Já há alguns dias que o Estado de Sergipe vem apresentando uma reversão do movimento da curva de casos e óbitos por Covid-19. Segundo dados da Universidade Federal de Sergipe (UFS), houve uma redução de 43,6% de casos novos, 34,8% menos internações e 36,7% menos óbitos. De acordo com o coordenador da Força-tarefa Covid-19, professor Lysandro Borges, essa desaceleração se deve a dois fatores importantes. “O primeiro é que por 91 dias o Estado permaneceu com alta incidência da Covid-19, o que gerou uma alta taxa de contaminação RT acima de 1, e muitas pessoas pegaram a doença e se recuperaram, algo em torno de 25% a 30% da população”, disse.
Segundo ele, tem 40,44% da população vacinada em primeira dose, o que confere também uma imunidade parcial. “Quando você soma 40,44% + 30% de imunidade natural, dá em torno de 70,44% de imunização. Isso consegue segurar temporariamente a circulação do vírus, fazendo com que haja uma queda de casos e óbitos. Vale lembrar que essa imunidade natural dura em média cinco meses, então gente vai precisar acelerar a vacinação para imunizar essas pessoas recuperadas, porque eles também precisam ser vacinados e com isso produzir o dobro de anticorpos”, comenta.
Professor Lysandro Borges
Lysandro lembra que será necessário acelerar a primeira dose, convertê-la em segunda dose, para chegar em 75% da população vacinada. “Com isso, o vírus deixa de circular e não haverá mais mortes no nosso Estado. No estudo realizando em Serrana/SP, quando a imunização atingiu 75% da população vacinada, em segunda dose, ocorreu uma redução drástica de casos e óbitos porque o objetivo da vacina não é evitar a contaminação. O vacinado pode pegar Covid-19, pode transmitir, o vacinado ele só não morre com a mesma taxa do não vacinado”, ressalta.
“Pode ocorrer mortes entre vacinados? Sim. Como ocorre morte na população geral que recebeu outras vacinas. A vacina não é uma blindagem, a vacina é como um colete à prova de balas. Em uma analogia, a vacina não impede que você tome o tiro [o vírus]. A vacina não deixa a pessoa evoluir para a gravidade, não deixa a pessoa morrer. Eventualmente, uma pessoa que tenha outras comunidades, pode, mesmo vacinada, ir a óbito”, afirmou.
Manter os cuidados
O Diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES) , Dr Marco Aurélio, comemora o recuo da Covid-19 no Estado, mas lembra que a população deve continuar com todos os cuidados. “Esse recuo nos dá um alívio, mas temos que continuar com todos os cuidados de distanciamento social, uso de máscaras e lavagem constante das mãos para que possamos, junto com o avanço da vacinação, constatar números cada vez menores de casos, internamentos e mortes. E estar atento ao momento de ser vacinado, assim como não deixar de tomar a segunda dose daquelas vacinas em que há a indicação”, disse.
Dr Marco Aurélio
Ele informa que a SES não tem doses suficientes para a antecipação de vacina e que existe uma recomendação para que os municípios priorizem a vacinação daqueles que tem 12 semanas da aplicação, no caso da Astrazeneca/Fiocruz. “Mas, se o município já vacinou todos nesse limite, podem vacinar a partir da 10º semana (70 dias). De forma concreta, no momento, não temos doses para a antecipação, a vacinas estregues para a D2 já estão nesse prazo de aplicação. Mas os estudos demonstram que a partir da 10° semana a eficácia é semelhante até a 12ª semana entre as doses dessa vacina”, Pontua.
A população precisa continuar usando as máscaras
Terceira Onda
O professor Lysandro Borges alerta para o risco da terceira onda de contaminações, principalmente pela cepa Delta que já está causando uma nova onda na Europa e Estados Unidos. “Como lá a vacinação já está acima de 50%, a onda de casos não acompanhou a onda de óbitos. No Brasil a gente tem um grande problema que é uma taxa de vacinação em segunda dose muito baixa”, explica o professor.
“Em Sergipe, nós estamos com 40,44% na primeira dose e 13,78% na segunda dose. Então, no caso da cepa Delta chegar em nosso Estado, e causando uma terceira onda, a população está correndo sério risco. A gente precisa ter, com a segunda dose, 75% ou mais da população vacinada, para em caso da cepa Delta predominar, ela não vai aumentar óbitos. Vai aumentar casos, com certeza, principalmente nos mais jovens que ainda não estão totalmente imunizados. mas, se a população estiver fragilizada em relação à segunda dose, como é o caso do Brasil, as mortes irão acompanhar os casos”, alertou.