A Conferência do Clima (COP 30), que está ocorrendo em Belém (PA), era uma das grandes apostas do governo do presidente Lula (PT) para sua campanha à reeleição em 2026, mas na prática a impressão é que “entrou água” não apenas nos sonhos do petista, como também na expectativa gerada em torno do evento. Lula transferiu a capital do Brasil para Belém (PA) com projeto político bem definido, e os investimentos previstos para o evento ultrapassam R$ 7 bilhões.

Mas, na prática, o evento não correspondeu a proporção dos recursos investidos. Vieram à tona problemas estruturais, denúncias de superfaturamento e dispensas de licitações (algo comum para nós brasileiros), mas tudo isso era superado se a COP 30 fosse sucesso de representatividade internacional, se do ponto de vista ambiental o evento acumulasse êxitos, mas a participação de apenas 57 chefes de Estado, a menor desde a reunião de 2019, diminui as expectativas sobre o encontro aqui no Brasil.

Primeiro porque, segundo os analistas do assunto, três das potências que mais emitem gases do efeito estufa (Estados Unidos, China e Índia) não participaram da COP 30, ou seja, por mais que haja o esforço entre alguns líderes, dificilmente nós teremos fortes mudanças nos próximos anos. Isso independente de quem governa o Brasil. A crítica aqui é pelo volume absurdo do investimento para trazer um evento, que afronta completamente a realidade da região Amazônica, por exemplo.

Estamos falando em bilhões gastos para receber líderes mundiais em uma região que é carente há décadas de saneamento básico, da atenção do Estado. Mas o “militante” ou “adorador”, em defesa do governo, vai dizer que o povo do Pará foi beneficiado com a COP 30. Algumas obras realmente mudam a configuração e podem trazer avanços, mas, na prática, algumas estruturas se tornam “elefantes brancos”, sem grandes relevâncias para a sociedade local.

Não custa lembrar que há meses já se arrastava uma polêmica com os preços abusivos cobrados pelas diárias de hotéis, que chegaram a ameaçar até a realização do evento em Belém, gerando críticas até de aliados do governo Lula. É bem verdade que, na reta final para o início do evento, após tantas polêmicas e ações judiciais, os preços foram reduzidos, mas principalmente porque a demanda era muito maior que a procura, chegando a pouco mais de 50% de ocupação em alguns hotéis.

Do ponto de vista ambiental, não custa lembrar que muito pouco do que fora estabelecido (e prometido financeiramente) no “Acordo de Paris” (2015) virou realidade. Estamos falando de 10 anos passados! Imagine o que esperar de uma COP no Brasil sem as presenças de grandes líderes mundiais? É evidente que o governo Lula vai usar toda a sua estrutura, inclusive boa parte da “grande mídia” para valorizar o evento de demonstrar otimismo com o futuro.

Mas também é aceitável que parte do Mundo olhe a COP 30 com desconfiança, muito mais pelas ausências, pelo processo de transformações geopolíticas que o globo terrestre atravessa, do que propriamente pelos bilhões investidos em Belém em um evento que tem uma “agenda verde”, mas que de “plano de fundo” tenta potencializar o governo brasileiro e criar uma “narrativa” favorável para o palanque petista do próximo ano, assim como foi feito na Copa do Mundo de 2014, aqui no Brasil.

A “FLOP 30” – batismo crítico que ganhou o território livre da internet diante do fiasco iminente pela ausência de grandes líderes mundiais – carregará como principal pauta a “Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas”, que foi assinada por 43 países e pela União Europeia, associando o “social com o verde”, ou seja, o documento trata do combate à desigualdade junto com a adaptação climática, mas, convenhamos, tem País mais “desigual” que o Brasil?

É uma “retórica” que choca com a nossa própria realidade! Temos problemas sociais crônicos, sem o compromisso, a atenção do Estado, sem os investimentos de uma COP 30, mas nosso País tenta estabelecer um movimento político e ambiental para fazer este enfrentamento no Mundo? É evidente que algo precisa ser feito, que tudo é importante, mas o que é fundamental para nós, brasileiros? A diplomacia internacional e o suposto protagonismo ou as transformações efetivas? Sairão do papel?

 Por Habacuque Villacorte da equipe CinformOnline.

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