Por Suyene Correia/redacao@cinformonline.com.br

Egbé, na língua yorùbá, significa uma comunidade que luta por um objetivo em comum. Assim, a dupla João Brazil e Luciana Oliveira uniu-se a outras pessoas com o mesmo pensamento de divulgar as produções de diretores negros do Estado, bem como oportunizar ao público local, a possibilidade de conhecer outras cinematografias dessa natureza e criaram a Egbé- Mostra de Cinema Negro de Sergipe.

Agora, na sua 4ª edição, que acontece de 06 a 12 de abril, a Egbé cresceu, trazendo para o público interessado nesse nicho cinematográfico, uma programação diversificada em atividades, como Masterclass, oficinas, seminários, exibições de filmes e bate-papo com os realizadores.

Segundo Luciana Oliveira, produtora e idealizadora da Mostra, foram apenas três dias de programação na primeira edição da Egbé. Ao longo do tempo, devido a uma demanda surpreendente, a Mostra de Cinema Negro foi crescendo e ganhando visibilidade, Brasil afora. “A primeira edição do festival contou com apenas três dias de ações e tivemos um público impressionante, no Centro Cultural de Aracaju. Na época, homenageamos o ator Severo D’Acelino, que inclusive, dá nome ao nosso troféu. No segundo ano, já aumentamos a duração do festival para uma semana e começamos a implantar oficinas, seminários. Agora, decidimos inserir Masterclass”, explica.

Foram programadas duas Masterclass dentro da Egbé. A primeira aconteceu no dia 29, no SESC/centro e esteve sob a responsabilidade de Everlane Moraes. Na ocasião, ela abordou sobre a “Interdisciplinaridade no Cinema”. Já a segunda acontecerá no dia 06 de abril, das 14h30 às 18h30, no Centro Cultural de Aracaju e será proferida pela Profa. Dra. Janaína Oliveira (IFRJ) que abordará o tema “Cinema Africano Pela Descolonização das Telas”.

A proposta é traçar um panorama dos primeiros tempos da história do cinema africano, passando pelo colonialismo e a organização do mundo visível; a experiência cinematográfica nas colônias britânicas e francesas da África Subsaariana; os primeiros filmes anticoloniais e os pioneiros do cinema africano e o início da era do cinema de mégotage e cineclubismo e os primeiros festivais. Quem quiser participar dessa Masterclass, basta fazer a inscrição pelo link https://docs.google.com/…/1FAIpQLSearUfQ5hg2gYCnlM…/viewform . Haverá emissão de certificado aos participantes.

A cineasta Everlane Moraes, grande homenageada dessa edição, ainda realizará uma oficina, de 9 a 11 de abril, no SESC/Centro, intitulada “O Cinema e o Espelho: da Colonização dos Corpos a Descolonização do Olhar”. Segundo Moraes, ela “passeará” pela história da evolução técnica e de linguagem do Cinema- com foco no documentário- a partir de sua associação com outras áreas do conhecimento: História, Filosofia, Política, Antropologia Visual e com outras linguagens artísticas, a exemplo da Pintura e da Literatura.

“Para a parte prática do programa, vou conversar com os alunos sobre a concepção e realização dos meus filmes. E é aqui, onde conversarei sobre as decisões práticas que o documentarista se enfrenta no momento de filmar”, explica a cineasta, que estudou na Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de Los Baños, em Cuba. 

Outra novidade, dessa 4ª edição da Mostra de Cinema Negro, é o seminário sobre “Políticas Públicas e Ações Afirmativas” que acontecerá no dia 08 de abril, às 15h, no auditório do DCOS/UFS e contará com os convidados Cássio Murilo (Funcaju), Viviane Ferreira (APAN) e Daniela Fernandes (Dimas/BA).

Para Luciana Oliveira, “esse seminário é de suma importância porque reúne numa mesma mesa, realizadores e gestores públicos que contarão suas experiências no setor, a fim de que comece a se pensar sobre políticas públicas para o audiovisual sergipano e que os editais se mantenham através de leis”.  A inscrição para o seminário com certificado de 4 horas, deve ser feita através do SIGAA (www.sigaa.ufs.br).

Mostra Oficial

De um universo de 200 filmes inscritos, foram selecionadas 60 produções no formato de curtas-metragens para a Mostra Oficial, sendo que as exibições ocorrerão na sala de projeção do curso de Cinema e Audiovisual (UFS), das 9 às 11h30 e na sala de exibição do Centro Cultural de Aracaju (Praça General Valadão- Centro), no período vespertino (das 15 às 18h) e noturno (a partir das 19h).

Haverá também exibição de filmes africanos, dentro de uma Mostra de Cinemas Africanos, como é o caso de “Soko Sonko” (Quênia/EUA), “Farewell Meu Amor” (Tanzânia/EUA) e “Taharuki” (Quênia) todos do realizador Ekwa Msangi. Também serão exibidos dois longas-metragens convidados: a produção baiana “Revolta dos Búzios” de Antonio Olavo, que será exibido, na noite do dia 10 de abril e “Temporada” do cineasta mineiro André Novais que será exibido no dia 12 de abril, às 19h30, ambos no Centro Cultural de Aracaju.

Toda a programação da 4ª edição da Mostra de Cinema Negro de Sergipe é gratuita. O evento é uma realização da Cine Candeeiro, em parceria com a Cacimba de Cinema e Video e Rolimã Filmes e conta com o apoio da Funcaju, através do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPDOV), do DCOS/UFS, Cine Mais UFS e PPGCINE/UFS.

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