Erasmo Barros Rodrigues*

Amarela é a cor do mês presente e traz consigo um tema delicado, muito sério e que deve ser discutido, conhecido e prevenido: o suicídio.

O Setembro Amarelo é o mês que tem a Campanha Mundial de Prevenção do suicídio. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e entidades relacionadas, conselhos de saúde e de profissões da área, além de muitas outras entidades, se juntam nessa campanha, e ela e seu objetivo merecem cada vez mais atenção de todos.

Dados de 2014 informados pela OMS, do primeiro relatório mundial sobre o tema, indicam que aproximadamente a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, e no Brasil a cada dia chegam a ocorrer 32 mortes por esse ato. São 800 mil ocorrências mundialmente e 12 mil somente em nosso país por ano, superando outras grandes causas de morte como diversos tipos de câncer e cardiopatias, essas que estão entre as principais causas de falecimento em nossa população. O número de mortes por suicídio supera em alguns países o número causado por homicídios, guerras e desastres naturais.

O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, o que levou a escolha do mês para intensificação das ações. Esse dia foi “trazido” para o Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Aqui as ações da campanha se ampliaram e ganharam apoio de muitas outras instituições e ocorrem em escolas, universidades (acontecendo além dos cursos de saúde), hospitais, centros de saúde e UBS’s, igrejas, associações de comunidades e também através de outros meios de comunicação e redes sociais. A divulgação de informações auxilia na prevenção. Informações sobre palestras e ações em geral, além de textos e cartilhas podem ser encontrados em diversos sites de instituições, como IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio https://www.iasp.info/ ; ABEPS http://www.abeps.org.br/; e no CRP Sergipe (Conselho Regional de Psicologia) http://www.crp19.org.br/index.html. Outros links estão disponíveis no final da matéria.

As pessoas que escolhem realizar esse ato geralmente são acometidas por algum Transtorno Mental ou desordem psíquica (Cerca de 90% dos casos segundo a OMS), em sua maioria Transtornos do Humor como Depressão e suas variações nosológicas. O agravamento dessa condição psicológica e/ou a ocorrência de algum episódio específico negativo podem desencadear a suicidalidade, pois quem sofre com esses transtornos pode acreditar que não há solução para seus problemas e sofrimento, e ver a morte como única opção, embora não seja. A pessoa que fala, mesmo que superficialmente, sobre a possibilidade de retirar a própria vida, merece muita atenção. O indivíduo com ideação suicida deve ser escutado e acolhido. Buscar amparo social, família, amigos, relacionamentos e ajuda profissional psicológica e psiquiátrica são opções para prevenção e tratamento. Ainda segundo a OMS, nove em cada dez suicídios podem ser prevenidos, caso os sinais e sintomas sejam percebidos por pessoas próximas e profissionais. Muitas pessoas com ideação suicida têm sentimentos ambivalentes quanto a tirarem a própria vida, já que o objetivo geralmente é parar de sofrer, e não morrer.

Psicólogos e psiquiatras são profissionais especializados na compreensão e tratamento do comportamento humano e sofrimento psíquico, e podem tratar pessoas com ideação suicida e/ou que já tentaram o ato. Além desses profissionais, muitos outros como os operadores da enfermagem, médicos em geral, assistentes sociais, conselheiros, educadores e a imprensa têm papel fundamental no acolhimento, manejo e prevenção. A OMS disponibiliza manuais de prevenção específicos para diferentes áreas profissionais. A imprensa, por essa ser um massivo meio de informação e influenciador da população, tem um papel importante, pois a forma como as mortes por suicídio são noticiadas pode influenciar tanto na prevenção, quanto na possibilidade de novas ocorrências. O contágio social (Efeito de Werther, termo criado pelo Sociólogo americano David Phillips em 1974, que será melhor apresentado em outra matéria futuramente), pode ocorrer por um evento mal noticiado. Existe um protocolo direcionado para os profissionais da imprensa sobre como noticiar um suicídio, que busca minimizar consequências negativas, informando como divulgar, e como não divulgar.

Não sensacionalizar nem romantizar o ato; não detalhar a morte, o que vale para fotos e vídeos; e não mostrar a ação como uma solução para os problemas, são exemplos do que não se fazer ao noticiar. O que preocupa muito hoje é a facilidade de acessar e propagar essas informações sem qualquer cuidado, por exemplo, através de redes sociais. É frequente a divulgação de mensagens com vídeos e imagens de pessoas mortas ou morrendo, em alguns casos por suicídio. (Isso será melhor discutido quando falarmos sobre o Efeito de Werther).

Ações preventivas fazem parte de protocolos e outros instrumentos utilizados para prevenção e ação em situações de crise. Existem também serviços 24 horas que disponibilizam ajuda em caso de dúvidas e ideação suicida, como o CVV (Centro de Valorização da Vida, link: https://www.cvv.org.br/). O contato pode ser feito por telefone, através do número 141, ou pelo site.

Ainda existe muito preconceito com o ato e com as vítimas, e esse é mais um grande motivo para discussão e aprendizagem acerca do tema. Transtornos mentais, sofrimento psíquico e suicídio não são ações para chamar a atenção, nem estratégias de chantagem, referem-se a pessoas que estão sofrendo. Trata-se de um tema de extrema importância.

A perda dessas pessoas causa muita dor e sofrimento para os familiares e amigos das vítimas, e as marcas que ficam e a falta são permanentes.

Links: CVV (Centro de Valorização da Vida, link: https://www.cvv.org.br/;

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde: http://www.paho.org/bra/ e http://www.who.int/en/

ABEPS – Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio: http://www.abeps.org.br/;

IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio: https://www.iasp.info/;

CRP19 – Conselho Regional de Psicologia – Sergipe: http://www.crp19.org.br/index.html;

*Erasmo Barros Rodrigues é psicólogo clínico, utiliza a linha TCC (Terapia Cognitivo Comportamental) em sua atuação em Aracaju e Propriá. Além disso é terapeuta e palestrante.

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