, contratado como terceirizado da Transur. Depois que deixou a empresa foi trabalhar como autônomo e não era contribuinte da Previdência Social.
A médica que o atendeu continua trabalhando no hospital, saiu da ala vermelha e foi transferida para ala verde. De acordo com o Huse, foi aberta uma sindicância administrativa para apurar se realmente houve negligência no atendimento.