Tudo que o Brasil não precisava, em momentos tão cruciais para a estabilidade emocional do seu povo, era de egos em chamas, numa malsinada fogueira de vaidades, onde a autoestima de cada um quer prevalecer sobre o equilíbrio de uma nação.
Não é necessário cursar Ciências Jurídicas para se saber que a decisão monocrática de um ministro do STF, para barrar a indicação de um nome escolhido pelo presidente da República, para ocupar um cargo de sua confiança, está claro como a luz do sol que não é uma diretriz constitucional e menos ainda uma ação republicana.
Não cheguei a esta conclusão à toa. Acompanhei, no decorrer da semana, noticiários de rádios; li diversos artigos, escutei comentaristas renomados e juristas em blogs; assisti noticiários de televisão, mesmo daquela rede decidida a remover, custe o que custar, nos aspectos ético e técnico de jornalismo, o presidente eleito por quase 60 milhões de brasileiros.
Não fosse formado por homens de moral ilibada, daria para imaginar que o STF também se alia à chamada grande mídia, ao lado de eminências do Congresso Nacional, numa perversa força-tarefa muito bem alinhada para bloquear qualquer chance de governabilidade por parte de Bolsonaro.
A grande mídia, esquecida, vergonhosamente, do seu papel de imparcialidade, e do dever de noticiar fatos relevantes e de interesse nacional, serve-se de prosaicos deslizes do presidente para explorá-los, por intermináveis e chatos minutos de repetição diária, como se fosse o fim dos tempos, uma hecatombe nuclear.
Imagine só: uma autoridade desautorizar o presidente da república de nomear um Diretor-Geral da Polícia Federal, alegando tratar-se de um seu conhecido, como se fosse natural nomear um desconhecido para ocupar um cargo de confiança. Quem tem a mínima noção de gestão pública sabe que isso não ocorre nem no Brasil e nem no mundo. O que ocorre é colocar-se um desconhecido, quando indicado como partilha de cargos, para atender interesses políticos, raramente ligados ao interesse público.
Honrando seus compromissos de campanha, Bolsonaro tenta cortar essa política tradicional do toma-lá-dá-cá, que todos os brasileiros já conhecem e sabem como como termina. Está aí o caso recente dos bilhões de dólares surrupiados da Petrobras, por saqueadores indicados no compadrio político-partidário.
Quem acompanha política sabe o quanto Lula resistiu, no seu primeiro mandato, para se livrar dessa máfia que habita as altas esferas do poder em Brasília. Ele aguentou exatamente esse tempo que Bolsonaro está resistindo. Então, inteligente como ele é, precisou aliar-se ao PMDB e outros, em nome da governabilidade.
Dilma, no segundo mandato, também tentou livrar-se dessa maldição. Tanto lutou que terminou impedida por essa mesma somação de forças do mal, que estraçalha o Brasil há décadas, contando sempre com as lufadas de desinformação da pungente grande mídia.
Só resta ao capitão uma recuada estratégica, buscando aliar-se a partidos fortes, porque, qualquer frase solta, qualquer afirmação espontânea, podem ser colhidas de um contexto mais amplo para atirar mais lenha nessa fogueira de vaidades. Afinal, todos querem alguns minutos de fama na grande mídia televisiva, e entrar na partilha do butim.