No último sábado, 04, foi celebrado o Dia Mundial de Combate à Obesidade. Falar sobre o assunto tem sido cada vez mais importante, pois a população está cada vez mais acima do peso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2025, aproximadamente 167 milhões de pessoas – adultos e crianças – ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas.
Mas, além dos números e das consequências que a obesidade traz à saúde física, a data também chama a atenção para discutir sobre o preconceito que essas pessoas sofrem em seu dia a dia. Pesquisas realizadas Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia(SBEM) e pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) mostram que 85% das pessoas com obesidade já sentiram algum tipo de constrangimento por conta do excesso de peso.
Sobre a gordofobia, conversamos com a professora da Faculdade São Luís de França, a professora Jamile Caroso, que explicou o que significa o termo. De acordo com a profissional, a gordofobia é caracterizada pelo preconceito com pessoas gordas. Se refere ao comportamento de pessoas que julgam a pessoa gorda como inferior ou mesmo agem com desprezo com ela pelo simples fato de ela estar acima do peso.
Jamile Caroso: “ambientes não estão preparados para acomodá-las: assentos em transporte público, em escolas, hospitais, avião e etc”
“Não podemos negar que a obesidade existe. Se fosse fácil emagrecer, a obesidade não estaria aumentando no mundo inteiro. É preciso que toda a sociedade se engaje em tratar a questão com respeito e empatia, para que possamos promover saúde, de fato. Mas infelizmente o que vemos hoje é a forte culpabilização e julgamento do indivíduo por ele ser gordo, quando na verdade sabemos que a obesidade tem causas multifatoriais como genética, questões hormonais, sociais, econômicas, comportamentais etc”, destacou a nutricionista.
A professora da FSLF, também cita algumas dificuldades enfrentadas por pessoas gordas como, por exemplo, ambientes que não estão preparados para acomodá-las: assentos em transporte público, em escolas, hospitais, avião etc. “Também é observada a dificuldade de encontrar roupas que se adequem ao seu tamanho. Todas estas questões passam uma mensagem subliminar que o indivíduo tem que se adequar ao ambiente e não o contrário”, afirmou.
Segundo Jamile Caroso, as consequências da gordofobia são desastrosas para pessoas que têm obesidade, afetando sua saúde mental, sua vida social e em alguns casos podendo até levar à morte, como aconteceu com um jovem paciente que morreu na porta de um hospital em São Paulo por falta de uma maca que pudesse transportá-lo. “A gordofobia também pode afastar pessoas gordas da busca por atendimentos de saúde pelo preconceito sofrido dentro destes serviços. Isso ocorre quando não há equipamentos que comportem a pessoa ou mesmo quando ela chega a um consultório/hospital e já é julgada pelo seu peso antes mesmo de ser avaliada. Ou seja, o ambiente que era pra ser acolhedor, muitas vezes é o primeiro a gerar o preconceito”, relatou.
E o preconceito começa desde cedo na vida de quem sofre com a obesidade, estudos mostram que crianças com obesidade possuem menos amigos, vão pior na escola, são mais infelizes com sua aparência, querendo ser cada vez mais magras, entrando numa busca desenfreada pelo emagrecimento que muitas vezes desconsidera totalmente a saúde.