Com o título “Educação brasileira dá voz ao estudante e revoluciona ensino médio”, o jornal Folha de São Paulo publica uma matéria ilustrando o Projeto de Vida do Colégio Estadual Delmiro Britto

É hora de virar a chave. Após anos de debates, escolas de todo o país começam a pôr em prática uma verdadeira revolução na educação brasileira. O novo ensino médio, aprovado em 2017, já começa a virar realidade em vários estados e traz mudanças significativas para alunos, professores e gestores: ampliação da carga horária, a incorporação da educação profissional e tecnológica como uma das opções do currículo do ensino médio regular e o direito de o estudante escolher o seu itinerário formativo entre cinco opções – as quatro áreas do conhecimento e a formação profissional.

“É uma verdadeira revolução na educação, estamos virando uma chave, a partir de agora o estudante poderá fazer escolhas e essa é uma mudança e tanto”, afirma Isabella Santos, coordenadora do ensino médio de Sergipe.

Pela nova lei, a escola terá de oferecer a seus alunos a possibilidade de escolher entre os itinerários formativos: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional. Isso significa que, além das disciplinas tradicionais, o jovem define um itinerário e pode se dedicar mais às matérias que têm relação com seus interesses.

A possibilidade de a educação profissional e tecnológica fazer parte do currículo do ensino médio regular é uma das principais novidades. Para especialistas, esse é um passo importante para conter a evasão escolar, já que o aluno terá a chance de concluir o ensino médio e, ao mesmo tempo, se qualificar para o mundo do trabalho.

Mas não é só isso. Um dos maiores objetivos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é tornar a escola mais conectada com a vida real e mais atraente para os jovens. Para alcançar esse objetivo, é preciso dar voz aos estudantes e ajudá-los a desenvolver senso crítico e empatia, entre outras chamadas habilidades importantes para o mundo do trabalho, que irá usar ao longo de toda a sua vida profissional e pessoal. E, qualquer que seja sua escolha, fazer o aluno entender que o aprendizado tem de ser constante.

Cursos Técnicos

Em Sergipe, a secretaria da Educação buscou parcerias para apoiar sua equipe técnica na elaboração de currículos, formação de professores e definição dos cursos profissionalizantes que mais se conectam com as necessidades do estado e o interesse dos alunos.

Com o apoio do Itaú Educação e Trabalho, foi feito um mapeamento das áreas em que o estado mais necessita de profissionais capacitados. Esse trabalho, diz Isabella, ajuda na criação de cursos mais efetivos e que façam sentido tanto para os estudantes como para a realidade econômica de Sergipe. “O que nós estamos fazendo agora é o link entre os arranjos produtivos do estado e a escolha dos alunos”.

Mato Grosso do Sul também trilhou o mesmo caminho. O estado desde 2007 já integrava o ensino médio e o curso técnico, mas agora, com a nova lei, o aluno não terá de ficar tanto tempo na escola porque a formação profissional passou a ser um dos itinerários formativos do ensino médio. “A reforma possibilita ao estudante ter acesso ao ensino técnico sem sobreposição de conteúdo, como acontecia antes”, afirma Davi Oliveira Santos, coordenador do ensino médio e educação profissional do Mato Grosso do Sul. Mas para isso, destaca, é preciso que os professores estejam bem articulados para garantir uma formação integral.

Para ajudar na formação dos educadores para essa nova forma de encarar o ensino, Mato Grosso do Sul também buscou o apoio do Itaú Educação e Trabalho. “Essa parceria nos ajudou a reformular os cursos de informática e de serviços jurídicos. Os professores que participaram desses cursos agora são multiplicadores e estão estendendo essa formação a docentes de toda a rede”, diz.

O Itaú Educação e Trabalho, que integra a Fundação Itaú para Educação e Cultura, apoia projetos que valorizem a inserção digna dos jovens no mundo do trabalho e fortaleçam o ensino profissional e tecnológico como uma etapa na formação profissional desses estudantes, trabalhando em parceria com as secretarias de Educação de vários estados.

Davi afirma que a experiência de Mato Grosso do Sul mostra que as novas diretrizes dão certo. Ele lembra que a secretaria da Educação faz uma avaliação externa da rede, paralela ao Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico), e os resultados mostram que os alunos que optaram por conciliar o ensino médio regular e o profissional têm melhor desempenho do que os demais colegas. “Para ele, o aprendizado faz mais sentido e, quando vê sentido no que faz, não para mesmo diante dos maiores desafios.”

Projeto de Vida

Para ajudar os alunos a escolher qual itinerário faça mais sentido ao seu perfil, as escolas precisam criar condições para que eles saibam fazer essas escolhas. Um dos principais pilares para isso é a disciplina projeto de vida.

“A ideia é estimular o aluno a descobrir não apenas o que quer, mas quem ele é e o que pode fazer para mudar o que está ao seu redor”, explica a professora Carla Silveira Menezes, que dá aulas na cidade de Canindé de São Francisco, no interior de Sergipe.

Professora de educação física, Carla passou por cursos de formação para se preparar para a nova tarefa. São duas aulas por semana, em que os alunos são instigados a refletir sobre si mesmo e sobre a importância dele para a sociedade.

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